Daniel Turíbio

Daniel Turíbio é jornalista da agência Smartpublishing Mídias em Rede. Já trabalhou com mídia impressa, rádio e assessoria de comunicação. Reside em Natal/RN.

Medida contra construtora não compromete projetos no RN

3 de janeiro de 2013

Notícia publicada no caderno de Economia da Tribuna do Norte:

A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil suspenderam a contratação de novas propostas de financiamento da MRV Engenharia. A medida foi adotada após a construtora entrar novamente para o cadastro de empresas e pessoas autuadas por exploração de trabalho análogo ao escravo. A suspensão não compromete os projetos já em execução no Rio Grande do Norte.  Procurado pela TRIBUNA DO NORTE, o Banco do Brasil não confirmou a suspensão, mas confirmou que, assim como a Caixa, é signatário do Pacto pela Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, e que cumpre rigorosamente  o estabelecido na portaria que trata da inclusão de empresas infratoras no cadastro de empregadores que submetem trabalhadores a condições análogas às de escravos.

Chain, diretor comercial da MRV Nordeste, explica que problema foi com empresas terceirizadas. (Foto: Divulgação)

Chain, diretor comercial da MRV Nordeste, explica que problema foi com empresas terceirizadas. (Foto: Divulgação)

A suspensão, segundo informou a assessoria de comunicação da Caixa e da construtora, não atinge diretamente os clientes. Estariam suspensos por tempo indeterminado apenas os financiamentos feitos pela construtora. Segundo a Caixa, apenas os novos créditos ficam suspensos. Os empreendimentos já contratados terão seu curso normal para liberação das parcelas e para o financiamento para os compradores das unidades habitacionais.

Esta não é a primeira vez que a MRV Engenharia fica impedida de contrair empréstimos na Caixa. O mesmo ocorreu em em agosto de 2011, quando a construtora entrou para a ‘lista negra’ do Ministério do Trabalho e Emprego pela primeira vez. Na época, o grupo “reagiu prontamente a esta injustiça e obteve a retirada em pouco mais de 30 dias do nosso nome deste cadastro do Ministério do Trabalho”, informou Yuri Chain, diretor comercial da MRV para a regional Nordeste, em entrevista publicada no último domingo pela TRIBUNA DO NORTE.

Nem os bancos nem a construtora quiseram comentar os prejuízos da suspensão. Em nota, a MRV reconheceu o problema e informou que “está tomando todas as medidas e ações cabíveis para promover a exclusão de seu nome do referido cadastro e prestar os devidos esclarecimentos necessários junto aos órgãos competentes e ao mercado em geral, o que inclui a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil”.

De acordo com a companhia, a inclusão no cadastro do MTE foi fruto de uma fiscalização ocorrida no canteiro de obras do Spazio Cosmopolitan, em Curitiba – obra concluída em junho de 2011 e já habitada. As irregularidades encontradas no canteiro de obras não foram detalhadas. A construtora atribuiu a responsabilidade a uma empresa terceirizada e informou que “assim que tomou conhecimento do fato descredenciou esse terceiro e procedeu medidas que garantissem aos trabalhadores todos seus direitos e condições adequadas de trabalho”.

“Em primeiro de março de 2011 foi firmado junto a Procuradoria Regional do Trabalho de Curitiba o TAC (termo de ajustamento de conduta) número 363/2011 em que a empresa V3 Construções Ltda, então contratada pela MRV, se responsabilizou por todas as infrações levantadas pela fiscalização ocorrida em fev 2011. Neste TAC, a V3 Construções assumiu todos os compromissos para a regularização das condições de trabalho de seus operários. Assim sendo, a MRV não foi diretamente responsabilizada pelo fato que gerou a sua inclusão no cadastro do Ministério do Trabalho e Emprego”, alegou o grupo em nota encaminhada à imprensa. Nos últimos cinco anos, a construtora lançou 161.938 empreendimentos no Brasil, sendo 313 deles no Rio Grande do Norte.

Direção considera arbitrária inclusão no cadastro do MTE

Em entrevista concedida à TRIBUNA DO NORTE dias antes restrições, Yuri Chain, diretor comercial da MRV para a regional Nordeste, afirmou que a inclusão da construtora no cadastro do MTE em 2011 teria sido “uma  arbitrariedade”, e que “a MRV nunca fez uso de práticas trabalhistas que colocassem nossos trabalhadores em condições análogas à escravidão”. Ele chegou a dizer que “nossos canteiros de obras por todo o Brasil estão à disposição de qualquer autoridade pública para a comprovação disto que aqui afirmo”.

Questionado sobre a  primeira inclusão na lista, o diretor da MRV explicou que “houve um equívoco de avaliação durante uma inspeção de alojamento de um empreiteiro no interior de São Paulo que trabalhava para a MRV mas também para outras construtoras da região”. Segundo ele, todos os trabalhadores que procuraram o Ministério Público do Trabalho reclamando que não haviam recebido seus direitos trabalhistas tiveram toda rescisão contratual corretamente homologada junto ao sindicato e receberam inclusive recursos para que voltassem aos seus lares, poisa maioria era do Nordeste. “Todavia, o Ministério Publico do Trabalho entendeu que deveria encaminhar ao Ministério do Trabalho um pedido de inclusão da MRV na lista, o que foi aceito num primeiro momento e retirado posteriormente”, relatou.

A MRV, segundo Chain, teria, ‘independentemente disto’, reforçado os seus controles sobre os alojamentos de empreiteiros bem como nas áreas de vivência nos canteiros de obras, “garantindo assim excepcionais condições de trabalho nas nossas obras”. “Estamos muito tranquilos com relação a este assunto e posso afirmar que nossos canteiros de obra são hoje uma referência de gestão no mercado brasileiro”, disse Chain, antes do nome da empresa voltar para a lista do MTE.

A equipe de reportagem tentou entrevistar um dos diretores da MRV para comentar a nova suspensão dos financiamentos, mas a assessoria de comunicação não disponibilizou nenhum porta voz desta vez.

Nota oficial

MRV lança comunicado ao mercado brasileiro

Como informado por Comunicado ao Mercado na data de hoje, a MRV Engenharia e Participações S.A. tomou conhecimento da inclusão de uma de suas filiais no Cadastro de Empregadores do Ministério do Trabalho e do Emprego, por ocasião da sua atualização. Trata-se da obra Spazio Cosmopolitan, em Curitiba, concluída em junho de 2011 e já habitada.

Essa inclusão se deu por conta de fiscalização ocorrida em fevereiro de 2011, quando foram identificadas irregularidades em uma empresa terceirizada que trabalhou com a MRV por apenas cinco meses. Assim que tomou conhecimento do fato a MRV descredenciou esse terceiro e procedeu medidas que garantissem aos trabalhadores todos seus direitos e condições adequadas de trabalho.

Como também informado no Comunicado de hoje, a MRV está tomando todas as medidas e ações cabíveis para promover a exclusão de seu nome do referido Cadastro e prestar os devidos esclarecimentos necessários junto aos órgãos competentes e ao mercado em geral, o que inclui a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.

A MRV repudia veementemente qualquer prática que não respeite os direitos trabalhistas do seu quadro de colaboradores  e dos quadros de seus fornecedores e parceiros. Construiu, ao longo de seus 33 anos de existência, uma reputação alicerçada na ética, na credibilidade e no respeito a todos os públicos com os quais se relaciona, de forma a sempre reafirmar seu compromisso com a responsabilidade social.

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