Quadrilha que clonou mais de 100 mil cartões é presa no RN

7 de dezembro de 2012

Notícia publicada no caderno Cidades do Novo Jornal:

A Polícia Civil do Rio Grande do Norte deflagrou ontem pela manhã a Operação “Clone”, que teve o intuito de desbaratar uma quadrilha de falsificação de cartões de crédito. Ao todo foram presas 19 pessoas, em Natal, no interior do estado, e até em São Paulo. Só em cartões de crédito foram apreendidos 100 mil em Ribeirão Preto e mais de 300 em Natal. O grupo atuava em vários estados do país, sobretudo do Nordeste, sendo o Rio Grande do Norte o principal. Estima-se que desfalque gerado pelo grupo chegue aos R$ 3 milhões.

Foto: wsantacruz.com.br

Eram por volta das 5h quando a polícia, com cerca de 200 homens, começou a agir. Foram 28 mandados de prisão temporária e 32 de busca e apreensão. Pela manhã, 19 já estavam detidos (17 no RN e dois em São Paulo), dentre falsificadores e funcionários de estabelecimentos comerciais. Até um vereador eleito de Rio do Fogo – distante 81 quilômetros de Natal, e um policial civil estão entre os nomes investigados e detidos.

A forma de agir do bando para conseguir os dados das vítimas era toda digital. Por meio de um vírus instalado em computadores de lojas espalhadas pelo Rio Grande do Norte, além da Paraíba, Pernambuco e Alagoas, os falsários conseguiam os dados – contidos nas tarjas magnéticas – dos clientes.

“Eles utilizavam o vírus de computador e dados do comprador eram mandados direto para o email do falsário”, afirmou o delegado Júlio Costa, da Delegacia de Falsificações e Defraudações, que comandou a operação. Depois era só fazer a clonagem. Quase R$ 3 milhões é o prejuízo que o grupo gerou com seus golpes. “Cada falsário ganhava entre R$ 20 e 30 mil por mês”, revelou o delegado.

Para instalar o vírus, era preciso a utilização de um pen drive nos computadores. Era aí que entravam os funcionários dos estabelecimentos comerciais. Três funcionárias da Rede Hiper Bompreço estavam envolvidas com a quadrilha. Elas ganhavam R$ 50 por cada cartão clonado, cerca de R$ 1,5 mil por semana. A ajuda à quadrilha também vinha de um funcionário do Banco Santander. Ele era responsável por abrir contas falsas para membros do bando.

Apesar da maioria das prisões ter acontecido no estado – Natal, Parnamirim, Extremoz, e Santa Cruz –, “o coração do esquema era em São Paulo”, como explicou o delegado geral da Polícia Civil do RN, Fábio Rogério. Em Ribeirão Preto dois foram detidos. Samir Gomes Elias é apontado como o fornecedor do vírus e Paulo Henrique Amaral seria o responsável pela criação da ferramenta. A quadrilha era dividida em quatro núcleos independentes, porém era toda articulada. “Quando um membro de um deles era preso, todo o grupo se articulava para tirar ele da prisão”, disse Júlio Costa.

Diversos cartões de crédito falsos, e mais impressoras, computadores, hologramas, máquinas leitoras de cartão de crédito e débito, além de um Palio de cor prata – que teria sido comprado com o dinheiro adquirido nos golpes – estiveram entre as apreensões da polícia. As investigações vêm se desenrolando há algum tempo. É um trabalho de nove meses. Apesar do primeiro inquérito datar de fevereiro, as investigações começaram em março, quando uma vítima procurou a polícia.

A quadrilha agia há aproximadamente cinco anos e a polícia acredita que haja mais envolvidos além das 28 pessoas já identificadas. Mais prisões poderão ser efetuadas nos próximos dias. Ontem mesmo era esperado que um dos acusados se entregasse, mas até o fechamento desta edição isso não ocorreu. Os presos permanecem no Núcleo de Custódia e em Centros de Detenção Provisórias espalhados por Natal e Região Metropolitana.

Vereador está foragido

O vereador eleito Francisco Silvanei dos Santos (conhecido como o “Francisco do Peixe”), de Rio do Fogo, teve o mandado de prisão expedido pelos policiais da Operação Clone. Ele é acusado de estelionato por ter se aproveitado dos cartões clonados para comprar bens. Era assim que os membros do grupo agiam: usavam a função crédito dos cartões para adquirirem produtos.

Porém, até ontem, o acusado não tinha sido encontrado pelos policiais e nem se apresentado à polícia. Francisco do Peixe, segundo o site do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE/RN) foi eleito nas eleições de 2012, pelo PMDB, com 478 votos, que estatisticamente significou 5,14% do eleitorado da cidade.

Um policial civil também teve prisão temporária expedida, mas ele não tinha relação direta com a quadrilha. Segundo o delegado Júlio Costa, o agente teria aceitado propina para esconder as fraudes do bando. “Ele vai ser indiciado por corrupção passiva”, adiantou.

“Cegonha” é preso pela segunda

O corretor de veículos Arikson Moisés de Sousa, mais conhecido como “Cegonha”, preso ontem por envolvimento na “Operação Clone”; já havia sido detido este ano por fazer parte da quadrilha que foi desarticulada na operação “Outras Faces”, que aplicava golpes usando nomes de pessoas já falecidas em compras com cartões de créditos falsos, financiamento de veículos de luxo e abertura de empresas fantasmas.

Na época, Arikson Moisés foi o último dos oito envolvidos nas fraudes a ser detido. Em agosto, ele havia alegado inocência ao se entregar. Agora está mais uma vez na mira da polícia. A operação Outras Faces ocorreu em agosto deste ano. O esquema ficou conhecido após ganhar repercussão nacional com uma reportagem especial do Fantástico, da Rede Globo.

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