Notícia publicada na Tribuna do Norte:
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) comprou ontem 12 mil toneladas de milho para atender o Rio Grande do Norte e espera – com esse reforço – normalizar a oferta do produto a partir de junho no estado.
As 12 mil toneladas compradas ontem foram arrematadas em leilão e fazem parte de um bolo maior, de 28 mil toneladas, das quais 16 mil devem atender a Paraíba. No Rio Grande do Norte, o milho deve ser entregue entre 6 de junho e 12 de julho e deve melhorar os níveis de estoque da Conab, hoje reduzidos a 10% da capacidade total de 34,5 mil toneladas.
O produto, arrematado em um leilão anterior, chegou com quase um mês de atraso, o que deixou produtores em níveis “críticos” de estoque e causou tumulto na distribuição realizada ontem pela manhã, na unidade. Das 5,5 mil toneladas arrematadas neste leilão, anterior ao de ontem, somente 400 toneladas foram entregues de segunda-feira até ontem.
Com a notícia da chegada das carretas houve grande movimentação de produtores vindos de vários pontos da cidade. O microprodutor João Gomes Filho, de Portalegre, na região Alto Oeste, chegou às 4h da manhã e conta que recebeu a ficha 245, na organização feita entre eles. “Houve tumulto, confusão, mas eles acabaram atendendo todo mundo com até 10 sacas (600 quilos)”, afirma.
Durante cerca de três semanas, as vendas estiveram suspensas devido a problemas na logística de transportes do produto vindo do Mato Grosso. A demora somada a diferença de valores praticados no mercado justificam a alta procura. João Gomes estima que para adquirir os mesmos 600 quilos no varejo desembolsaria cerca de R$ 550 a R$ 570. “Pela Conab, gastei R$ 182. O ideal seria poder comprar mais, mas já dá um alívio para o gado”, afirma.
A gerente de unidade Zozimara Silva dos Santos, conta que há menos de dois anos cerca de mil produtores rurais eram atendidos. Com a seca, o número saltou para quase 4 mil. “Mas o volume (de milho) é o mesmo que antes”, afirma.
Para contornar o tumulto ontem, foi feito o atendimento a todos que buscavam a cota de até 600 quilos. Para os demais produtores os atendimentos foram agendados para os dias 23,24 e 27 deste mês.
Por dia, são atendidos cerca de 80 pessoas e comercializadas em torno de 150 a 170 toneladas de milho na unidade. “Acredito que, por dia, até a segunda-feira atenderemos 200 toneladas/dia”, afirma Zozimara Silva. A previsão é que mais duas carretas cheguem à unidade até o final da semana, segundo a gerente. Do novo leilão, a unidade terá outras 3 mil toneladas garantidas.
As 28 mil toneladas de milho em grãos ensacado, de produção nacional, arrematados em leilão, serão entregues pelos vencedores diretamente nos armazéns e pólos de distribuição da companhia nos no RN e Paraíba, para posterior comercialização, a preços subsidiados, por meio do Programa de Vendas em Balcão, a pequenos criadores e cooperativas de municípios atingidos pela estiagem prolongada.
Possibilidade de importação é descartada
A Conab Nacional descartou a possibilidade de importação do produto da Argentina ou de outro país para incremento do embarque para o Rio Grande do Norte, à exemplo do ocorrido na Bahia.
Por meio da assessoria de imprensa, a Companhia Nacional de Abastecimento explicou que no caso específico da Bahia, as 20 mil toneladas de milho foram adquiridas por leilão pela Nidera, uma empresa nacional que, ao vender o milho para o governo, assumiu o compromisso de entregar a carga, a granel, nos armazéns portuários do estado vizinho.
“Por questão logística, o vendedor optou por deslocar para Salvador uma carga que vinha da Argentina e iria para os Estados Unidos. Este é um caso isolado, uma decisão da fornecedora (Nidera)”, informou a Conab.
Notícia publicada na Tribuna do Norte:
O atendimento aos produtores, explica João Lúcio, superintendente da Conab no Rio Grande do Norte, será normalizado até junho com a previsão da continuidade das remessas de um leilão anterior, emergencial (5,5 mil toneladas) e de início da entrega do novo leilão (12 mil toneladas).
O leilão realizado ontem foi o terceiro com vistas a atender a demanda potiguar. Os dois certames anteriores previam a compra do milho a granel para entrega no Porto de Natal e doação ao estado para comercialização aos criadores. Os leilões, porém, foram considerados desertos – não houve empresas interessadas em operar com entrega por via portuária. Por esse motivo a entrega deverá ser feita pela modalidade rodoviária.
“A mudança para modalidade rodoviária foi bem sucedida, contudo, traz “perdas” para o Estado”, diz o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do RN (Faern), José Vieira. “Antes havia perspectiva de dois volumes, um de 18 mil toneladas e outro de 12 mil toneladas, que se restringiu ao último. É preciso aumentar o volume de embarques para o RN”, disse ainda, ressaltando que os armazéns continuam em dificuldade e os produtores não são atendidos com a cota cheia.
Com a estiagem prolongada – para atender a demanda que quase quadruplicou – foi preciso reduzir pela metade a quantidade de sacas a que cada produtor tem direito. A cota de compra caiu de 14 toneladas para até 6 toneladas por produtor. Uma portaria interministerial (número 220/12) baixou o preço por saca de 60kg, vendido a R$ 18,12 reais para quem compra até 3 toneladas e de R$ 21,00, para até 6 toneladas.
A portaria vence em 31 de maio. Caso não seja novamente prorrogada, o milho comercializado após essa data poderá sofrer reajuste. “A previsão é que seja anunciada a prorrogação e continue nos mesmos patamares”, afirma.
Na primeira quinzena de maio, a Conab recebeu 3,2 mil toneladas do grão oriundo do Mato Grosso, que foi vendido a pequenos e médios produtores rurais nas seis Unidades Armazenadoras (UA’s) localizadas em Assú, Caicó, Currais Novos, Mossoró e Natal – e nos polos de venda de João Câmara e Lajes. A maior venda no período foi registrada em Caicó, pouco mais de mil toneladas.
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