O Rio Grande do Norte, desde ontem, tem um novo gestor à frente do cargo de Superintendência Federal de Pesca e Aquicultura no Estado. Com a exoneração de Marcílio Andrade, assume a pasta Abraão Lincoln Ferreira da Cruz Júnior. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União, assinado pelo ministro da pesca e aqüicultura, Marcelo Crivella, que está em Natal para participar da 9ª Feira Nacional de Camarão (Fenacam).

Com uma extensa bagagem na militância pelos direitos dos pescadores e aquicultores, Abraão Lincoln ocupa também a presidência da Confederação Nacional dos Pescadores e Aquicultores (CNPA), entidade que congrega 1 milhão e 200 mil trabalhadores filiados em todo o território nacional, do litoral ao interior do país. Sua atuação no segmento vem de longa data.

Abraão Lincoln (à esquerda) acompanhou o ministro Marcelo Crivella e a governadora Rosalba Ciarlini, na manhã de ontem (12) (Foto: Demis Roussos)

À frente da Superintendência de Pesca potiguar, ele pretende realizar uma administração pautada pela participação de todos os segmentos ligados à pesca, atuando em conjunto com as bases, ouvindo os pleitos dos pescadores artesanais, e dos que atuam na carcinicultura e aqüicultura. “Quero escutar os anseios das bases e fazer uma gestão participativa”, enfatiza.

Dentro de um curto prazo, o superintendente irá executar um plano emergencial para acelerar tanto a entrega quanto a renovação das carteiras que habilitam os pescadores a praticarem seu ofício.
Um deles é um plano emergencial para a entrega e renovação das carteiras dos pescadores.

A pesca artesanal é vista por Abraão Lincoln como o principal desafio a ser enfrentado na pasta. Em entrevista a’o O Jornal de Hoje em janeiro de 2012, ele relatou que apesar de terem obtido avanços, tais como o acesso a linhas de crédito específicas em bancos públicos, os pescadores artesanais padecem com problemas que impedem a sua organização e crescimento como atividade profissional. Dentre elas, a falta qualificação profissional, a ausência de acompanhamento por especialistas, tal como o modelo seguido pelos extensionistas rurais, que acompanham a atividade produtiva dos agricultores familiares. “Todo o problema da pesca no Brasil se dá por causa da falta da figura do extensionista, que dê a orientação técnica e acompanhamento necessários para os trabalhadores conseguirem ter sucesso na sua produção”, opinou.

Outro entrave relatado pelo novo superintendente de pesca norte-rio-grandense é a lacuna de informações quanto à produção pesqueira, em represas, rios e lagoas. Ele acredita que milhares de toneladas são produzidas sem qualquer registro. “Com a falta de estatísticas e controle de quantidades produzidas. Os dados que temos não espelham a realidade”, revela Lincoln.

Especificamente no Rio Grande do Norte, há um forte potencial para pesca que permanece inexplorado. Ele relata que muitos dos pescadores artesanais tiveram que migrar da lagosta – o principal produto desse tipo de pesca – para a captura do atum devido à suspensão das suas licenças para pesca pelos órgãos ambientais. Dos 6 mil pescadores em atividade, apenas 400 conseguiram obter a licença, contou Abraão Lincoln.

Crivella abre Fenacam e diz que reconhece pouco apoio do governo ao setor da aquicultura

O ministro da pesca Marcelo Crivella reconhece que é necessário mais apoio ao setor da aquicultura em todo o país. “Precisamos planejar a desoneração para um futuro de desenvolvimento da aquicultura e pesca no Brasil” e complementou: “ eu tenho andado pelas colônias de pesca e fico encantado com o desprendimento do povo, mas são pessoas sofridas com o sol escaldante, com a saúde bucal, com o analfabetismo. Contamos com o Itamar Rocha (presidente da ABCC) para nos ajudar a criar políticas públicas que possam melhorar a vida dessa gente”.

As palavras foram proferidas na abertura da FENACAM 2012, ontem à noite no Centro de Convenções de Natal, onde estiveram presentes várias autoridades como a Governadora Rosalba Ciarlini. O evento é considerado o maior da América Latina do setor de aqüicultura e será realizado até esta quinta-feira, 14, com a participação de cerca de cinco mil pessoas entre professores, empresários, estudantes e pesquisadores da área. São 45 palestras com temas como “Prevenção de Doenças na Carcinicultura” e “Comercialização e Tendências do Mercado Interno Brasileiro”.

Além da parte científica, a IX FENACAM conta com a IX Feira Internacional de Produtos e Serviços para Aquicultura e com o Festival Gastronômico de Frutos do Mar, este último é aberto ao público e com pratos da gastronomia regional ao preço único de R$ 17,00.