Notícia publicada no caderno de Cidades do Novo Jornal:

A prefeitura de Natal vai cobrar do Governo do Estado o pagamento de R$ 5 milhões referente à taxa de limpeza pública para evitar que as empresas de coleta de lixo parem de trabalhar de vez a partir de amanhã. Segundo o prefeito Ney Lopes Júnior o pagamento de parte da dívida com as empresas depende, agora, do governo. Ney Lopes disse que foi informado pelo presidente da Urbana, João Bastos, que caso a Prefeitura não pague à Líder, à Marquise e à Trópicos, a coleta do lixo doméstico da cidade vai ser paralisada. “Depende da governadora Rosalba Ciarlini”, afirmou o prefeito, que também pertence ao DEM, mesmo partido da chefa do executivo estadual.

Foto: riograndedonorte.net

Ney Lopes esteve ontem na Governadoria para uma audiência com Rosalba Ciarlini, mas a governadora cumpria agenda em Mossoró. Uma nova tentativa será feita hoje pela manhã. No entanto, não deve sair otimista do possível encontro. O secretário estadual de Comunicação, Alexandre Mulatinho, afirmou que a dívida ainda está em processo de reconhecimento. E mesmo que o pagamento seja autorizado pela governadora, não tem data para ser feito.

“Essa foi uma dívida que a Prefeitura apresentou, mas está em processo de reconhecimento de dívida de exercício anterior. Tem que ver orçamento, o financeiro. Não é apresentou e pagou. Nem existe prazo”, disse o secretário.

A dívida da Urbana com as três prestadoras que fazem a coleta e a Braseco, que administra o aterro sanitário de Ceará-mirim, ultrapassa os R$ 40 milhões. Ney Júnior comentou que já pediu à Secretaria Municipal de Planejamento para calcular a disponibilidade de recursos da prefeitura para tentar renegociar a dívida e acalmar os empresários.

“Paralelamente à ajuda que iremos buscar com a governadora, vou atrás de recursos para pagar o mínimo necessário às empresas para que não parem. Até porque cada dia sem coleta são três para recuperar. Não podemos permitir a paralisação de um serviço essencial”, afirmou.

URBANA
O presidente da Urbana, João Bastos, disse que o prefeito Carlos Eduardo deve herdar uma dívida de R$ 50 milhões da companhia. A Marquise é a empresa que mais tem dinheiro a receber: R$ 26 milhões. São mais R$ 5 milhões à Lider, R$ 4,5 milhões à Tropicos e R$ 5 milhões à Braseco. “Essas são as grandes empresas, mas juntando com as pequenas a Urbana deve chegar ao final do ano devendo cerca de R$ 50 milhões. A governadora disse que ia pagar, confiamos na palavra dela, mas até o momento não entrou um centavo”, afirmou Bastos, que tem pago um mês sempre que a folha vira.

Prefeitura Municipal não tem caixa para folha

A dívida milionária com as prestadoras de serviço na área de coleta de lixo não é o principal problema enfrentado pelo terceiro prefeito a assumir o palácio Felipe Camarão nos últimos 45 dias. A folha de pagamento de dezembro também corre sério risco de não fechar. Ney Lopes Júnior afirmou que, hoje, o caixa da prefeitura tem R$ 7 milhões. E só a folha do funcionalismo é de R$ 40 milhões. Mesmo com o que ainda vai entrar no caixa – de impostos e taxas oficiais – não será possível fechar a conta. Os recursos para completar os salários dos servidores virão – se vierem – de outras fontes. “A secretaria de planejamento já me disse que, contabilizando o que tem e o que ainda vai entrar devemos chegar a 60% da folha. O restante teremos que buscar formas alternativas”, disse o prefeito que aguarda e torce pela liberação pela Justiça de R$ 3 milhões bloqueados da conta da Prefeitura.

Apesar do curto período de quatro dias como prefeito de Natal, Ney Lopes Júnior já avalia de forma mais concreta a real situação da Prefeitura. À reportagem, ele disse que não imaginava que fosse encontrar Natal da maneira como está. “Eu pensei que a situação fosse complicada, mas está caótica. Mesmo assim não medirei esforços para minimizar esses problemas, já que para resolver não dá mesmo”, disse.

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