Notícia publicada na Tribuna do Norte:
Todos os dias, o garoto Paulo Silva, de 14 anos, sai de manhã do barraco onde vive, no assentamento Anatália, localizado no bairro Guarapes, Zona Oeste de Natal, e vai até a lan house para atualizar seu blog. Do outro lado da cidade, em Mãe Luiza, um grupo de adolescentes se reúne para fazer vídeos da vida no bairro, relatos que são disponibilizados para o mundo através da Internet.
Os dois casos ilustram uma nova realidade: o número de brasileiros que utilizam a Internet aumentou em todas as classes, especialmente nas mais baixas. No RN, 12,9% dos potiguares acessavam a Internet em 2005, número que passou para 36,5% em 2011, representando uma variação de 220%.
No Brasil, o percentual de pessoas no grupo sem rendimento e com até um quarto de salário mínimo que acessaram a Internet aumentou de 3,8%, em 2005, para 21,4%, em 2011. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Paulo vive num casebre simples, feito de pedaços de compensado. As ruas do assentamento Anatália são de chão batido e a separação entre as moradias é feita com cercas de arame farpado. A luz chega através de ligações clandestinas.
A condição financeira de Paulo impede que ele tenha computador, mas não representa um obstáculo para que ele possa interagir com o mundo digital. “As pessoas que não tem Internet em casa podem acessar na lan house”, avalia. No caso dele, o acesso é liberado por um casal proprietário de uma das lan houses do Guarapes.
Abordando temas que vão desde a cobertura policial até trânsito, novelas e assuntos da própria comunidade, o portalpaulosilva.com tem uma média de 400 acessos diários. “Já cheguei a ter 700 em um dia”, conta Paulo, orgulhoso.
Ele também criou uma página no Facebook chamada Blog O Guarapes, espaço que serve para a interação dos internautas do bairro. “O pessoal divulga festas, publica fotos do Guarapes e divulga coisas”, diz Paulo. A página somava 267 curtidas até o fechamento desta edição.
Em Mãe Luiza, oito jovens contam com a Casa do Bem para montar sua própria TV. Com câmeras em mãos e muitas ideias na cabeça, a TV do Bem busca mostrar o que há de bom na comunidade. Eles fazem coberturas de eventos, campanhas de arrecadação e ações de conscientização sobre temas de saúde que vão parar no Youtube e no Facebook. “A Internet é o nosso espaço”, afirma a editora Ilana Pinto, 17.
Para o editor Flávio Silva, de 16 anos, a Internet é sinônimo de conhecimento. Com a ferramenta, ele aprendeu a editar vídeos sozinho. “Baixei os programas e me virei. Sem a Internet, não teria essa oportunidade”, conta.
A experiência também ajudou Maria Lúcia Rodrigues, de 17 anos, a definir a futura profissão. “Eu já pensava nisso antes, mas passei a ter certeza com a TV do Bem. Quero ser repórter”, relata.
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