Com Natal saturada, Parnamirim é nova queridinha das grandes redes

23 de abril de 2012

Na memória, ou nos números, basta voltar dez anos na história para ter noção do desenvolvimento de Nova Parnamirim, bairro símbolo do crescimento de Parnamirim (distante a apenas 12 km da capital), que por sua vez é o município de maior crescimento nos últimos anos no Rio Grande do Norte. Com o solo disputado e custo alto para se morar na capital, a população foi morar na cidade vizinha. A oferta atraiu o mercado imobiliário, tanto é que a quantidade de domicílios cresceu 196% – passando de 7.126 para 21.192 – segundos dados dos Censos 2000 e 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A concentração de renda na região vem despertando o interesse de empresas, entre as quais estão grandes redes de supermercado já instaladas em Natal e atentas à evolução da vizinhança.

Segundo dados do IBGE, cidade chegou a um potencial de consumo de R$ 71 milhões em Nova Parnamirim. (Foto: Ana Amaral/DN/D.A Press)

Segundo dados do IBGE, cidade chegou a um potencial de consumo de R$ 71 milhões em Nova Parnamirim. (Foto: Ana Amaral/DN/D.A Press)

Além dos supermercados locais, como o Boa Esperança, que abrirá uma nova unidade no fim de maio, o Nordestão inaugurou recentemente um atacado e confirma a instalação de outra loja. Dos players nacionais, o Walmart estáno município com o Maxxi Atacado, e também montará uma nova estrutura. Da mesma forma, o Grupo Pão de Açúcar adquiriu um terreno na cidade, onde deve funcionar um supermercado Extra. Apesar de não haver confirmação por parte das três redes maiores, informações extra oficiais dão conta de que os estabelecimentos serão voltados para o varejo, e ficarão nas avenidas Maria Lacerda Montenegro e Abel Cabral, dois dos principais corredores comerciais de Nova Parnamirim junto à avenida Ayrton Senna.

Multiplicando o número de domicílios pela renda familiar média – hoje em R$ 3.561 de acordo com o IBGE – a prefeitura da cidade chegou a um potencial de consumo de R$ 75 milhões em Nova Parnamirim. Os dados ajudam a compreender o interesse dos grandes investidores na região. Outro destaque fica por conta de Emaús, que tem um potencial de R$ 21 milhões, e também vem recebendo investimentos, como é a terceira loja da rede Boa Esperança na altura do Parque Industrial da cidade. “As pesquisas medem para onde vamos crescer. Vimos que muitas entregas em domicílio iam para lá”, afirma o diretor executivo do supermercado, Ronaldo Júnior.

Olhando para o passado, Ronaldo Júnior lembra que a economia local girava em torno do Centro de Parnamirim, tanto que o bairro foi o ponto de partida do supermercado Boa Esperança. Hoje o desenvolvimento se concentra com mais força no limite do município com a capital. Para o presidente da Associação dos Supermercados do Rio Grande do Norte (Assurn), Geraldo Paiva, não se pode desassociar o crescimento de Parnamirim com o de Natal. “Está havendo uma guerra por espaço. Na realidade foi a capital que entrou em Parnamirim. Temos uma completando a outra”, avalia.

Hoje ocupado por supermercados locais, o município deve ter um mercado mais acirrado após a instalação das grandes redes. De acordo com Geraldo Paiva os empresários da cidade devem estar preparados caso queiram se manter. “Com certeza a fatia vai diminuir, mas existe o nicho das lojas menores”, diz o presidente da Assurn, que acredita na existência de espaços para estabelecimentos de todos os portes. Na avaliação de Paiva, o fator competência será determinante aos investidores locais perante os grandes players. “Está havendo uma mudança. Vamos ver o que acontece”, conclui.

Supermercados locais apostam pesado

Quem não lembra de supermercados como Sirva-se, Jardinense, Queiroz e São José? O presidente da Assurn, Geraldo Paiva, lembra. E lembra ainda do fim das redes locais com a chegada de Carrefour e Walmart ao mercado. “Fecharam quatro redes e 21 lojas”, conta. Entre os sobreviventes, o Nordestão se fortaleceu e é hoje uma das grandes redes que se instala em Parnamirim. Já os supermercados da cidade apostam no atendimento mais próximo do cliente para se diferenciarem da concorrência que chega e manterem seus espaços, evitando um cenário parecido com o ocorrido na capital no passado.

O diretor executivo da Rede Mais, Ricardo Sobral, separa a preparação em duas etapas. No atendimento personalizado e na estruturação da loja, que está há dez anos na avenida Ayrton Senna. As recentes reformas e a climatização do ambiente cumprem a primeira fase. A segunda vem da aproximação ao consumidor. “A defesa está na prestação de serviço”, diz. De acordo com Sobral, apesar do crescimento, a cidade ainda conserva alguns aspectosde interior, o que pede certo “calor humano” no atendimento. “Nossa característica é ser uma loja de vizinhança, próxima e personalizada”, afirma.

