Pequenas inovadoras

10 de maio de 2012

AS MICRO E  pequenas empresas correspondem a 99,2% dos negócios do Rio Grande do Norte. Na cadeia do petróleo e gás, por exemplo, já representam um terço dos produtos e serviços adquiridos pela maior petroleira do país no Estado, a Petrobras.

Empregam cerca de quatro mil pessoas em todo Rio Grande do Norte. Mas as pequenas gigantes querem mais. Inseridas em um programa de aperfeiçoamento e certificação de qualidade, elas querem penetrar no setor de energias renováveis. De acordo com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), há pelo menos 150 empresas já inseridas na cadeia do petróleo e gás e prontas para atender o mercado de energias renováveis – eólica, solar e biomassa. Como os dois setores têm um avanço muito rápido, a necessidade de aperfeiçoamento é diária. “Esse mercado é muito exigente e elas obrigatoriamente precisam estar inovando”, diz o diretor técnico do Sebrae, João Hélio Cavalcanti.

Certificações como o ISO são uma busca constante dessas empresas. Segundo João Hélio, a atuação na cadeia de energia, petróleo e gás faz com que as pequenas se tornem mais competitivas em relação aos demais negócios que estão fora da cadeia.

Segundo o gestor, são esses certificados que abrem mercado para tais empresas. Por meio de um projeto criado pelo Sebrae em parceria com a Petrobras, onde a estatal é a demandante por serviços, foi possível preparar essas empresas para atender tal mercado. “Mediante a necessidade da Petrobras, vamos até as empresas e preparamos seu produto ou serviço de acordo com as especificações da estatal. Essa adequação que se faz é que permite a entrada delas nesse mercado”, explica.

Das 150 empresas que fazem parte do programa do Sebrae, 122 pertencem à Redepetro, uma rede de empresas formada especialmente para atender os negócios da cadeia de petróleo e gás. Os micro e pequenos negócios realizam serviços de manutenção, montagem, solda, pintura, confecção de fardamento, entre outros.

A entrada no segmento de energia, no entanto, está acontecendo aos poucos. Com as certificações, a qualidade adquirida e o grau de competitividade, João Hélio diz que as 150 empresas ficam automaticamente credenciadas para suprir as necessidades desse novo mercado. “Elas estão em constante certificação. Começaram com o ISO 9000, depois 9001, depois 14000, 18000 e agora 26000. Algumas foram até premiadas pela Petrobras”, detalha.

Mercado das energias renováveis exige aperfeiçoamento e renovação constantes (foto: Neli Terra)

EMPRESAS CRESCEM NA ESTEIRA DO PETRÓLEO E GÁS

A Engepetrol foi fundada há 25 anos, mesma época em que começou a fornecer peças e serviços de manutenção à Petrobras. A empresa mossoroense tanto presta serviço quanto comercializa as peças utilizadas na perfuração de poços de petróleo. São as roscas utilizadas nos tubos que perfuram a terra que são fabricadas pela empresa. A restauração das roscas também é contratada pela petroleira.

A gerente administrativa e financeira Jevânia Alves de Souza conta que a Engepetrol também fornece centralizadores para tubos, protetores de cabos, niples – que são conexões para inserir os tubos de perfuração e reduções.

Todos os materiais são utilizados nos tubos que perfuram os poços. A empresa foi a primeira mossoroense do setor a se certificar no ISO. Hoje também conta com o OHSAS, outro selo de qualidade.

Quando efetivar a mudança de sede, ainda este ano, a empresa passará a ser ISO 14000.“Sem dúvida enxergamos novas oportunidades. As certificações são imprescindíveis para que a gente se qualifique para a Petrobras e as outras empresas. Depois delas passamos a trabalhar com um leque maior”, explica. Multinacionais como Halliburton e Tuscany Drilling já foram clientes da Engepetrol, assim como empresas colombianas e o norte do Brasil, além de Rio de Janeiro, Espírito Santo e Salvador, também atendidos.

Para a gerente, as certificações são primordiais, principalmente para abrir o diálogo com as empresas da cadeia de petróleo e participar de eventos como as feiras. Há pelo menos quatro que a micro mossoroense não perde: uma em São Paulo, outra em Houston (Texas), uma na Escócia e outra no Rio de Janeiro.

“Com o know-how que acumulamos, estamos nos preparando para entrar na área de energia limpa.  Vamos nos mudar esse ano para a sede nova e vamos ter um parque maior, uma área dentro dos padrões internacionais. Temos intenção de comprar equipamentos para penetrar nesse mercado também”, garantiu a gerente.

A parceria já rendeu dois prêmios da Petrobras à Engepetrol. Na última semana de abril os diretores receberam dois títulos: o primeiro na categoria regional de melhor fornecedor local e o segundo foi na categoria de apoio às operações. Todo ano a estatal escolhe os melhores fornecedores e os premia.

A Conel Engenharia é outra que tem aproveitado as oportunidades. O diretor executivo da empresa, José Alves Sobrinho, diz que as certificações que têm recebido representam reconhecimento pela qualidade dos serviços prestados, além de agregar novos valores nos serviços e tornar a empresa mais competitiva.

NOVAS OPORTUNIDADES

Os processos de certificação pelos quais as empresas passaram ajudaram-nas a expandir os negócios para além do Rio Grande do Norte. Além da Petrobras  no  RN  e  Ceará,  muitas  delas já vendem para outros estados e até para fora do país. Por meio de missões empresariais organizadas pelo Sebrae, muitos fornecedores potiguares já visitaram compradores na Escócia, Canadá e Estados Unidos, por exemplo.

Foto: Magnus Nascimento (NJ)

João Hélio Cavalcanti, do Sebrae

“Há três anos levamos empresas a eventos nacionais e internacionais, onde elas podem fazer intercâmbio com empresas no mesmo ramo da Petrobras  em  vários  lugares  do  país  e do mundo. Elas trocam, inclusive, tecnologia”, frisa João Hélio.

Além do segmento de energia eólica, solar e biomassa, o diretor técnico do Sebrae aponta a Copa do Mundo de 2014 como um dos grandes catalisadores de oportunidades. Apesar das notícias não tão positivas que cercam o mundial, principalmente sobre o andamento das obras de mobilidade urbana, o gestor diz que muita coisa já está acontecendo e trazendo benefícios para os micro e pequenos empresários. “Fizemos uma cooperação com a OAS que está construindo a Arena das Dunas onde a demanda deles por bens e serviços de empresas, cronograma de obras e necessidades são repassados para nós, que encaminhamos aos empresários atendidos pelo Sebrae”, conta. O mesmo trabalho irá se repetir quando as obras de mobilidade tiverem início.

O próximo passo do Sebrae é lançar um hotsite com um cadastro para que diversas micro e pequenas possam se inscrever e apresentar de maneira breve seu portfólio de produtos e serviços.

A ideia é atender a demanda da Copa, que segundo ele deve trazer 356 oportunidades para os empresários do Estado.

 

Deixe seu comentário:

© 2015 RioGrandedoNorte.Net - Todos os Direitos Reservados

O RioGrandeDoNorte.Net seleciona as notícias mais importantes da semana a partir das mais confiáveis fontes de informação setorial. Em algumas delas, agregamos o noticiário de um assunto em um só item, ressaltamos (negritando) ou até comentamos (grifando) a notícia original, caso pertinente.