Novos negócios ganham as ruas de Natal

10 de novembro de 2014

Notícia publicada na Tribuna do Norte:

Sara Vasconcelos
Repórter

A alimentação fora do lar, em bares e restaurantes, é uma das atividades que mais crescem no país. O ramo de alimentos responde por mais de um milhão de pequenas empresas e abre a fronteira para novos segmentos. De carona em tradição de comida de rua popular em países da Europa e EUA, os food trucks – cozinhas adaptadas em automóveis – chegam a Natal como alternativa para quem quer montar um negócio.  Dirigidos por chefs de cozinha, em geral, os caminhões, traillers e vans ganham as calçadas da capital  trazendo pratos diversificados e até sofisticados – como em restaurantes de alto padrão – a preços mais acessíveis.

Além do  veículo, o “food truck” (comida de caminhão, em livre tradução do inglês) é visto entre os investidores, em Natal, como um conceito da nova comida de rua que inova no padrão de qualidade,  com profissionais gabaritados e preocupados com a segurança alimentar.

Atrativos
O custo mais baixo de produção dos pratos – que pode chegar a 50% em alguns casos, na comparação com estabelecimentos convencionais-, a mobilidade que permite estar mais próximo e ampliar a clientela e o retorno do investimento em tempo mais curto são alguns dos fatores que fazem a receita dar certo.

“É um mercado em crescimento sobretudo pela mobilidade e vantagem de ampliar a rede de clientes, além de custos menores do que em um restaurante ou bar convencional, mas é preciso estar atento ao público-alvo e a concorrência”, pontua a gerente da Unidade de Educação e Empreendedorismo do Sebrae/RN, Tathiane Udre.

Pedro Gurgel: ‘Food truck’ é aposta no ramo de alimentação. (Foto: Humberto Sales)

Pedro Gurgel: ‘Food truck’ é aposta no ramo de alimentação. (Foto: Humberto Sales)

Mas para montar um veículo ao melhor estilo “truck” é preciso desembolsar boa soma e estar aberto a inovação. O investimento para quem deseja adaptar um veículo varia entre 45 mil e 250 mil, dependendo do tamanho e das especificações do automóvel. Além disso, é preciso investir em uma cozinha – além da instalada no veículo – onde é feita a produção dos alimentos que chegam ao local estacionado, já pré-prontos.

O The Box é o maior e mais equipado veículo de food truck do Brasil. “Investimos R$ 300 mil no caminhão e R$ 100 mil na cozinha industrial. Esperamos um retorno do investimento em 20 meses”, disse o empresário Pedro Gurgel, que é sócio. Por ora, ele afirma que não é possível falar em faturamento. O empresário migrou de um bar para o novo ramo e diz que a proposta de estar mais próximo a clientela sobretudo em ocasiões em que um empreendimento fixo teria baixa no movimento foi uma  das motivações. “A mobilidade permite que a gente leve o nosso produto a um veraneio em Pirangi, a um feriado em Pipa, o carnaval, enfim, abre possibilidades de estar em locais diferentes”, disse.

Com sete funcionários e enquadrado no Simples nacional, Gurgel reconhece que ainda há muita informalidade no novo setor. E defende que é preciso regulamentar a atividade, como já ocorre em São Paulo. “É necessário uma legislação que regulamente a atividade e estabeleça o mesmo padrão de segurança alimentar exigido em lei”, afirma.

620
Empreendedores individuais foram formalizados em 2014, na área de alimentação no RN, somente pelo Sebrae

1 milhão
de negócios no ramo de alimentação no Brasil

50%
mais baixo é o custo de produção sob quatro rodas

15,3%
dos optantes do Simples no RN
são ligados a alimentação

9,55%
dos micro
empreendedores individuais no RN são do ramo de alimentação

Veja quanto os restaurantes sob quatro rodas podem movimentar
Investimento:
R$ 250 mil é o custo médio do caminhão equipado com cozinha. Sem contar custo com a cozinha paralela de produção dos pratos. Estruturas menores como trailers custam  a partir de  R$ 45 mil a R$ 60 mil.

Exigências:
Não há uma legislação específica. Em geral, os carros são estacionados em frente a calçadas de espaço privados em acordo/contrato entre os donos. Apesar da não regulamentação, há uma preocupação com o manejo e segurança
alimentar.

