Notícia publicada no caderno Natal da Tribuna do Norte:
Apesar das chuvas que caem nos últimos dias – renovando as esperanças do homem do campo – e da previsão meteorológica para o Rio Grande do Norte ser definida somente amanhã, a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil (Cedec) já estuda a possibilidade de um novo decreto de estado de emergência devido a seca – inclusive com a inserção de outros municípios. O planejamento tem como base o prognóstico inicial divulgado pela Emparn de chuvas abaixo da média para este ano. No Rio Grande do Norte, 142 municípios estão em estado de emergência, três deles de forma independente.
O novo decreto depende, entre outros pareceres técnicos, da previsão de chuvas para o trimestre março, abril e maio de 2013 que será consolidado hoje e amanhã, 21 e 22, durante a IV Reunião de Análise Climática para a Região Nordeste do Brasil, que acontece na sede da Emparn, na base física do Jiqui, em Nova Parnamirim. Meteorologistas do Nordeste farão a análise das condições oceânicas-atmosféricas para definir o quadro.
Um representante do Departamento Nacional de Defesa Civil, vinculado ao Ministério da Integração está no Estado onde inicia, nessa sexta-feira, uma visita aos municípios afetados para verificar como as ações estão sendo desenvolvidas e a necessidade de permanência dos municípios na situação de calamidade. Ele ainda irá às cidades de Brejinho, Ceará Mirim e Rio do Fogo, no Agreste e Litoral potiguar.
O representante irá analisar um conjunto de fatores, instruir as Comdecs, ver a situação de abastecimento, ver a necessidade de incluir outras cidades. O relatório será remetido ao Ministério da Integração. Independente do resultado das análises das condições meteorológicas, o secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) Gilberto Jales garantiu a continuidade das ações. Se perdurar a estiagem, diz ele, os esforços serão em agilizar as obras estruturantes do PAC da Seca, como a construção das barragens de Umari, Campo Grande e Apodi. A Semarh já iniciou o processo de licenciamento das obras.
“O principal foco é garantir o abastecimento e, à curto prazo, são a recuperação e a instalação de poços tubulares para atender as comunidades e o rebanho”, afirma Jales. Hoje, doze cidades dependem exclusivamente da água trazida pelos carros-pipa. A maioria está na região do Alto Oeste. São elas: Luís Gomes, Riacho de Santana, Água Nova, Pilões, João Dias, Antônio Martins, Olho D’água dos Borges, Serrinha dos Pintos, Doutor Severiano, Equador, Carnaúba dos Dantas e São José do Seridó.
Mudança de tempo
Se as chuvas dos últimos dias perdurarem e a conclusão da IV Reunião de Análise Climática para a Região Nordeste do Brasil apontar para chuvas em nível normal ou acima da normalidade o trabalho será para conter possíveis alagamentos. Em anos de bom inverno para a região do Semiárido potiguar, a estimativa é de que os pluviômetros marquem entre 600 a 700 mililitros e, para a região do Alto Oeste potiguar, a marca pode atingir 750 mililitros.
Uma série de reuniões foi iniciada com as Coordenadorias de Defesa Civil Municipais e a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil (Cedec) em cidades mais vulneráveis de inundação – Vale do Apodi, Mossoró e Pau dos Ferros. A ação, segundo o coordenador da Cedec Tenente- Coronel Josenildo Acioli, é continuidade do trabalho desenvolvido desde 2011.
O mapeamento de áreas de riscos compete ao órgão municipal que deve fazer um cadastro de áreas e famílias, cadastrar locais de abrigos, criar sistema de alerta e alarme que permita o abandono das áreas/imóvies em tempo propício, além de estratégias em caso de tragédia. “A capacitação dos operadores municipais será discutida em reunião, em Brasília, na próxima segunda-feira”, disse. Até o momento, 123 municípios criaram por Lei Municipal a Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compedec). “Na maioria a atuação é precária, há deficiência de estrutura física, materiais, até recursos humanos”, conta coronel Acioli.
Bate-papo
Josenildo Acioli, Coordenador Estadual da Defesa Civil
Caso o prognóstico inicial de chuvas abaixo do normal se confirme, quais as ações deverão ser encaminhadas?
Iremos dar continuidade e intensificar as ações já adotadas, como a recuperação de poços, a instalação de novos (poços), o fornecimento de forragem para o gado e o abastecimento de água por carros-pipas. Em reuniões semanais do Comitê, a governadora (Rosalba Ciarlini) reafirma a continuidade das obras estruturantes, como a construção de barragens e adutoras, caso se confirme ou não a previsão de chuvas abaixo do normal.
O decreto de estado de emergência devido a seca poderá ser renovado?
Estudamos a confecção de um novo decreto, caso a estiagem se confirme. Será uma situação bem mais difícil já que estamos vindo de um ano da pior seca e a situação é bastante grave em todo o Estado. Estamos coletando dados, analisando os casos, fazendo um trabalho em várias frentes para levar a apreciação da governadora e do Ministério da Integração.
O que é necessário e está sendo feito para isso?
Estamos esperando relatórios que estão sendo elaborados por diversas secretárias e entidades. A Emparn é um dos principais, que é o diagnóstico meteorológico definitivo que vai orientar essas ações. A Semarh faz o monitoramento e a análise dos grandes reservatórios de água; A Agricultura deverá das as informações sobre a situação no campo, em relação a produção na agricultura e de rebanho; a Emater, em relação a forragem;, entre outros, é uma ação multisetorial. Além disso, outro relatório está sendo confeccionado por um técnico da Defesa Civil Nacional que está visitando os municípios em decreto de calamidade e alguns que poderão ser incluídos. Na próxima segunda-feira, em reunião com a Defesa Civil Nacional, em Brasília, poderemos firmar um prazo para que a minuta seja feita e, a partir do parecer técnico, submetida a eles e à governadora.
O decreto será ampliado? Quais outros municípios devem ingressar?
Sim. Pedi ao representante do Departamento Nacional de Defesa Civil para avaliar a situação em outros municípios do litoral, como Ceará Mirim, Rio de Fogo e Brejinho. E dependendo do parecer técnico poderão ser inseridos.
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