A entrega a domicílio é uma das práticas utilizadas para essa aproximação. Em outro supermercado foi justamente a venda na casa do cliente que permitiu a identificação de um novo ponto para construção no Parque Industrial. Assim como a Rede Mais, o diretor executivo do Boa Esperança, Ronaldo Júnior, acredita na tradição no mercado de Parnamirim. “Conhecemos nosso público e batemos pesado em atendimento”, ressalta.

A marca nasceu através de um ponto de venda no mercado público, e evoluiu para uma rede de três estabelecimentos, localizados no Centro, no bairro Rota 200 e agora no Parque Industrial, loja que será inaugurada no fim de maio. O supermercado começou com seis funcionários e terá em breve 620 pessoas trabalhando em toda a rede.

Ricardo Sobral não vislumbra repetição do que ocorreu em Natal no passado. Ele analisa que o varejo hoje está bem mais atualizadoem relação às tendências. “É preciso estar antenado no mercado e trabalhar o potencial que temos”, observa. Ronaldo Júnior, do Boa Esperança, costuma viajar e visitar estabelecimentos das grandes redes para se atualizar. As redes locais de Parnamirim se dizem prontas para enfrentar a concorrência.

Prefeitura incentiva investidores

A população de Parnamirim saltou de 128 mil para 208 mil habitantes em dez anos, segundo o IBGE. A densidade explosiva da última década estimulou o boom imobiliário da região. Por outro lado, o aumento do número de habitações também influenciou a migração para o município. O prefeito Maurício Marques cita alguns incentivos dados pelo poder municipal para a ocupação da cidade, como a isenção do IPTU – Imposto Sobre a Propriedade Territorial e Predial Urbana – para os usuários do Programa Minha Casa, Minha Vida na categoria de até três salários mínimos.

Marques afirma ainda que a prefeitura dispensou o pagamento de Imposto Sobre Serviço (ISS) para as construtoras interessadas no município. “Com a condição de que a mão-de-obra fosse local”, ressalta. Segundo o prefeito, nos últimos três anos foram construídos 3.728 apartamentos do Minha Casa, Minha Vida na cidade, que ajudaram a empregar 2.550 pessoas. O chefe do Executivo diz que 50% dos imóveis do programa federal estão localizados em Parnamirim. “Natal cresceverticalmente e horizontalmente, encostando em Parnamirim”, ressalta.

Prefeito Maurício Marques apostou nos incentivos fiscais. (Foto: Ana Amaral/DN/D.A Press)

Prefeito Maurício Marques apostou nos incentivos fiscais. (Foto: Ana Amaral/DN/D.A Press)

A vinda das pessoas e empreendimentos imobiliários impactaram ainda na oferta de serviços para a população, como em pavimentação e drenagem. A oferta populacional trouxe uma nova demanda, que precisou ser acompanhada pela infraestrutura, conforme avalia Maurício Marques. O processo de crescimento atrai investidores como as grandes redes de supermercado. Se depender do prefeito, as empresas vêm para ficar. “Trabalhamos para incentivar a instalação. Dando celeridade aos processos, isentando impostos por determinados períodos, ou na cessão de terrenos”, informa.

Saiba mais // Parnamirim na mira das grandes redes

Walmart

O grupo Walmart abriu no ano passado uma loja da bandeira Maxxi Atacado em Parnamirim. De acordo com a assessoria de imprensa da rede, uma reunião foi realizada na semana passada com a prefeitura para falar e alinhar a intenção da empresa de expandir a operação no local. O grupo preferiu não entrar em detalhes sobre o investimento. Assuntos como a bandeira e o porte do estabelecimento não foram divulgados. “Os próximos passos na verdade são novas reuniões com a prefeitura e reuniões internas da empresa para que essas informações sejam definidas. O que podemos adiantar é que a região como um todo interessa e é considerada estratégica pelo Walmart” completa a nota do grupo. O novo empreendimento deve ser construído na avenida Abel Cabral.

Nordestão

O Nordestão inaugurou recentemente no bairro de Emaús o SuperFácil Atacado, considerado pelo grupo uma passo importante da expansão na Região Metropolitana de Natal. O empreendimento fica na BR-101, no caminho entre Natal e Parnamirim. Através da assessoria de imprensa, a empresa só confirmou qe construiria uma nova loja no município, sem entrar em detalhes sobre prazos de construção, nem localização. De acordo com a nota do grupo, a expansão da rede na cidade foi iniciada em 2011 com a construção do novo Centro de Distribuição em Parnamirim, bem como a transferência do escritório central para o mesmo espaço, que fica vizinho ao viaduto da cidade. O Diário de Natal apurou que a nova loja do Nordestão será construída na avenida Maria Lacerda.

Pão de Açúcar

O grupo Pão de Açúcar confirmou a aquisição de um terreno na avenida Maria Lacerda Montenegro. De acordo com a assessoria de imprensa não há definição de formato da loja e nem previsão de data para inauguração. “O Grupo Pão de Açúcar mantém forte interesse em investir no Estado do Rio Grande do Norte onde opera com duas lojas Extra Hipermercados, em Natal, no Midway Mall e em Ponta Negra”, diz a nota enviada pela empresa.

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