Daniel Turíbio

Daniel Turíbio é jornalista da agência Smartpublishing Mídias em Rede. Já trabalhou com mídia impressa, rádio e assessoria de comunicação. Reside em Natal/RN.

Comunidades tem representação expressiva na Câmara Municipal de Natal

26 de novembro de 2012

Notícia publicada no caderno de Política do Novo Jornal:

A nova composição da Câmara Municipal de Natal revela um fato curioso: lideres comunitários que até então se limitavam em somar votos para a coligação conseguiram se eleger. Depois de se candidatarem por diversas vezes almejando o cargo de vereador, eles chegam ao legislativo, desbancando nomes considerados mais fortes e superando em números de votos outros que se reelegeram.

Sede da Câmara Municipal de Natal. (Foto: znfilosofica.blogspot.com)

Ubaldo Fernandes (PMDB), Aroldo Alves (PSDB), Ary Gomes (PP) e Eudiane Macedo (PHS) passaram do status de lideranças das suas respectivas comunidades para a condição de vereadores, com todos os privilégios do cargo e o desafio de permanecerem na mesma linha de atuação que, enfim, os elegeu. Coincidentemente, cada um reside em uma região administrativa de Natal, garantem que não mudarão de endereço e que trabalharão para não decepcionar seus eleitores, já que almejam a reeleição.

Foram décadas atuando a frente de grupos e instituições em busca de melhorias para os bairros que representam, mas a visibilidade alcançada até então não havia sido suficiente para chegar à Câmara Municipal. Nas eleições disputadas, o esforço servia para eleger políticos com estrutura maior dentro da coligação. Eles negam que era esta a intenção. Dizem que se candidatavam para ganhar, mas reconhecem que a visibilidade alcançada atraía o interesse das coligações, partidos e líderes políticos no sentido de angariar o máximo de eleitores para o grupo onde sempre eram eleitos os políticos já conhecidos.

Das quatro lideranças entrevistadas pelo NOVO JORNAL devido às semelhantes características no trabalho desenvolvido nas comunidades, apenas Eudiane Macedo chegou à Câmara graças ao quociente eleitoral, cálculo usado para determinar o candidato eleito pela soma de votos da coligação ou partido e não pelo número individual de votos.

Ela foi a segunda mais votada e eleita da legenda que fez o vereador Maurício Gurgel (PHS) permanecer na Câmara por mais um mandato. Porém, ele foi um dos que ficou para trás no páreo com os outros líderes comunitários eleitos. Ary Gomes e Aroldo Alves ultrapassaram além de Maurício, do vereador Júlio Protásio (PSB) e do vice-prefeito Paulinho Freire (PP). E todos estes também foram superados por Ubaldo Fernandes (PMDB).

Ubaldo foi mais além e ainda ficou à frente dos vereadores reeleitos Adão Eridan (PR), Júlia Arruda (PSB), Aquino Neto (PV), Bispo Francisco de Assis (PSB), Edivan Martins (PV) e Franklin Capistrano (PSB).

Em comum, essas lideranças gastaram mais do que em anos anteriores. Ubaldo Fernandes diz que usou cerca de R$ 20 mil, quase o dobro da última campanha quando disputou em 2008. Já as despesas que Ary Gomes diz ter gastado são menores, cerca de R$ 11 mil. Ele diz que antes não chegava a R$ 8 mil, mesmo valor que Aroldo Alves alega ter investido na eleição passada. Agora contabiliza que, para se eleger, houve um investimento de R$ 12 mil. Já Eudiane Macedo investiu cerca de R$ 10 mil na campanha, menos da metade do que gastou na anterior.

Os recursos destes vereadores eleitos para suas respectivas campanhas vieram, segundo dizem, em sua maior parte, de investimentos próprios e doações e não dos seus partidos ou apadrinhados políticos.

“O batalhão de conquista será o batalhão de ocupação”

O principal motivo que levou Aroldo Alves a se candidatar pela segunda vez foi o desafio de superar uma decepção partidária sofrida na última eleição, em 2008. Ele era filiado ao PP, partido que incentivou sua candidatura à época. Conquistou 3.788 votos, 1.086 a menos que em 2012, mas não foram suficientes para elegê-lo naquele ano. “O partido não ajudou como prometeu e houve uma disputa com outro candidato aqui dentro”, relata.

Os votos foram somados para eleger outro candidato da sigla, que também se denominava liderança comunitária, o vereador Chagas Catarino. Porém, a relação entre eles ficou abalada. Passadas as eleições, Aroldo, que é lotado na Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), assumiu por quatro meses a subprefeitura da Região Oeste, já que ficou acordado que sendo da base aliada do governo municipal, o PP agregaria seus suplentes.

Com a relação comprometida entre ele e integrantes do PP, Aroldo diz que não se sentiu a vontade para permanecer neste cargo. “Mudei para o PRB com a ideia de não trabalhar para vereador eleito, nem para filhinho de papai, mas lá surgiu o vereador Raniere como presidente”, relata. Trocou então a nova legenda pelo PSDB e diz que recebeu incentivo, espaço e ajuda para propaganda e, com investimentos próprios e de amigos, conseguiu realizar uma campanha vitoriosa. “Foi o desafio de mostrar que meu trabalho e minha comunidade iam me eleger, mostrando que temos valor”, declara.

O vereador eleito já participava dos movimentos sindicais dos servidores municipais antes de assumir a presidência do Conselho Comunitário de Nazaré em 1996. Naquele ano iniciou um ciclo de três mandatos a frente da instituição, permanecendo até 2006. “Conseguimos conquistar muitos benefícios por meio do Conselho como calçamento, pavimentação e abrir ruas de acesso a outros bairros, além de linhas de ônibus e a construção da sede em mutirão”, relata.

Com uma cadeira na Câmara, Aroldo quer combater a existência das favelas na região e o analfabetismo. “O batalhão de conquista será o batalhão de ocupação. Estarei aqui onde sempre estive, dentro dos movimentos sociais e culturais da comunidade”, planeja.
Com esta pretensão, não assume ainda um postura a respeito do prefeito eleito Carlos Eduardo. “Farei oposição apenas para o que não for bom para Natal, mas já aviso que não voto contra o servidor, a favor de aumento de imposto e defendo a reavaliação do IPTU, para que seja mais bem distribuído”, destaca.

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