Notícia publicada na Tribuna do Norte:
O grande desafio dos produtores de sal do RN é atingir a capacidade de produção, que é de 5,5 milhões de toneladas. De acordo com o vice-presidente do Sindicato da Indústria de Extração de Sal do Rio Grande do Norte (Siesal/RN), Airton Torres, a expectativa é que sejam produzidas 5 milhões de toneladas de cloreto de sódio em 2013 pelos municípios de Mossoró, Areia Branca, Macau e Galinhos. Deste total, menos de 10% será exportado.
A produção referenciada é dividida pelas 35 salinas que compõem o Sindicato. Atualmente, a maior produção é do Grupo Salinor, detentor de inúmeras salinas no Estado que juntas, produzem aproximadamente 2,3 milhões de toneladas do produto. Em segundo lugar, está a Salina Diamante Branco, que extrai entre 400 e 500 mil toneladas por ano. São elas, nos dias de hoje, as salineiras que utilizam o Porto-Ilha de Areia Branca para escoar a produção. “A expectativa é de que mais duas empresas do setor voltem a operar no terminal salineiro”, comenta Airton Torres.
Sobre a polêmica que envolve as indústrias salineiras e o Ibama, que aplicou multas milionárias durante a Operação Ouro Branco, deflagrada em fevereiro deste ano, o vice-presidente do Sindicato prefere manter a discrição quanto aos comentários. “Nós fomos a Brasília e foi celebrado um acordo informal para que todas as notificações fossem transferidas para o Idema”, afirma. As multas, da ordem de R$ 80 milhões, não chegaram a ser pagas pelos empresários do setor. Durante três anos, o Ibama fiscalizou Areas de Proteção Permanente (APPs), que incluem manguezais e de cursos d’água ocupadas pelas salineiras no litoral Norte do Estado. No total 35 empresas foram visitadas. Todas as empresas apresentaram defesa e o processo está em tramitação.
Porto é administrado por engenheira
Ela é responsável por comandar quase 100 homens. Tem 27 anos e é a primeira mulher a assumir a gerência do Terminal Salineiro de Areia Branca. Engenheira civil com especialização em Gestão Ambiental, Tassyla Talyne Barbosa assumiu a missão de gerenciar o Porto-Ilha há pouco mais de um ano. “Chocou um pouco. Houve um receio generalizado. Mas hoje há um respeito profissional muito grande e eu não tenho nenhum problema”, afirma. Além de Tassyla, outras três mulheres desempenham suas funções na plataforma salineira: são duas enfermeiras e uma responsável pelo almoxarifado.
No terminal, cujos trabalhadores se revesam em escalas de 7 por 7 dias de trabalho, a recepção é calorosa e a imensa estrutura, de longe, assusta e encanta ao mesmo tempo. Tassyla, porém, tem um ponto de vista diferente. “É como se fosse uma casa em alto mar”. Sobre os desafios que enfrenta desde que assumir a gerência do Terminal, ela destaca que a “experiência é muito produtiva e que todos os dias há algo a novo a ser aprendido”. O Porto-Ilha foi construído numa falha geológica natural, nas proximidades do município de Areia Branca. A estrutura de sustentação da plataforma tem aproximadamente 15 metros de profundidade.
De acordo com Tassyla Barbosa, desde que a estrutura foi duplicada, a vazão de carregamento por hora saltou para 2,5 mil toneladas, o que possibilita ganho de tempo no enchimento dos navios. No Porto-Ilha, é possível armazenar até 150 mil toneladas de sal. Por mês, até quatro cargueiros atracam no local para levarem sal para diversos países, além de abastecer o mercado interno. “É um trabalho duro, a começar pela travessia de barco. Mas já me acostumei. É muito gratificante”, ressalta Tassyla Barbosa.
O passado do porto
Único no mundo, o Porto-Ilha de Areia Branca é um projeto que remonta à década de 1950.
1958
O movimento de construção dos terminais salineiros que serviriam de estágio primordial para o desenvolvimento econômico do RN foi iniciado.
1970
A empresa americana Soros Associates Consulting Engineers projetou o Porto-Ilha. A obra foi executada pela Termisa ao custo 35 milhões de dólares.
1973
A principal dificuldade na construção era a forte correnteza submarina, ventos de alta velocidade e recifes de corais. Por essas razões, a empresa americana Ingram cancelou o contrato que tinha com a Termisa. Projeto quase foi abandonado.
1974
Numa das suas últimas ações como representante do Governo Federal, o então ministro Mário Andreazza inaugurou o Porto-Ilha de Areia Branca no dia 01/03/74.
1997
O setor salineiro potiguar enfrentou uma grande crise. O sal local custava, por tonelada, até R$ 21,80 quando chegava no Porto de Santos, enquanto que o sal importado era comercializado ao custo de R$ 18,02, por tonelada, segundo levantamento da Fiern.
2005
A ampliação do Porto-Ilha de Areia Branca foi anunciada pelo Governo do Estado. Seriam investidos R$ 22 milhões, através do Ministério dos Transportes. Com a ampliação, a capacidade de carga sairia de 37 mil toneladas para 75 mil toneladas.
2012
Após dois anos de obras, a ampliação do Porto-Ilha de Areia Branca é concluída. Financiada pelo Plano de Aceleração do Crescimento, a intervenção custou R$ 270 milhões e duplicou a área útil do terminal salineiro.
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