O ABANDONO DO antigo prédio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) será investigado pelo Ministério Público. A instituição publicou ontem no Diário Oficial a instauração de um inquérito civil público para apurar possíveis atos de improbidade administrativa. O prédio, localizado na Ribeira, pertence ao município, mas foi abandonado. Em troca, o Município optou por alugar outro imóvel pelo qual o município paga R$ 63 mil mensais de aluguel.

Agora, a Prefeitura do Natal tem um prazo de 10 dias úteis para justificar o que motivou essa mudança e se existe previsão de retorno à antiga instalação. A situação atual do local foi descrita ontem pelo Novo Jornal. Cheio de infiltrações e rachaduras, o prédio se transformou em moradia para morcegos e viciados em droga.

Prédio continua abandonado. (foto: Júnior Santos. T/N -11/02/2012)

O inquérito também solicita ao Corpo de Bombeiros que realize uma inspeção para analisar riscos na estrutura física da antiga sede. Já ao setor de perícias da Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), cobra-se a avaliação técnica detalhada, com dados específicos como risco de desabamento, presença de animais, existência de pinturas, infiltrações e a estimativa financeira da soma dos danos causados ao imóvel.

O NOVO JORNAL voltou a procurar o titular da Semurb, Bosco Afonso, que foi, mais uma vez, evasivo. “Só quem pode falar sobre os prédios próprios da prefeitura é a secretaria de Admnistração. Eu não tenho nenhuma informação sobre o caso”, afirmou.

Antigo prédio da SEMURB no bairro da Ribeira.

A reportagem procurou o Secretário Municipal de Administração e Gestão Estratégica, Carlos Von Sohsten, mas ele não atendeu às ligações.

A situação no prédio é bastante séria. Além dos problemas estruturais que são críticos, um ‘morador’ do local confirmou o consumo frequente de drogas, feito por até 30 pessoas todos os dias.

E o que foi um espaço de servidores públicos também se transformou em palco para a prostituição de viciadas. Segundo um viciado que não quis se identificar, em troca de “pedras” (crack), que custam, segundo ele, R$ 5, mulheres viciadas praticam sexo com os usuários na frente de todos e, muitas vezes, com mais de um ao mesmo tempo.

Prédio da Semurb, abandonado pela Prefeitura, agora é sede para “expediente” de viciados e prostitutas

E os resquícios do uso indiscriminado da drogas estão por toda parte no prédio da antiga secretaria. Facilmente são encontradas manchas de pequenas fogueiras e restos de latinhas de refrigerante e cerveja, materiais usados para o consumo do crack.

No antigo prédio da Semurb, como questiona o inquérito, é provável que não haja risco de descarga elétrica porque o serviço de energia foi interrompido, mas no teto não há forro. Toda afiação, de um lado a outro do imóvel, está exposta. E da laje, cheia de infiltrações, ainda escorre água da última chuva, que se alastra pelo chão completamente sujo e fedido.

(foto: Júnior Santos. T/N -11/02/2012)

Na conta dos danos causados aos imóveis, que será feita pela perícia da PGJ, terão ainda de ser incluídas, portas, janelas e gradilhos retirados pelos viciados. Nem a o corrimão da escada que dá acesso ao primeiro andar foi preservado. E a presença de tantos moradores de rua no local ainda o transforma em um banheiro coletivo. Em muitos cômodos, a fedentina é quase insuportável.