Notícia publicada no portal NE10 Rio Grande do Norte:
Os médicos potiguares aderiram à mobilização nacional “Vem para a rua pela saúde”, que vai ocorrer em todo o Brasil na próxima quarta-feira (3). A categoria promove uma paralisação geral nos atendimentos na rede pública, por 24h, e sai às ruas em protesto contra a vinda de médicos estrangeiros para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS) sem o Revalida, exame federal que atesta a capacidade do profissional.
A manifestação em Natal segue a orientação nacional, após o anúncio da Associação Médica Brasileira (AMB), junto com outras entidades médicas, se posicionando contrária a decisão do Governo. A concentração da marcha na capital potiguar será às 10h, na Associação Médica do Rio Grande do Norte (AMRN), de onde os médicos seguem em caminhada até o hospital Walfredo Gurgel, o maior do Estado.
De acordo com o projeto do Ministério da Saúde, anunciado pela presidente Dilma Rousseff em cadeia nacional de rádio e televisão no dia 21 de junho, os médicos estrangeiros virão para atuar no interior do Brasil, no entanto, não precisarão passar pelo chamado “Revalida”. A medida foi anunciada pelo Governo Federal como solução para reduzir o déficit no atendimento médico em unidades públicas de saúde.
A categoria médica brasileira ressalta que não é contra a atuação de médicos estrangeiros, desde que eles façam o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos, elaborado pelo Ministério da Educação. Segundo dados do ministério, em 2012, dos 884 inscritos no Revalida, apenas 77 foram aprovados, dos quais 42 são brasileiros que se formaram em outros países.
Para o o presidente da AMRN, Álvaro Barros, a entrada de médicos de outros países pode prejudicar a saúde da população e não é uma solução definitiva. “O que nós precisamos é melhorar a infraestrutura em todos os sentidos, dos hospitais e postos de saúde, pois temos profissionais para trabalhar, no entanto sem condições adequadas para atender a população”, disse.
Ainda segundo Álvaro Barros, o Governo quer mudar o foco do problema que poderia ser minimizado com concurso público e criação de uma carreira médica. Ele explica que desta forma proposta pelo, os profissionais médicos estarão vindo de “maneira ilegal”. “Quem vai atestar a capacidade desse médico? Se ele cometer um erro médico qual órgão será responsável por julgá-lo? Nós brasileiros, temos o Conselho Regional de Medicina (CRM), acrescenta.
As principais reivindicações da categoria, frente ao cenário atual no qual se encontra a medicina e a saúde brasileiras, são: a criação de carreira de estado, realização de concurso público e um melhor financiamento para a saúde.
O presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e também do Sindicato dos Médicos no RN (Sinmed RN), Geraldo Ferreira, também destaca que a iniciativa põe em risco a saúde das pessoas.
“Afinal a quem o Governo quer entregar a saúde da população? Não podemos colocar médicos para atender a saúde do povo sem sabermos se eles têm conhecimentos e competências para diagnosticar doenças típicas brasileiras. Esses médicos não entenderão as demandas dos pacientes, não falarão nossa língua e o pior, não saberemos a procedência nem o nível de qualificação destes profissionais”, alertou Ferreira.
Após a manifestação na rua, às 19h, será realizada uma assembleia com os médicos do Estado para avaliar o dia de paralisação e decidir os próximos passos. A plenária acontece no auditório do Sinmed RN.
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