Deu no caderno de Economia do Novo Jornal:

O GRUPO COTEMINAS pretende dar início à construção do megaempreendimento Horizontes do Potengi no primeiro semestre de 2013. A projeção foi dada esta semana pelo diretor da empresa no Rio Grande do Norte, João Lima, e chega exatamente seis meses após os investimentos de mais de R$ 1 bilhão serem anunciados pelo presidente do grupo, Josué Gomes da Silva. O grupo trabalha agora na confecção dos estudos ambientais necessários ao termo de referência, obrigatório para concessão da licença prévia.

Foto: Cedida/Novo Jornal

A primeira etapa dos planos envolve a construção de um shopping, um hotel e um centro de convenções e está em fase de detalhamento do projeto. A empresa deu entrada na licença prévia na Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) de São Gonçalo e caminha para elaborar os estudos ambientais necessários para a concessão do documento. O principal é o relatório de controle ambiental, que detalha os impactos que o empreendimento trará para a região. Segundo o diretor executivo da Coteminas no RN, João Lima, uma consultoria já foi contratada para realizar o estudo.

A expectativa é que tudo seja apresentado à prefeitura até o final deste ano. O secretário de Meio Ambiente e Urbanismo de São Gonçalo, Hélio Duarte, por sua vez, garantiu que em no máximo 40 dias a licença estará sendo concedida. “Se não houver nenhum empecilho, conseguimos dar a licença entre 30 e 40 dias”, disse. Depois de concedido o documento, começa uma nova etapa, que é a de concessão da licença de instalação. Nesta fase são necessários novos documentos. Após isso, com o empreendimento já pronto, dá-se entrada na licença de operação.

Se as estimativas se concretizarem, no mais tardar em fevereiro as obras estarão começando. Mas segundo o diretor executivo da Coteminas no RN, João Lima, o grupo trabalha para começar as obras no primeiro semestre de 2013 – sem especificar em qual mês. Espera, ainda, apresentar o projeto pronto e os estudos ambientais necessários nos próximos três meses. Mas até que o Horizontes do Potengi se concretize, há um longo caminho a percorrer. Inclusive com a execução de projetos que não dependem apenas do grupo mineiro.

Lima diz que os empresários se reuniram com a prefeitura de São Gonçalo do Amarante e o Governo do Estado e fizeram vários pleitos. Entre eles, a garantia de melhoria dos acessos urbanos à Zona Norte, que já estão incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Copa do Mundo de 2014. Ao município, a Coteminas solicitou diversos incentivos fiscais, entre eles abatimento no ISS e IPTU.

Um pedido mais audacioso, porém, é o acréscimo de uma linha ao projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). De acordo com Lima, a ideia é que haja uma ramificação do trem que passe próximo ao Horizontes do Potengi e termine no aeroporto de São Gonçalo. O que tornaria o Rio Grande do Norte dotado de uma estrutura inexistente atualmente no Brasil.“Um trem na porta do aeroporto existe em cidades como Paris, Nova York, Roma. São Paulo quer, mas ainda não tem”, acrescenta Lima.

De acordo com o diretor da empresa, a ramificação do trem é muito importante para mobilidade e viabilidade do empreendimento. Atualmente, o projeto do VLT envolve uma linha que vai da ponte de Igapó até Extremoz. A ideia é que passe por São Gonçalo próximo ao Horizontes do Potengi chegando até o aeroporto.

O secretário estadual adjunto de Desenvolvimento Econômico, Sílvio Torquato, garantiu que o governo apoia e lutará pela ideia do complemento do VLT, mas ainda não sabe quanto em investimento financeiro essa mudança representará. Na opinião de João Lima, caso se concretize, o projeto colocará a Zona Norte de Natal em outro patamar. “Teremos um aeroporto como o de grandes cidades do primeiro mundo”, acrescentou.

