Daniel Turíbio

Daniel Turíbio é jornalista da agência Smartpublishing Mídias em Rede. Já trabalhou com mídia impressa, rádio e assessoria de comunicação. Reside em Natal/RN.

Oferta de emprego diminui no RN

22 de junho de 2012

O número de trabalhadores com carteira assinada encolheu mais de 20% na agropecuária e na indústria química, que agrega a produção de álcool, no Rio Grande do Norte. O recuo ocorreu em maio, em relação ao total de empregados existente nas atividades até dezembro de 2011. Na indústria têxtil e de vestuário, houve queda de 9,21%, no período, e de 24,67% em um ano.

A desaceleração é apontada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego e preocupa, diz a gerente da unidade de Economia e Estatística da Federação das Indústrias no RN (Fiern), Sandra Cavalcanti. “O encolhimento do estoque (do total de empregados) sempre preocupa porque para a economia rodar precisa de emprego e renda”, diz.

O Caged traz dados relativos aos primeiros cinco meses do ano e ao mês de maio, quando o estado atingiu o segundo maior índice de demissões, em relação a contratações, desde 2003. Até então, o pior saldo de empregos havia sido registrado em 2009, ano em que a crise mundial afetava a economia de forma mais firme (veja os números no quadro). As turbulências, entretanto, se agravaram lá fora. Aqui dentro, o governo cortou impostos, forçou uma onda de redução das taxas de juros nos bancos e reduziu a taxa básica de juros da economia ao menor nível da história. A intenção: estimular o crescimento do país, incentivando a competitividade das empresas, o possível aumento de empregos decorrente disso e o consumo. “Mas não tem havido reação positiva”, afirma Sandra.

Ela avaliou como “medíocre” a geração de empregos no estado no período analisado, resultado, segundo analisa, de fatores como o agravamento da crise internacional e do endividamento dos consumidores no mercado interno. “O clima também é de menor confiança do empresário. Investir para ele é um risco. E isso inibe novas contratações”, acrescenta.

Um quarto elemento, de acordo com Sandra, tem travado a economia e a geração de empregos: o baixo investimento em infraestrutura. “É grave a situação, principalmente se considerarmos que temos uma Copa a caminho”, diz.

De acordo com dados fornecidos pela economista, a prefeitura de Natal investiu 2% da receita corrente no primeiro quadrimestre, quando a média nacional foi de 6%. O governo, por sua vez, investiu 0,8%, no mesmo período, contra uma média nacional de 3%.

Entre os principais investimentos previstos para o estado na área estão o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante – concedido à iniciativa privada – e as obras de mobilidade. (Foto: tribunadonorte.com,br)

Investimentos

De acordo com a gerente da unidade de Economia e Estatística da Fiern, Sandra Cavalcanti, é difícil prever se e quando o estado vai recuperar o nível de emprego, mas há uma certeza: “A retomada será difícil e vai depender de novos investimentos públicos e privados”.

Na esfera pública, o governo federal, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), anunciou, entre outras medidas, a  criação de uma linha de crédito no valor de R$ 20 bilhões, para financiar projetos de infraestrutura dos Estados. “É um estímulo para destravar o PAC, mas temos eleições próximas. Três meses antes e três depois não se pode contratar. Quem já tiver um projeto pronto até poderá aproveitar”, diz Sandra.

A indústria têxtil é, no âmbito privado, um dos setores que precisaria de novos investimentos para recobrar o fôlego. O número de empregados no setor caiu de 31.840 em dezembro para 30.477 em maio. O recuo foi motivado pela desativação de parte da produção da Coteminas na fábrica de São Gonçalo do Amarante – para dar lugar a um complexo imobiliário  – e pela crise nacional que atinge o setor, impulsionada por fatores como a perda de competitividade  diante de produtos importados. No RN, a atividade é um das que mais empregam, ao lado da construção civil, que tem 38.911 empregados, segundo dados da Fiern.

Na agropecuária, a entressafra de produtos como cana e melão impulsionam as demissões no início do ano, mas informações do setor indicam que a seca também afetou o mercado de trabalho. No total, a Fiern estima que o RN tem 573.473 trabalhadores com carteira assinada nas diversas atividades.

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