Pode o desenvolvimento soterrar a história?

24 de agosto de 2015

A foto da demolição de um antigo casarão situado na esquina da rua Nilo Peçanha com a rua Seridó, em Petrópolis, na manhã do último sábado (22), movimentou as redes sociais em Natal. A imagem gerou indignação de vários setores da sociedade, em especial os arquitetos e urbanistas potiguares. Diante da situação, a categoria mobilizou uma manifestação marcada para a tarde da segunda-feira (24/08).  Usando as redes sociais,  a população está sendo chamada a depositar flores nos escombros, como forma de manifesto dos estudantes e profissionais de arquitetura e urbanismo.

Foto: reprodução Whatsapp

Foto: reprodução Whatsapp

Os profissionais investigaram a existência de um processo ou alvará autorizando a demolição do casarão e questionam a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) sobre a agilidade incomum do trâmite burocrático. Confira o manifesto que circulou pelo Whatsapp no último fim de semana.

“Caros colegas, desde de ontem estiveram investigando se haveria processo ou até mesmo alvará para demolição do imóvel em questão. Hoje (domingo 23/08) finalmente conseguimos achar no sistema da Semurb. Há um processo de pedido de alvará de demolição aberto no último dia 21/08, sexta-feira, ou seja na véspera da demolição. Ainda verifica-se que o referido processo foi aberto às 12:48,  no final do expediente da Semurb. Não há, de pronto, nenhum impedimento legal para demolição do imóvel, a não ser que o mesmo seja tombado. Entretanto, considerando as características arquitetônicas do imóvel, o procedimento da secretaria é do de primeiramente ouvir o posicionamento da setor de patrimônio histórico ou mesmo do IPHAN, antes de emitir qualquer alvará de demolição ou mesmo de reforma.”

“O manifesto é para evitar que mais uma pá de cal seja jogada sobre os poucos exemplares que restam em Natal e que lutam ferrenhamente para não serem apagados da memória Potiguar”, declarou o arquiteto Rodrigo Gurgel em comunicado divulgado pela  classe dos arquitetos e urbanistas potiguares.

O RIOGRANDEDONORTE.NET apurou com a assessoria de imprensa da Semurb que as informações divulgadas no manifesto sobre os dados do alvará de demolição estão corretas, porém, pela tramitação normal, o processo ainda seria enviado ao setor de análise da Secretaria.  Diante disso, conclui-se que a demolição ocorreu antes que o processo fosse aprovado pela SEMURB.
Outra informação repassada foi que o casarão não estava na área de tombamento do bairro.

Classe dos arquitetos e urbanistas potiguares juntamente com representantes do Conselho dos Arquitetos – CAU, do Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB e do Sindicato dos Arquitetos – SINARQ realizaram uma manifestação na tarde da segunda-feira (24). (Foto: reprodução Whatsapp)

Classe dos arquitetos e urbanistas potiguares juntamente com representantes do Conselho dos Arquitetos – CAU, do Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB e do Sindicato dos Arquitetos – SINARQ realizaram uma manifestação na tarde da segunda-feira (24). (Foto: reprodução Whatsapp)

História

Segundo notícia divulgada pelo jornal  Tribuna do Norte, o casarão da Nilo Peçanha foi construído no começo do século passado, e por muitos anos abrigou o Conservatório de Música Frederico Chopin. Até pouco dias antes de ser derrubado, funcionava como churrascaria. Os traços arquitetônicos, reunindo elementos do barroco, colonial, e neo clássico, faziam do prédio um elemento diferenciado em meio a arquitetura local.

 

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Debate

Magna Costa 24/08/2015 às 23:39
Deve-se ter um olhar mais atento sobre o nosso patrimônio histórico e cultural. Independente de tombamento ou não as construções antigas são o DNA de um bairro, de uma cidade, de um país. Um pouco mais de sensibilidade com a história , neste caso acredito de uma arquitetura neoclássica, um estilo que vem como reação ao anti-barroco e ao rococò, evitaria situações de desgastes, talvez ...mais...
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