Daniel Turíbio

Daniel Turíbio é jornalista da agência Smartpublishing Mídias em Rede. Já trabalhou com mídia impressa, rádio e assessoria de comunicação. Reside em Natal/RN.

RN – Tecnologia nas mãos da nova classe média

27 de agosto de 2012

Deu na editoria Cidades do Diário de Natal:

Planos de telefonia onde se gasta R$ 0,25 para falar por tempo ilimitado, pacotes promocionais de baixo custo que convergem TV por assinatura, celular e internet. Essas e tantas outras facilidades que as empresas de telecomunicações mensalmente lançam no mercado têm possibilitado que todas as pessoas, independente de classe social, tenham acesso a esses serviços, antes privilégio de poucos abastados. Hoje em dia, a população de baixa renda tem cada vez mais acesso à informação e os celulares reúnem tantas funções que o fato de realizar chamadas por pouco não passa despercebido. A melhoria da qualidade de vida da população tem permitido que cada vez mais pessoas usufruam de tecnologia e outros recursos, além de ainda conseguir administrar o salário para ter uma vida social aos finais de semana.

Foto: folhapaulistana.com.br

Para o cobrador de ônibus Sérgio da Silva, que possui um smartphone com acesso à internet e tantos outros aplicativos, seu celular tem e faz tudo por ele, “menos dinheiro”. Além de estar sempre atualizando seu celular por aparelhos mais modernos, Sérgio conta que a saída nos finais de semana com os amigos são de lei e que “tem uma vida boa”, apesar dos malabarismos financeiros que o brasileiro tem que fazer.

Na década de 1990, ter um telefone móvel era um luxo para poucos. Com a globalização e a disseminação das novas tecnologias, já nos anos 2000 o uso de celulares, acesso à internet, TVs por assinatura e outros antigos “privilégios” da classe social alta passaram a ser popularizados. Atualmente, a moda dos smartphones que funcionam com mais de um chip, têm acesso a internet, bluetooth e tantos outros aplicativos está ao alcance de todos. Erivaldo Santos, soldador, Ronaldo Pereira, carpinteiro e Charles Correia, pedreiro, são claros exemplos de como as facilidades do mercado de comunicações melhoraram suas vidas. Todos eles possuem smartphones. Eles contam que não têm internet, nem TV por assinatura em casa, mas por meio de seus aparelhos podem acessar a internet e ficar sabendode tudo que acontece no mundo e com seus amigos.

Uma vida social ativa também deixou de ser um privilégio de poucos e o jeitinho brasileiro tem ajudado a população com menos recursos financeiros a administrar melhor sua qualidade de vida, como é o caso da empregada doméstica Alciene Lima. Há sete anos na profissão, divorciada e mãe de três filhos, ela conta que possui não apenas um celular tipo smartphone, mas que também costuma trocar de aparelho a cada oito meses, no máximo um ano. A quantidade de funções dos aparelhos e as promoções são o que mais lhe chamam atenção. Ela diz ainda que troca os celulares dos filhos a cada cinco meses e a diversão do final de semana também está sempre garantida.

A renda mensal de Alciene Lima gira em torno de R$ 1.300, já que trabalha como doméstica e tem kitnets alugados. Além dos aparelhos celulares, em sua casa ela possui acesso à internet via rádio, duas televisões e ainda arca com as “baladas dos dois filhos mais velhos” que, segundo ela, saem quase todos os dias da semana. “Eu mesma gosto de sair todo final de semana. Vou pra balada, praia, seresta e saio para fazer novas amizades. É de regra e de lei”.

Crise ajudou

Engraxate Francisco de Assis: internet por meio do celular. (Foto: Ana Amaral)

Para a MBA em Gestão de Negócios, Vânia Regina Formighieri, que esteve em Natal para falar sobre os avanços tecnológicos para as classes C e B em um evento de uma loja de informática, o aumento do acesso dos brasileiros de menor renda aos recursos tecnológicos foi alavancada pela crise econômica mundial de 2009.