Apesar de importante, a linha do VLT é considerada um complemento pela Coteminas. Os acessos à Zona Norte, porém, são essenciais. “Se não saírem, teremos que ir até o aeroporto de helicóptero”, diz João Lima.

UMA CIDADE DENTRO DE OUTRA

O projeto da Coteminas é construir uma verdadeira cidade entre Natal e São Gonçalo do Amarante. Além de um shopping com dois pisos, 50 mil metros quadrados de área e 300 lojas, um centro de convenções, um hotel, um teatro, escola, clínicas e postos de saúde, haverá também uma área residencial com 3,5 mil apartamentos.

A intenção do grupo é concretizar o projeto por etapas. Na primeira, serão construídos o shopping, o centro de convenções, o hotel, o teatro e uma praça de alimentação e convivência, que ficarão prontos para a Copa do Mundo de 2014. O tempo de maturação do projeto inteiro, entretanto, é de cinco anos – este é o prazo para que toda a estrutura fique pronta.

Serão 522 mil metros quadrados de área construída. O shopping, o hotel e o centro de convenções serão feitos aproveitando os prédios existentes e que já tiveram as atividades paralisadas – como os de fiação e tecelagem.

As residências, por sua vez, serão construídas do zero. Na área comercial, haverá um shopping, um hotel com 270 apartamentos, um teatro dentro de um centro de convenções com capacidade para 800 pessoas e uma praça cívica e de alimentação. Haverá também espaços para clínicas e escritórios.

Na área residencial, serão 3,5 mil apartamentos de dois, três e quatro quartos, que poderão receber mais de 12 mil moradores. A estimativa é que 45 mil pessoas circulem pelo complexo diariamente.

O projeto também prevê a construção de uma escola, uma biblioteca pública, posto de saúde e clínicas. Está prevista a preservação de toda a área ecológica com a construção de um parque, que contará com um mirante com vista para a cidade e o Rio Potengi. Para quem pretende morar na área residencial, a promessa é que o condomínio tenha valor competitivo porque a estrutura de água, esgoto e energia será aproveitada da indústria.

Este não é o primeiro projeto do ramo imobiliário do grupo do ex-vice-presidente José Alencar. Há um projeto parecido em desenvolvimento na cidade de Montes Claros (MG), onde foi erguida a primeira fábrica da Coteminas. Guardadas as devidas proporções, as intenções do grupo são parecidas nas duas cidades: juntar residencial e comercial em um só lugar. O shopping, porém, terá quase metade do tamanho do que será construído em SGA.

PROJETO ELEVA PADRÃO DE VIDA EM SÃO GONÇALO

A Zona Norte de Natal e o município de São Gonçalo são compostos, basicamente, por famílias situadas nas classes C e D – hoje com maior poder de ascensão social. A elevação do padrão de vida da população é um fenômeno que acontece há algum tempo, mas que será acelerado pelos investimentos que a região irá receber. É no que acredita João Lima. “O projeto vai colocar a ZN em um patamar que ela já está caminhando. As lojas, as escolas, as residências estão melhores. O empreendimento está indo ao encontro do nível de demanda social que a região já tem”, opina.

Hélio Duarte diz que os impactos são significativos e representarão uma elevação do padrão de vida da população da região. Só para se ter uma ideia, a Zona Norte de Natal concentra hoje 350 mil habitantes, ao passo que São Gonçalo tem 94 mil. “É uma população com maior mobilidade social hoje. O empreendimento tem tudo para elevar o padrão de moradia da região, além da geração de emprego e renda que será exorbitante”, prevê Duarte.

Uma comissão tripartite que envolve a Prefeitura de São Gonçalo, o Governo do Estado e o consórcio Inframérica, responsável pela construção do aeroporto, se reúne semanalmente para discutir os impactos e as necessidades estruturais do município. Segundo o secretário, a ideia é unir forças e afinar o diálogo para que os projetos caminhem simultaneamente enão haja descontinuidade.

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