Desde ontem, distribuidoras de combustíveis de todo o país estão comprando gasolina e óleo diesel mais caros à Petrobras. Mas o reajuste – de 7,83% para a gasolina e de 3,94% para o diesel – não alterará o preço ao consumidor, garantiu o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindcom).
Para evitar o aumento nas bombas, o governo reduziu a zero a alíquota da Cide, contribuição que incide sobre os combustíveis. Com a medida, o Sindicato das distribuidoras afirma que o reajuste não será repassado aos postos de combustíveis, o que deve evitar o impacto para o consumidor final.
Apesar do aumento ter sido anunciado na última sexta-feira, ainda falta informação entre os revendedores. A TRIBUNA DO NORTE visitou vários postos em Natal. Nenhum dos gerentes consultados soube comentar o impacto da medida nem informar se o consumidor pagaria mais pelo litro.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do RN, Antônio Cardoso Sales, foi procurado para comentar o reajuste, mas não atendeu as ligações. Procurado pela equipe de reportagem logo após o anúncio da Petrobras, na última sexta, o Sindicato, através de sua assessoria de imprensa, informou que o preço final depende da negociação entre as distribuidoras e revendedores e que por isso não podia afirmar se o preço subiria ou não nas bombas.
Em nota, Alísio Vaz presidente executivo do Sindcom, disse que “o consumidor final não sentirá alterações no preço, já que as refinarias não reajustarão o valor de venda às distribuidoras, conforme informado pela Petrobras”, disse. O aumento, segundo ele, será compensado pelo Governo, que decidiu zerar a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Com o corte, deixam de ser cobrados 9 centavos sobre a gasolina e 45 centavos sobre o diesel. A Petrobras, explica Alísio, incorporará o valor à sua remuneração. BR Distribuidora e Raizen (representante da Shell no Brasil) preferiram não comentar o reajuste. A ALE não disponibilizou porta-voz até o fechamento da edição.
De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o litro da gasolina custa em média R$ 2,717 no estado, no mínimo R$ 2,54 e no máximo R$ 2,87. O diesel, por sua vez, custa em média R$ 2,016. O RN tem o quinto maior preço da região Nordeste, segundo a pesquisa, que foi realizada na semana encerrada em 16 de junho e é a mais recente divulgada pelo órgão. Em Natal, onde o preço médio do litro da gasolina gira em torno de R$ 2,71 e o do diesel em torno de R$ 1,99, é possível encontrar valores superiores ao máximo constatado na pesquisa.
Para evitar que o reajuste chegasse à população e, assim, tivesse reflexos na inflação, o governo zerou a Cide que incidia sobre a comercialização dos derivados de petróleo, deixando de arrecadar cerca de R$ 425 milhões mensais, como informou a Agência Brasil. O objetivo do reajuste é diminuir a defasagem de preços dos combustíveis em relação ao mercado internacional, o que compensa a perda da arrecadação da Cide.
Novos reajustes virão em médio prazo
Rio (AE) – A Petrobras deixou claro ontem que continuará brigando por reajustes nos combustíveis e pela paridade dos preços de seus produtos com os praticados no mercado internacional. Em apresentação para detalhar o plano de negócios 2012-2016, a diretoria mostrou que os reajustes da gasolina (7,83%) e do diesel (3,94%) autorizados pelo governo e já em vigor não compensaram integralmente a defasagem de preços.
A apresentação da diretoria ontem mostrou que desde janeiro de 2011 a Petrobras vem perdendo com o não repasse de preços. “Este é um fundamento do plano do qual não se abriu mão. O reajuste de agora nos colocou mais próximos do alvo, mas o alvo continua sendo a meta da empresa”, disse o diretor Financeiro, Almir Barbassa dizendo que novos reajustes seriam esperados para o médio e longo prazos.
Os argumentos não conseguiram impedir o baque no desempenho das ações. O aumento de preços foi considerado insuficiente e tardio pelos investidores.
A companhia defendeu no plano de negócios reajuste de 15% nos combustíveis para financiar um aumento de 5,2% em seus investimentos, previstos agora em US$ 236,5 bilhões até 2016. “O controlador aprovou o plano e o primeiro item é a paridade de preço”, afirmou a presidente da companhia, Graça Foster: “É fundamental que estejamos discutindo no conselho a nossa capacidade de investimento frente à pressão de caixa da companhia.”
Petrobras revisa US$ 28 bilhões em projetos
Rio de Janeiro (ABr) – Para reduzir custos operacionais e aumentar a eficiência, a Petrobras anunciou que estão em avaliação 147 projetos de exploração e de produção, de um total de 980, segundo consta do Plano de Negócios 2012-2016. O documento foi apresentado ontem pela presidenta da estatal, Graça Foster, e pela sua diretoria, na sede da empresa.
De acordo com o documento, os projetos somam US$ 236,5 bilhões, dos quais US$ 27,8 bilhões passam por uma revisão. Mais da metade são da área de Abastecimento e Refino (US$13,9 bilhões) e 21% são do setor de Gás e Energia (US$ 6 bilhões). Mais 17% dos projetos em análise são da área de Exploração e Produção Internacional, que somam US$ 4,6 bilhões.
“Nenhum projeto foi retirado [do plano de negócios], não teve corte”, assegurou a presidenta, Graça Foster. “Estamos reavaliando”, completou, ao explicar que não pode divulgar os cronogramas de instalação de plantas como a da Refinaria do Nordeste, em Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) previstos anteriormente para 2014.
“Não é avaliar se vai fazer ou não. Isso não se discute. A gente vai fazer sim porque precisa dessas refinarias”, acrescentou. “As refinarias são essenciais, mas eu preciso saber quanto custam e quanto eu já fiz. Só depois dessa avaliação, teremos de forma detalhada a entrada do primeiro trem [conjunto de plantas]. Até lá, ninguém está autorizado a falar”, enfatizou.
O Plano de Negócios da Petrobras destaca que, na fase de avaliação, serão levados em conta a viabilidade de cada projeto, a disponibilidade de recursos, o alinhamento dos custos das novas refinarias e a disponibilidade de gás natural para plantas de fertilizantes e novas termelétricas, por exemplo.
Segundo a presidenta da estatal, a prioridade no período do plano é a área de óleo e gás, cuja meta de produção no Brasil e no exterior, até 2016, é 3,3 milhões de barris por dia. O maior crescimento é esperado entre 2014 e 2016, com a revisão da eficiência operacional na Bacia de Campos e a entrada em operação de novas unidades no pré-sal, principalmente.
Pela primeira vez com mais recursos que o pós-sal, o pré-sal tem destaque na estratégia da Petrobras no período do plano.
A Petrobras foi questionada sobre possíveis investimentos para o RN, mas não respondeu até o fechamento desta edição.
O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindcom) confirmou que os preços da gasolina e do óleo diesel não serão majorados para o consumidor, apesar do aumento que entrou em vigor hoje nos preços cobrados pela Petrobras às refinarias, de 7,83% para a gasolina e 3,94% para o diesel.
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