Segundo a especialista, no Brasil e no mundo após a crise, houve uma soma de fatores: o desemprego caiu e a tecnologia ficou mais barata, devido aos incentivos fiscais dos governos. A partir daí, as empresas passaram a produzir celulares, computadores e até tablets a preços mais populares, justamente para atender a essa demanda que tem emergido das classes menos abastadas que, agora, contam com renda fixa e maiores condições de financiamento. “É uma classe que hoje tem dinheiro, que conta cada vez mais com facilidades de crédito e que quer ter tudo oque não possuía antes”, diz Vânia Regina.

O lado negativo desse processo de universalização das tecnologias de informação, segundo a especialista em Gestão de Negócios, foi como tudo teve início, com a enxurrada de produtos chineses baratos e de baixa qualidade no mercado brasileiro. Contudo, ela vê uma evolução muito positiva da população quanto a esse quesito. Vânia Regina diz que, com o passar do tempo e com as tecnologias sendo produzidas a preços populares, o próprio consumidor percebeu que era melhor adquirir produtos legítimos e de qualidade, com pouca diferença no preço.

Operadoras não estão preparadas para a demanda criada

Para o economista e diretor de curso de Gestão Financeira de uma universidade do estado, Janduir Oliveira da Nóbrega, nos anos 2000 a população brasileira experimentou uma melhoria na sua condição de vida, mas o que efetivamente levou à situação atual de popularização dos serviços de telefonia móvel e internet sem fio foi o fato da telefonia celular ter sido entendida de forma diferente pelo brasileiro. O que, inicialmente deveria servir para localizar pessoas em longas distâncias e em um curto espaço de tempo, passou a ser usado como fonte de informação e interação.

Quem não tem mais de um aparelho, para aproveitar promoções de diferentes operadores, tem um aparelho com mais de um chip. Trabalhando há mais de 17 anos como engraxate nas ruas do centro da cidade, Francisco de Assis, conta que não tem acesso à internet em casa, mas isso não é problema já que seu celular acessa, além de funcionar com dois chips.

Para Janduir da Nóbrega, as promoções oferecidas pelas operadoras são o grande atrativo. “Hoje em diaos pré-pagos são grande maioria. Uma pessoa bota R$ 5 ou R$ 10 em créditos no celular e fala 50 minutos ou mais. A série de promoções que as operadoras oferecem levaram ao consumo em massa desses serviços de telefonia por parte do consumidor de baixa renda”, explica ele.

Contudo, o economista alerta para o fato de que em tudo há prós e contras. O lado positivo desse processo é a democratização da informação, onde pessoas que antes não tinham acesso às informações agora têm e cada vez mais rápido. O lado negativo é que, mesmo incentivando o aumento do consumo, as operadoras não estão preparadas ou não conseguem acompanhar satisfatoriamente o aumento dessa demanda. “Até a Copa do Mundo no Brasil, alguma solução terá que ser encontrada para frear essa velocidade de promoções. Fato é que o crescimento do mercado é superior à capacidade de inovação tecnológica e de investimento das empresas de telecomunicações”, diz Janduir.

Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em junho, o Brasil já tinha aproximadamente 37 milhões de linhas de telefone móvel, pré e pós pagas, o que significa cerca de 130 linhas para cada 100 habitantes . No Rio Grande do Norte, no mesmo mês, foram habilitadas 4.296.349, seguindo a média nacional de cerca de 131 linhas criadas para cada 100 habitantes. A demanda pelas Tvs por assinatura também é crescente. No RN, em junho, foram 157.670 assinaturas do serviço, 805 a mais que o mês de maio deste ano.

No setor de Tvs por assinatura, algo não tão popular quanto a telefonia móvel, os números de assinaturas cresceram consideravelmente na década 2000, mas estagnaram desde 2008. Contudo, a quantidade de contratos impressiona. Dados da Anatel apontam que, atualmente, já são 90,8 milhões de assinaturas em todo o Brasil, um país de 192 milhões de habitantes. A TV a cabo é a modalidade mais comum no Rio Grande do Norte e a preferência de 57,6% dos brasileiros que têm o serviço em casa. Para os especialistas, “nunca foi tão fácil buscar informação”.

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