No RN, sargento vai a julgamento com os pais, pela morte da companheira

20 de março de 2012

Às 8h desta terça-feira (20), o sargento da Aeronáutica Andrei Bratkowski Thies (marido da vítima) e seus pais, Amilton Thies e Mariana Bratkowski Thies, se sentaram no banco dos réus do Fórum de Parnamirim (cidade pertencente a  Grande Natal) para serem julgados pela morte da dona de casa gaúcha Andréia Rosângela Rodrigues. Há cerca de quatro anos e meio esperando por isso, a doméstica Priscila Rodrigues, irmã de Andréia, já está em Natal para acompanhar o júri e afirma não saber como vai reagir ao ver os acusados. “Vou tomar muito suco de maracujá para estar calma no momento, mas realmente não sei como vai ser”.

A família Thies foi submetida a júri popular na manhã desta terça-feira, em sessão presidida pela juíza Cinthia Cibele, da 1ª Vara Criminal de Parnamirim. O julgamento aconteceu no auditório do Fórum da cidade, com capacidade para pouco menosde 100 pessoas. Apenas familiares teve vagas reservadas, as demais pessoas entraram por ordem de chegada. Não foi permitida a entrada de câmeras no auditório, mesmo das equipes de imprensa.

A promotora Ana Márcia Morais pede pela condenação dos três, pelos crimes de assassinato e ocultação de cadáver. Já o advogado Álvaro Filgueira, defensor dos Thies, parte da versão de que Andrei agiu sozinho – em um momento de ira – e pedirá pela absolvição dos pais do sargento.

Priscila Rodrigues diz não sentir preparada para ver os acusados de matar a sua irmã. Ela está em Natal desde o domingo e foi a única da família da vítima a estar no fórum hoje. “Eu espero a condenação máxima para os três”, diz a atual “mãe” da pequena Andriele, filha de Andréia com o sargento que a matou. A menina também está na capital potiguar, mas não será levada ao julgamento. “Não quero expô-la a isso, pois não sabe que Andrei é o seu pai”.

O julgamento começou com o relato do delegado Raimundo Rolim, que conduziu a investigação que descortinou o assassinato da dona de casa. Rolim narrou os fatos à época das investigações, em 2007, e contou ao júri os detalhes de um relacionamento conturbado e de agressões entre a vítima e os acusados. Ele também falou que desde o começo do caso desacreditou na versão de desaparecimento de Andreia, sustentada pelos réus, em face de Andrei não ter não ter procurado ajuda no quartel em que servia para as buscas e só ter registrado boletim de ocorrência dias depois do desaparecimento da mulher.

Ele ainda afirmou que quando ouvia as testemunhas na fase inicial do processo se convenceu de que Andreia havia sido assassinada, e que passado um mês do crime ouviu o sargento Andrey novamente, e neste depoimento ele mentiu muito, insistindo na argumentação de sumiço.

Depois de Rolim, foi a vez do médico-legista Francisco Ferreira Sobrinho. O perito do Instituto Técnico-Científico de Polícia do Rio Grande do Norte (Itep/RN)  foi arrolado como testemunha de defesa no processo. Francisco, no entanto, só conseguiu, apontar no laudo que Andreia Rodrigues foi morta por um instrumento contudente, uma vez que o corpo da vítima foi encontrado em uma fase em que os tecidos já estavam deteriorados, devido ao elevado grau de putrefação. Isso prejudicou o laudo, não podendo o médico-legista apontar a causa médica da morte.

Andréia foi morta em 22 de agosto de 2007, na casa onde morava com Andrei Thies e as duas filhas no conjunto Cidade Verde, em Parnamirim. Num primeiro momento, a família Thies prestou queixa à polícia de desaparecimento da dona de casa e se mostrava preocupada com o suposto mistério. Contudo, o delegado Raimundo Rolim, que assumiu as investigações, viu que não se tratava de um simples desaparecimento por causa das diferentes versões apresentadas pela família. Em 29 de outubro, o corpo de Andréia foi encontrado dentro de um saco de dormir, no quintal da casa onde moravam Amilton e Mariana Thies. No final daquele mesmo ano, a família Thies foi indiciada e em 22 de fevereiro de 2010 foi decidido que eles iriam a júri popular.

A juíza do caso,  Cinthia Cibele Diniz de Medeiros estima que o veredito seja conhecido apenas na quinta-feira.

Réu confesso, Andrei Thies alega ter cometido crime sozinho. Acusação nega.

Réu confesso, Andrei Thies alega ter cometido crime sozinho. Acusação nega. (Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press)

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