Jalmir Oliveira
DO NOVO JORNAL

A funcionária pública Margarete Xavier, 56 anos, chegou esbaforida à loja de informática de um grande shopping Center de Natal. Queria adquirir um novo smartphone, um dispositivo de telefonia móvel com acesso à internet. No dia anterior àquela compra, ela fora assaltada na porta de casa, no bairro de Ponta Negra, na zona sul da cidade. O bandido levou dois aparelhos Iphone, da empresa americana Apple, e o veículo da família. Mas a indignação ficou mesmo por conta dos dois telefones perdidos. “O carro até tem seguro, pode esperar, mas sem celular eu não posso viver. É indispensável”, assegura.

A situação da funcionária pública não é única. A cada minuto, dois novos telefones móveis são vendidos no Rio Grande do Norte. De janeiro de 2013 para cá, 1.253.888 milhão de novas linhas foram habilitadas, segundo dados de fevereiro da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL). O acesso à tecnologia também popularizou o uso da internet entre os potiguares. “Eu uso o celular para consultar e-mails, ler notícias e falar com as minhas amigas pelo Facebook. É bem mais pratico que usar um computador”, detalha Margarete Xavier.

É cada vez maior a parcela da população que utiliza o dispositivo móvel para se conectar. O fato é que o estado tem hoje 1,627 milhão de linhas com capacidade de acesso à internet, e isso representa mais da metade da população potiguar. Há cinco anos, a proporção de acesso era de apenas 1,6%. Neste período o serviço de banda larga móvel (3G e 4G) aumentou 3.526%, ou 35 vezes. Por sinal, 2009 foi um ano importante para a telefonia de dados, pois marca a entrada do Iphone3GS no mercado, o primeiro celular com acesso à internet a ter um grande volume de vendas.

Foto: www.bancariosro.com

No Brasil, segundo o Instituto Datafolha, mais de 84 milhões de pessoas estão conectadas à internet. O uso através do celular é feito por 43 milhões de brasileiros. O smartphone já é considerado a forma mais popular de acesso. No uso diário, a preferência é pelas redes sociais. O Facebook, maior empresa do setor, contabiliza 71,4 milhões de brasileiros cadastrados.

De acordo com o Datafolha, outra rede apresentou crescimento exponencial. O WhatsApp já representa 12% dos acessos. A empresa gestora do serviço de mensagens, recentemente comprado pelo Facebook, contabiliza que 38 milhões de pessoas utilizam mensalmente o serviço de mensagens no Brasil.

Para Márcio Eduardo da Costa, professor e vice-coordenador do curso de Engenharia de Telecomunicações da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o crescimento da telefonia móvel está ligado ao crescimento do poder aquisitivo da população. “Houve um aumento da demanda por este tipo de serviço. 2010, aliás, foi um marco para a telefonia. O número de linhas ultrapassou o da população brasileira”, afirma.

Em fevereiro, de acordo com a Anatel, o Estado fechou com 4.561.625 de linhas ativas na telefonia móvel. Vale destacar que a população norte-rio-grandense foi estimada em 3.373.959 pelo IBGE, em 2013, o que explica uma teledensidade de 134,97 acessos por 100 habitantes.
O Brasil conta, hoje, com 272,72 milhões de linhas.

O uso do celular se populariza pela facilidade do manuseio e a comodidade para acessar a internet em qualquer lugar. De todas as linhas móveis entre os potiguares, 36% estão conectadas à internet. Essa proporção era de apenas 14,8% em 2012.

Hoje, mais de 99% das linhas potiguares com acesso à internet utilizam o padrão 3G, também conhecido como sistema WCDMA (Voz e dados). Outros 1% utilizam a tecnologia 4G, o padrão LTE, iniciado em abril do ano passado.

A Claro lidera o mercado potiguar em banda larga móvel (3G e 4G) em 2014, com 735 mil linhas, enquanto a TIM fica em segundo lugar, com 462 mil linhas. Em terceiro lugar está a OI, com 327 mil linhas e, por último, a VIVO, que alcançou a marca de 101 mil linhas.

Apesar da grande diferença de participação entre os padrões de dados, o novo sistema – internet com velocidade até dez vezes superior às redes atuais – teve suas vendas aumentadas em 5.118% nos últimos seis meses. Até agora, foram vendidas 18.484 linhas em todo o território potiguar.

“As pessoas estão migrando dos modelos simples, aqueles que servem apenas para voz, para os mais sofisticados, com internet. É uma mudança de comportamento. O usuário quer permanecer conectado à internet o maior tempo possível”, avalia Leonardo Munin, analista de mercado da IDC, uma empresa norte-americana de consultoria em inteligência empresarial e tecnologia.

O mercado de smartphones no Brasil, hoje, é o quarto maior do mundo. Só está atrás da China, Estados Unidos e Índia. “Acredito que chegaremos ao topo, proporcionalmente ao número de habitantes, em dois anos”, afirma. Munin explica que a telefonia móvel cresceu 123% frente a 2013. O setor foi impulsionado por dois fatores econômicos. O primeiro foi a desoneração dos smartphones fabricados no Brasil. O Governo Federal zerou a alíquota do PIS/Cofins em março do ano passado. Com isso, os aparelhos tiveram o preço final reduzido em até 30%. A ajuda beneficiou apenas aos celulares com faixa de preço de R$ 1,5 mil.

Outra mudança foi o planejamento estratégico das operadoras de telefonia e do varejo de informática. “Houve uma ampliação da oferta de produtos. As lojas de informática, por exemplo, estão dispensando uma maior parte do espaço físico para exposição de smartphones”, detalha.

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