Vendas média:
Dependendo do porte e da especialidade do cardápio, pode chegar a R$ 1,8 mil em um dia de trabalho.

Retorno do investimento:
Em torno de seis meses a 1,8 ano, dependendo do
porte do investimento.

Linha de crédito para montar o negócio:
Para microempresas há crédito para investimento, aquisição de equipamentos, capital de giro (AGN, Crediamigo, BB e CEF e bancos particulares).

Custo* médio para abertura de empresas (por tipo):

Limitada:
R$ 900,00 taxas da Jucern + DARF (Documento de Arrecadação Fiscal) incluindo o contador que cobra em média um salário mínimo vigente.

Firma Individual:
R$ 800,00 taxas da Jucern + DARF (Documento de Arrecadação Fiscal) incluindo o contador que cobra em média um salário mínimo vigente.

(*) Não considera custos com alvará de funcionamento da prefeitura que varia de acordo com o bairro, a atividade empresarial e área em metros quadrados da empresa.

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Cozinha sobre quatro rodas’ atrai público

Notícia publicada na Tribuna do Norte:

Sobre quatro rodas, os novos bares e restaurantes “food trucks”  trazem a possibilidade de degustar um menu caprichado ao ar livre.  Os “pilotos” do novo negócio são na quase totalidade chefes de cozinha, professores de gastronomia ou antigos donos de bares, restaurantes na cidade,  que não escondem a satisfação em cozinhar de forma, literalmente, mais aberta. E este é um dos diferenciais apreciados pela clientela.

Depois de 15 anos comandando a cozinha de um hotel, o chef Marcelo Melo decidiu  sair detrás da bem aparelhada cozinha industrial  para ganhar às ruas com o carrinho  Maguh Petit, um bistrô montado em quatro rodas. “A rua é muito democrática e  o mais interessante é que quem vai pra rua comer, vai pela qualidade da comida e não pelo ambiente, conforto, decoração. Para um chef é o mais gratificante”, observa.

Marcelo Melo: De chef em hotel a dono do próprio negócio. (Foto: Joana Lima)

Marcelo Melo: De chef em hotel a dono do próprio negócio. (Foto: Joana Lima)

O  investimento inicial de R$ 9 mil com estoque e carro adaptado, por já possuir boa parte do maquinário e utensílios de cozinha. Os consertos e reformas do trailer também deixaram mais  salgados os gastos. Ainda assim, manter a estrutura no “carrinho”, como Melo se refere a empresa, é ainda mais viável do que quando resolveu abrir uma casa em Ponta Negra. “Meus custos ficaram dez vezes mais caros e, para a minha surpresa, a clientela não acompanhou, tivemos prejuízo e voltamos para a rua”, afirma.

No cardápio, os pratos feitos com ingredientes e apresentação requintados variam de R$ 6 a R$ 25. “Neste negócio, excelência também no atendimento é regra, porque a gente nunca sabe se quem irá fidelizar é o que paga  mais ou menos”, observa o chef.

Movimento
Parado mesmo só o carro na calçada, o movimento na cozinha e nas mesas é intenso para atender um público exigente. E o caixa também segue neste compasso. Em uma noite o Maguh Petit, do chef Marcelo Melo, fatura em média R$ 1,8 mil.

Em cinco dias da semana, o Maguh se reveza por cinco bairros das Zonas Sul, Leste e Centro. A clientela é formada em mais de 80% por moradores da localidade do dia. “Eles podiam sair e alguns fazem para ir onde estamos, mas eles preferem esperar o dia em que estamos lá, perto deles”, afirma.

O trabalho começa bem antes e longe das ruas, os  pratos são preparados antecipadamente em cozinhas e chegam pré-prontos para serem finalizados, ali, aos olhos dos clientes que se acomodam em mesinhas. Adeptos do novo estilo, o casal Nathalia e Rodrigo Barros dizem que não é o preço, mas a qualidade que chegou às calçadas.   “Não é o preço, mas a proximidade e agilidade no serviço. Ver o chef preparar o prato torna mais atrativo”, diz a advogada. Por serem pequenos negócios, eles primam por uma qualidade maior”, acrescenta o empresário Rodrigo.

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