Deu na editoria Cotidiano do DN Online:
Na esteira das declarações do secretário municipal da Copa, Jean Valério, que admitiu a possibilidade da retirada da capital potiguar da Matriz de Responsabilidades para a Copa 2014 se as obras de mobilidade não começarem até outubro, como quer o Ministério das Cidades, o secretário estadual da Copa (Secopa), Demétrio Torres, lamentou os atrasos nas obras de mobilidade urbana executadas pela Prefeitura do Natal e também admitiu atraso. Em entrevista ao Diário de Natal ontem, Demétrio falou que, de todas as obras sob responsabilidade do Governo do Estado, a que mais preocupa é a modernização da Avenida Engenheiro Roberto Freire, que tem cronograma previsto para ser executado em dois anos, e ainda se encontra na fase de licitação.
Demétrio Torres afirma que é um fato preocupante Natal não ter as obras de mobilidade prontas durante a Copa. “Só que isso não ocorre apenas em Natal. Em várias outras cidades-sede os contratos ainda não foram assinados. É um problema nacional. Só que é preciso salientar que, embora algumas obras não fiquem prontas na Copa, as obras virão. O projeto apenas sai do PAC Copa. Quase a totalidade dessas obras são empréstimos. É difícil perder os recursos se o dinheiro já foi pedido emprestado. Mas é óbvio que a obra não ficar pronta na Copa é sim um prejuízo para o evento. Não podemos negar. Quem é que não quer mostrar sua cidade com menor número de problemas? Todos querem”, criticou o secretário.
Não obstante às críticas ao município, o titular da Secopa admite que não apenas a prefeitura enfrenta problemas para deixar um legado da Copa à sociedade natalense. “No caso da Roberto Freire, essa obra realmente nos preocupa. A obra ainda está na fase de licitação, o que deixa de depender exclusivamente do Governo do Estado. Não é prudente se dizer que não ficará pronta. Torcemos que sim, mas estamos preocupados. Para evitar problemas da via estar em obras durante a Copa, a execução do projeto já levará em conta esse fator. A nova via será feita por etapas”, explicou o titular da Secopa.
Sobre outras duas obras sob responsabilidade do Governo do Estado – a construção de três rodovias de acesso ao novo Aeroporto de São Gonçalo do Amarante e o prolongamento da Avenida Prudente de Morais, não há com o que se preocupar, garante o secretário. Segundo ele, essas obras têm condições de ficar prontas antes do mundial. “Provavelmente em agosto serão entregues os dois túneis que passam por Cidade Satélite e que servem como prolongamento da Prudente de Morais. Após entregues esses túneis, a via será liberada e só vai faltar a construção de um viaduto na BR-101, que está sob responsabilidade do DNIT”. Esse viaduto é importante para que o prolongamento seja executado conforme foi planejado, criando uma nova entrada para a capital, alternativa à BR-101, após Emaús, em Parnamirim.
Já os três acessos ao Aeroporto de São Gonçalo custarão cerca de R$ 75 milhões. “Em 14 meses ficarão prontos. Lá não teremos problemas com desapropriações de moradores”, diz Torres.
VLT terá capacidade para 50 mil
A caçula das obras de mobilidade sob responsabilidade do governo estadual é a construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), uma vez que o Estado tomou para si a responsabilidade dos projetos do Pró-Transporte, que seriam realizados pela Prefeitura do Natal para melhorar o trânsito na Zona Norte. Do Pró-Transporte, apenas um viaduto ficou pronto na Avenida das Fronteiras e o governo ainda está fazendo readequações ao projeto para poder tocar o restante das intervenções – o VLT foi acrescido ao projeto.
O veículo é uma espécie de metrô de superfície e a obra já tem assegurada R$ 74 milhões junto a União. Outros R$ 60 milhões serão solicitados como empréstimo para o governo. Ao todo, o VLT custará R$ 134 milhões e a previsão é que fique pronto em dezoito meses. A obra usará as mesmas rotas de trens da CBTU, que cruza Natal em duas linhas (Norte e Sul), ligando a capital a cidades como Parnamirim, Extremoz e Ceará-Mirim. “Ou seja, não é uma obra que requeira desapropriações. Como os trilhos serão modernizadose os trens substituídos pelos VLTs, acreditamos que ainda dê tempo de aprontar essa obra para a Copa. Beneficiará mais de 50 mil pessoas/dia, o equivalente a mil ônibus”, contou o secretário.
Demétrio Torres afirmou ainda que a vantagem de uma obra como o VLT é que, além da agilidade na condução de passageiros, terá capacidade de transportar 50 mil usuários e será integrada ao sistema de ônibus da capital. “Atualmente os trens transportam 4 mil passageiros/dia. Aumentando essa demanda, com os trens de qualidade e os terminais de integração às linhas de ônibus, a quantidade de passageiros de algumas rotas que passam na Avenida Felizardo Moura poderá utilizar o serviço. Será uma solução para os engarrafamentos naqueles trechos. Uma solução de transporte público que ao mesmo tempo melhora a mobilidade”.
Porque a nova Roberto Freire preocupa
O que é?
De seis pistas atuais, a Roberto Freire passará a ter doze, sendo seis em cada sentido. Ao longo de três trechos da rodovia haverá a segregação de vias locais e vias expressas. Cinco passarelas, uma ciclovia e passagens para a pista local também estão previstas no projeto do Governo do Estado.
Porque demora a sair do papel?
O projeto inicial foi modificado pelo atual Governo. O projeto anterior, elaborado ainda na gestão Wilma de Faria, custaria R$ 60 milhões, mas, segundo a atual governadora Rosalba Ciarlini, “não resolveria o problema da avenida, apenas por cinco ou seis anos”. Por isso o orçamento foi aumentado para cerca de R$ 220 milhões, mas que modifica toda a via e “resolve de forma definitiva os problemas de mobilidade daquela área pelos próximos 15 ou 20 anos”, declarou recentemente a governadora.
Quanto tempo vai demorar?
Pelo menos 24 meses é o tempo previsto para executar a obra na íntegra, segundo informações da Secretaria Estadual da Infraestrutura (SIN). Convém lembrar que a Copa se inicia há menos de dois anos. Atualmente o projeto está em fase de licitação e, pelo menos a autorização para pedir dinheiro emprestado de financiamento junto à Caixa Econômica Federal (CEF) já foi dada no final de junho pela Assembleia Legislativa.
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