Daniel Turíbio

Daniel Turíbio é jornalista da agência Smartpublishing Mídias em Rede. Já trabalhou com mídia impressa, rádio e assessoria de comunicação. Reside em Natal/RN.

Avanço das marés compromete estrutura de quiosques em Ponta Negra

22 de maio de 2012

Ponta Negra começa a perder seus quiosques de praia. Ainda hoje a Defesa Civil Municipal e a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur) devem retirar o Quiosque 15, que teve a estrutura comprometida por causa da força das marés altas no final de semana. Com a chuva que caiu em Natal no sábado e a maré alta que ocorreu na noite do domingo, com 2,30 metros de altura, a situação no calçadão se agravou. É o segundo quiosque retirado da praia mais famosa da capital, que sofre sucessivas ressacas nos últimos 20 dias. Caso continue a situação crítica de destruição do calçadão, a Defesa Civil avalia retirar mais dois deles nos próximos dias: os quiosques 14 e 17. A praia contabiliza hoje 28 quiosques, ao longo de mais de dois quilômetros de calçadão.

Um trabalho lento de recuperação do calçadão é feito pela Semsur, mas a secretaria tem encontrado dificuldade justamente por causa das ressacas. A Defesa Civil vai colocar placas indicando locais sob risco para pedestres, turistas e banhistas que circulem ao longo do calçadão e na Avenida Erivan França, que fica à beira-mar. Também deve finalizar um relatório e apresentá-lo amanhã. “De ontem para hoje [domingo e segunda], não houve mais desabamento, mas ainda assim retiraremos o quiosque que está comprometido. Os riscos de desabamento são iminentes em vários pontos. Colocaremos placas indicando perigo em alguns trechos do calçadão”, afirmou o diretor da Defesa Civil Municipal, Irimar Matos do Nascimento.

O Quiosque número 15 teve a estrutura comprometida por causa da força das marés altas no final de semana. (Foto: DN Online)

Irimar assegurou que, apesar dos riscos, os banhistas podem tomar banho de mar tranquilamente em alguns pontos da praia que não estão destruídos. “Estamos fazendo o monitoramento constantemente, em média três vezes por semana. Ao longo desse trabalho, estamos interditando alguns trechos, descidas de pedestres e fazendo o isolamento nas partes mais comprometidas. Na quarta-feira finalizaremos o relatório”, disse o diretor.

Ele se refere ao estudo feito pela Defesa Civil que vai detalhar que não apenas os quiosquesestão sob risco, mas também postes, bancos e o próprio calçadão da praia. Em alguns trechos, os coqueiros estão com raiz totalmente exposta, alguns com mais de um metro, ameaçando desabar. O ponto mais crítico fica na altura do Hotel Visual.

Proprietários lamentam prejuízos

Os proprietários dos quiosques serão deslocados para um local seguro, também no calçadão, mas eles lamentam o fato de terem que sair do ponto fixo onde comercializam petiscos e bebidas. “Primeiro foi o problema do saneamento, depois a maré avançou. Agora estamos apenas aguardando a retirada. É uma situação difícil, de transtorno, mas se não tirar ele cai”, constata Cesimar Fernandes, proprietário do Quiosque 15, há 33 anos trabalhando na praia.

O comerciante também reclamam da falta de iniciativa do poder público. “Não é só o mar. Deveríamos ao menos ter um ponto de apoio. O calçadão está todo condenado e eles só ficam gastando dinheiro em vão. Deveriam contratar ao menos um engenheiro pra fazer um projeto e consertar isso aqui. Acho uma falta de respeito”, afirmou o proprietário do Quiosque 16, que preferiu ser chamado apenas Neto. O quiosque dele já foi retirado há alguns meses, pelo mesmo motivo, ainda continua encostado na parte mais próxima do Hotel Visual.

Por sua vez a destruição do calçadão se refletena impressão que os turistas têm da capital. “Relaxaram mesmo. Vim a Natal há dez anos e era totalmente diferente isso aqui. Os muros eram bem feitos, mais bem cuidada. Não tinha esse desleixo. A praia está decadente, os imóveis vão se desvalorizar, enfim. E não é apenas culpa do mar. A praia não tem um lixeiro, não tem um banheiro. A gente toma um sorvete e precisa andar dois quilômetros pra encontrar um saco”, reclamou o professor universitário gaúcho João Mazzurana, de férias em Natal.

Na semana passada a prefeita Micarla de Sousa (PV) disse que apenas paliativos seriam feitos no calçadão, e que qualquer obra ali seria “como um Sonrisal”, se referindo à força das marés e ao fato de que o calçadão se encontra em solo dunar. Ela garantiu que convocaria a bancada federal do Estado em Brasília para solicitar celeridade na aprovação dos projetos do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) para Natal, que revitalizaria a orla da capital.

“Nosso objetivo é fazer com que os natalenses e turistas tenham omínimo de desconforto no calçadão por causa da ação violenta das marés. Já começamos a recuperação, mas é muito difícil com a maré se comportando desse jeito. Isso impede a continuidade do nosso trabalho”, lamentou Irimar Nascimento, da Defesa Civil. Por ora, o Sonrisal não surtiu efeito. Os sintomas persistem.

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