Dados divulgados ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) confirmam o Rio Grande do Norte como o estado com a maior perda de área plantada e de produção de grãos do país, na safra 2011/2012. Os dados mostram queda de 87,4% na área e de 89,9% na produção, fortemente atingida pela seca.
O levantamento traça um quadro praticamente inalterado em relação ao divulgado em junho, mas mais definitivo, diz o analista de Mercado de Produtos Agrícolas da Conab RN, Luís Gonzaga Costa. Ele explica que nas principais regiões produtores do estado, com destaque para o Alto Oeste, não há previsão de chuvas nem de melhoria no cenário.
No litoral leste – que engloba municípios como São José de Mipibu e Nova Cruz – culturas como as do milho e do feijão podem, entretanto, experimentar crescimento porque o período chuvoso é mais tarde e, além disso, há lavouras irrigadas.
PREJUÍZO
Crescimento é, entretanto, uma exceção na safra, cujo plantio já foi encerrado e cuja colheita se estende até outubro.
No caso do Rio Grande do Norte, estima-se uma perda de 89,6% na produção de feijão e de 91,9% no milho. As culturas de algodão e sorgo também registram recuo superior a 80%. No caso do girassol, a perda de produção chega a 100%, assim como para a mamona.
Entre os produtos selecionados no levantamento, o arroz aparece como o menos afetado: com redução de 27,3% na área – a segunda maior queda do Nordeste – e de 30,3% na produção.
A forte estiagem registrada na região do semiárido nordestino é apontada como responsável pelos prejuízos que também são registrados em outros estados.
Eledon Pereira de Oliveira, técnico da área de avaliação de safras da Conab Nacional, explica, entretanto, que “a situação climática no RN foi mais adversa e que a área em que está chovendo é bem menor do que em outros estados”. Esses dois fatores levaram o Rio Grande do Norte a registrar perdas mais expressivas.
“O estado foi todo prejudicado. A produção é muito pequena no litoral. A faixa seca foi muito prejudicada”, disse ele. “Vamos torcer para que as condições no próximo ano sejam mais favoráveis”, acrescentou ainda.
O levantamento da Conab inclui todos os estados da federação e foi realizado no período de 19 a 22 de junho.
Com produção menor, Estado recorre a programas de Governo
Como a produção do Rio Grande do Norte é insuficiente para atender a demanda, mesmo em anos normais de safra, as perdas de produção obrigam o estado a comprar produtos em outros mercados, em maiores quantidades. E a recorrer a programas governamentais.
O milho é um dos produtos que retratam essa realidade. De acordo com o analista da Conab, Luís Gonzaga Costa, o Rio Grande do Norte tem um consumo estimado de 170 mil toneladas do produto e normalmente produz 55 mil toneladas. Este ano, a produção caiu para cerca de 4 mil toneladas.
Maior consumidora de milho no estado, a pecuária – incluindo avicultura, bovinocultura, caprinocultura e suinocultura – supre o déficit com a ajuda de programas governamentais como a venda em balcão para pequenos criadores. Por meio desse instrumento, eles têm direito a comprar cotas de milho a preços subsidiados. Os grandes criadores, por sua vez, participam de leilões para comprar o produto.
A seca também afetou pastos para alimentação dos rebanhos e outras culturas de sequeiro, como a de castanha – que vai ser colhida entre os meses de setembro e outubro. “A escassez de água foi sentida pelos cajueiros e a tendência é de quebra da produtividade”, diz Gonzaga, da Conab.
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