Empregadores têm ganhos reais 12,5% menores no RN

1 de janeiro de 2013

Notícia publicada no caderno Economia da Tribuna do Norte:

Enquanto os trabalhadores potiguares tiveram ganhos reais de rendimento nos últimos anos, os ganhos reais dos empregadores – formais e informais – caíram 12,5% entre 2000 e 2010 no estado, passando de R$ 5.020 para R$ 4.392, em média, no período. No Brasil, o recuo foi um pouco maior – ficou em 18,6% – descontada a inflação. A análise é do economista Ivanilton Passos e foi feita com base em dados do Censo 2000 e 2010.

As perdas registradas pelos empregadores não são exclusivas do RN: No Brasil, elas chegam a 18,6%. (Foto: Junior Santos)

As perdas registradas pelos empregadores não são exclusivas do RN: No Brasil, elas chegam a 18,6%. (Foto: Junior Santos)

Fatores como infraestrutura precária, falta de mão-de-obra especializada, sistema tributária complexo, reduzidos investimentos públicos e privados e burocracia excessiva, segundo ele, poderiam ter reduzido a margem de lucro das empresas, e afetado, consequentemente, o rendimento dos empregadores no estado. Marcelo Queiroz, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo no Rio Grande do Norte (Fecomércio/RN), concorda com a análise. Segundo o presidente da Fecomércio no estado, um conjunto de fatores – entre eles o elevado custo para produzir e distribuir mercadorias, conhecido como Custo Brasil – pode ter impactado os ganhos reais dos empregadores no estado.

Ivanilton evita fazer qualquer projeção, mas aponta algumas saídas. “É preciso criar um ambiente de negócios mais favorável, estimular a competitividade das empresas nos mercados nacional e internacional, reduzir os custos de transação, facilitar o acesso ao capital, apoiar as exportações, incrementar a produtividade, a inovação tecnológica e o empreendedorismo”, enumera.

Segundo Ivanilton, só a carga tributária brasileira passou de 25,2%, em 1991, para 36% do Produto Interno Bruto – soma de todas as riquezas produzidas pelo país – em 2011, onerando ainda mais os empregadores. Ele defende uma ‘reforma tributária urgente’ e critica a tendência dos governos em repassarem aos empregadores despesas e encargos de responsabilidade parcial ou total do poder público.

Ivanilton também defende um maior estímulo a formalização. “É preciso que se incentive a formalização dos empregadores do estado e do país, dando ênfase aos programas de incentivo à economia popular e solidária, além de apoiar os empreendedores e cooperados, adequando a legislação”, afirma. Provável reflexo da redução das margens de lucro das empresas, a queda nos ganhos reais dos empregadores se reflete principalmente no consumo dos empregadores.

A equipe de reportagem tentou entrar em contato com o presidente da Federação das Indústrias no RN, Amaro Sales, para saber o impacto da queda do rendimento, mas ele não atendeu as ligações.

Trabalhadores recebem 22% a mais, em média

Enquanto os empregadores perdem, o trabalhador potiguar está recebendo, em média, 22,08% mais do que recebia no ano 2000. Os dados também fazem parte do Censo 2010 e foram divulgados na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que concluiu a análise das estatísticas referentes a Educação, Deslocamento, Trabalho e Rendimento.

Segundo os dados, o rendimento médio mensal dos trabalhadores ocupados no Rio Grande do Norte passou de R$ 862,10 para R$ 1.052,47 entre 2000 e 2010 – um crescimento real (já descontada a inflação do período) de 22,08%. Entre as razões para o crescimento da renda estão fatores como aumento do salário mínimo, ampliação nos postos de trabalho, e avanço da formalização de empresas no país.

Aldemir Freire, economista e chefe do IBGE, ressalta que foram os grupos de menor rendimento os que registraram maior crescimento na renda do trabalho. Quem recebia R$ 98,86 em 2000, por exemplo, passou a receber R$ 121,04 – um crescimento de 22,44%. Já quem recebia R$ 6.810,88 em 2000 passou a receber R$ 7.331,47 em 2010 – um crescimento de 7,64%. A tendência, segundo Aldemir Freire, é que a renda continue subindo nos próximos anos. “A regra permanente é que o salário mínimo continue subindo e a geração de postos de trabalho e formalização de negócios continuem avançando”, afirma.

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