Destino da Energia Eólica é principal debate do Fórum Nacional Eólico 2012

13 de novembro de 2012

A evolução da energia eólica no Brasil e os gargalos que a impedem de ir adiante foram os temas predominantes na  4ª edição do Fórum Nacional Eólico – FNE. Pela primeira vez o evento acontece fora do Rio Grande do Norte.  “Devido ao porte desse Fórum, sempre contamos com o apoio dos governos para realizá-lo. Dessa vez, foi o governo da Bahia que mais sinalizou a vontade de receber o evento”, explica o diretor geral do CERNE,  Jean-Paul Prates.

Durante a abertura, Prates falou sobre as mudanças e os avanços ocorridos no setor, deste a primeira edição do FNE e da Carta dos Ventos. Relembrou também a união conquistada entre os empresários e instituições representativas e o trabalho de convencimento das potencialidades da energia eólica, feito junto a diversas instituições e governos. “Hoje a indústria está 90% consolidada e colhe os frutos d

o próprio negócio e dos benefícios sociais que essa atividade trouxe. É essa a beleza desse processo”, afirmou.  E reforçou a importância de se manter vivos os momentos de debate: “por meio das discussões, as informações se disseminam. Tanto que hoje todos os envolvidos já têm um certo nível de informações que nos permite aprofundar os debates”, explicou.

A importância da Carta dos Ventos como documento que traduz o sentimento e as necessidades do setor e o fortalecimento das eólicas como fonte sustentável e rentável de energia no Brasil foram defendidos também pelo diretor geral da Renova Energia na Bahia, Matias Becker: “o momento é de consolidação e a Carta dos Ventos vai ajudar sensivelmente”, afirmou.

O diretor geral do CERNE foi lembrado pelo representante do ONS (Organizador Nacional do Sistema), Saulo Cisneiros, que o nominou como peça chave do setor no RN: “Jean-Paul, você é um dos responsáveis por colocar o Rio Grande do Norte na liderança da capacidade instalada de energia eólica”, afirmou. Cisneiros acredita que a melhor alternativa para o setor é buscar a complementaridade, de modo a suprir as deficiências sazonais, principalmente das usinas hidrelétricas.  “Novas hidrelétricas são distantes e exigem extensos sistemas de transmissão. Produzem grandes blocos de energia nos períodos de chuva e pequenos nas épocas mais secas.  Com isso, hidrelétricas, eólicas e biomassa podem ser complementares e propiciar a forma mais barata para armazenar e acomodar a energia produzida pelas fontes intermitentes”, explicou.

Os números do ONS mostram que hoje a capacidade instalada de geração de energia no Brasil é de 110.000 MW e a extensão das linhas de transmissão de 230 Kv chega a 100.000km. Em 2011, a energia eólica representava 1,1% da produção nacional. A projeção do ONS é que em 2016 esse índice pule para 5,6%.

O representante da FEPAM-RS, Carlos Fernando Niedesberg, falou que no Estado dele, a energia eólica foi a alternativa encontrada para reduzir a exploração do carvão mineral e que o licenciamento dos parques tem sido bem sucedido.  Ao final, Niedesberg brincou que, no Rio Grande do Sul,  a energia eólica é tratada como “uma espécie de vingança dos gaúchos contra os ventos que, antes dos parques, eram considerados somente como causadores de problemas para a população”.

A presidente da ABEEólica, Élbia Melo, ressaltou a importância do FNE e classificou o evento como um dos mais importantes do Brasil. Melo citou a questão ambiental como um dos maiores desafios para a energia eólica na atualidade: “são muitos desafios e o setor está crescendo numa velocidade muito rápida”, disse.

Para a presidente da ABEEólica, a visão da complementaridade é muito positiva e abre ainda mais o mercado para a energia eólica, inclusive no mercado livre, que hoje tem potencial de aproximadamente 11GW. “Temos que aproveitar a possibilidade de expansão que passa a existir com o mercado livre. Estamos com um número muito grande de fabricantes no Brasil. São investimentos que vieram para ficar. Temos que pensar em sustentar essa cadeia produtiva”, diz Élbia.

Para o secretário de indústria, comércio e mineração da Bahia, James Correa, o maior entrave ao progresso da energia eólica no Brasil continua sendo a burocracia, que engessa ou atrapalha os processos necessários ao funcionamento dos parques eólicos. O secretário citou o exemplo da Renova Energia,  que apesar de produzir, não pode fornecer energia por falta de estrutura (linhas de transmissão).

Correa relembrou os tempos em que participou da elaboração do Proinfa e disse que, naquela época, jamais imaginou que a energia eólica pudesse chegar tão longe no Brasil.  Diz que com o passar do tempo e o andar dos fatos, precisou rever seus conceitos: “hoje, se temos um sistema que consegue produzir energia mais próximo dos consumidores e com menos impactos ao meio ambiente, ele passa a ser mais atrativo do que as hidrelétricas”, ressaltou.

James Correa propôs a igualdade nos incentivos concedidos pelos governos para hidrelétricas e parques eólicos e informou que, na Bahia, uma comissão especial foi criada, para agilizar os processos que envolvem o desenvolvimento da energia eólica na região: “estamos antecipando o licenciamento ambiental de prováveis áreas a serem utilizadas como corredores de linhas de transmissão, para acelerar os processos, que ainda costumam ser lentos e burocráticos demais”, ressaltou.

Mais tarde, antes de se reunir a portas fechadas com empresários e representantes de instituições do setor como CERNE, ABEEólica, CTGAS-ER entre outras, o governador da Bahia, Jaques Wagner falou aos presentes do contentamento que sente com o crescimento da energia eólica no Estado, principalmente pelo lado social, muito presente: “as pessoas não precisam de misericórdia, precisam de oportunidades. O que traz cidadania é trabalho, emprego e renda e ocupação remunerada. Esse é um setor que entende que quando a gente brilha, pode transferir parte dessa luz para quem está mais ao fundo”, afirmou.

o Fórum Nacional Eólico acontece até a quarta-feira pela manhã, em no Fiesta Convention, em Salvador/BA.

(N.T.)

Fotos: Jaime Oide / Cerne Press

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