Greve dos agentes traz insegurança no presídio provisório

3 de maio de 2012

TÁ ROLANDO DE  tudo no Presídio Provisório Raimundo Nonato, na Zona Norte de Natal. São quase 400 homens fazendo o que querem e bem entendem dentro da unidade. E a situação está assim, na base do “liberou geral“, desde o sábado passado, quando os presos se revoltaram em razão da paralisação de advertência deflagrada pelos agentes penitenciários.

Como as visitas sociais foram suspensas no fim de semana que passou – já que não havia ninguém para revistar as mulheres dos detentos – a quebradeira foi inevitável. Cadeados foram arrombados e as grades das celas arrancadas das paredes. Resultado: Drogas e aparelhos celulares surgiram aos montes.

“A gente não aguenta mais. Somos mal tratados e nossas mulheres humilhadas. Aqui tá pior que um chiqueiro”, reclamou um dos presos, ao conversar com a reportagem pelo celular. “Doido é quem entra aí. Ninguém sabe como tá a situação lá dentro. Uma equipe de filmagem subiu na guarita pra filmar lá de cima e os presos jogaram pedras no cinegrafista”, revelou um dos policiais militares que não quis se identificar.

Na manhã de ontem, dia de visita íntima, as mulheres dos presos chegaram a ensaiar um protesto em frente ao presídio (foto Ney Douglas)

Na manhã de ontem, dia de visita íntima, as mulheres dos presos chegaram a ensaiar um protesto em frente ao presídio. Algumas, inclusive, ameaçaram jogar pedras, mas desistiram quando receberam a notícia de que a visita seria enfim liberada.

“Isso não existe. Os agentes se recusam a fazer a revista e a gente é quem sofre”, esbravejou uma jovem, dizendo que muitas das mulheres, incluindo ela, vêm do interior e gastam muito com passagens. “É um absurdo. A gente vem de longe e quando chega aqui é essa palhaçada”, acrescentou uma gestante. Outra mulher, que também não quis se identificar com receio de alguma reprimenda, acrescentou que no sábado passado foi impedida de entrar e ainda sofreu deboches dos agentes.

Para reverter a situação e acalmar os ânimos, o comando da Polícia Militar enviou reforço para a conferência dos alimentos levados pelas mulheres dos internos e policiais femininas se encarregaram da revista íntima. Apesar de a entrada das companheiras ter sido liberada, nenhum policial ou agente entrou nos pavilhões. Por questão de segurança, as equipes de reportagem também foram impedidas de se aproximar dos corredores e pavilhões.

“Ninguém vai entrar. O Estado não dá segurança para os agentes trabalharem. Nenhuma unidade prisional do Rio Grande do Norte possui estrutura digna”, disse Vilma Batista, presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do RN (Sindasp/RN)

RISCO DE FUGA É IMINENTE

O risco de acontecer uma debandada no Presídio Provisório Raimundo Nonato é iminente. Na madrugada de ontem, inclusive, uma fuga foi abortada. A situação foi constatada pelo coordenador de Direitos Humanos da Associação dos Cabos e Soldados da PM, cabo Jeoás Santos.
“Os policiais militares que estavam nas guaritas viram quando alguns presos arremessaram para fora do muro uma corda improvisada
e avisaram aos agentes. Vinte e cinco viaturas foram enviadas para o local, mas nada foi feito para resolver a situação dentro do presídio. Lá existe um alto risco de fuga, pois são poucos agentes para conter quase 400 presos. E o trabalho da guarda está sendo prejudicado, pois eles têm que se preocupar com a guarda externa e interna”, disse Jeoás.
Ainda na manhã de ontem o NOVO JORNAL constatou que uma das quatro guaritas do presídio está desativada, pois não há policiamento suficiente para ocupar os postos de observação.

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