Empresas do setor de petróleo e gás apostam em energia eólica

22 de julho de 2013

Notícia publicada na Tribuna do Norte:

Empresas que atuam no setor de petróleo e gás e prestam serviços para a Petrobras no Rio Grande do Norte vão apostar a partir de agora na cadeia da energia eólica. O desaquecimento da produção petrolífera e a desaceleração dos investimentos da estatal no estado são apontados como as principais razões para a expansão da atuação dos negócios. De início, seis empresas que atuavam na área de construção, montagem, manutenção e transporte de sondas e outros equipamentos, se juntarão, e formarão uma Sociedade de Propósito Específico, a SPE Torres Eólicas, para produzir torres para parques eólicos. Os nomes das empresas não foram revelados.

A desaceleração no setor de petróleo e gás teria sido a principal motivação para empresários buscarem alternativas de negócios. (Foto: Getúlio Moura)

A desaceleração no setor de petróleo e gás teria sido a principal motivação para empresários buscarem alternativas de negócios. (Foto: Getúlio Moura)

A ideia, explica Segundo de Paula, subsecretário de Trabalho, Turismo, Indústria e Comércio de Mossoró, surgiu no âmbito da Prefeitura após uma série de reuniões com os empresários durante o primeiro trimestre deste ano. Na época, o setor reclamava da retração nos investimentos da Petrobras e atravessava uma onda de demissões.  André Henrique, integrante do Comitê Gestor da Redepetro – que reúne empresas que atuam na cadeia de petróleo e gás no estado – e é um dos responsáveis pela constituição da SPE, explica que o projeto se encontra em fase embrionária.

Mercado

Os empresários, segundo ele, estão calculando quanto gastariam para construir uma primeira torre para a GE, gigante do setor de energia que poderá se tornar o primeiro cliente da SPE. Há pelo menos mais duas multinacionais interessadas no projeto, garantiu Segundo de Paula, subsecretário em Mossoró.

O orçamento da primeira torre, segundo André Henrique, será submetido à GE em até 40 dias, para só então o grupo de empresários começar a construir a primeira torre. “É necessário garantir a demanda. Essa será uma fábrica que funcionará movida pelos pedidos”, justifica Segundo de Paula, subsecretário de Trabalho, Turismo, Indústria e Comércio de Mossoró.

O grupo de empresários, segundo Henrique, poderá levar, em média, entre oito e doze meses, para construir a fábrica e atender os primeiros pedidos de torres. “Antes de partir para o projeto da fábrica, é preciso que a GE aprove o orçamento e certifique a primeira torre construída pela SPE. O projeto da fábrica já está todo ‘alinhavado’”, esclarece André. O integrante da Redepetro, afirma, porém, que o projeto não será descartado, caso a GE recue. “O que importa é aprender a fazer”, diz. A GE, explica Segundo de Paula, tem assessorado os empresários e supervisionado todo o processo.

De acordo com Segundo de Paula, a fábrica de torres metálicas, que exigirá um aporte de R$ 25 milhões a R$ 30 milhões e será construída num terreno ainda não definido pela Prefeitura de Mossoró, conforme explicou a Redepetro, produzirá 200 torres por ano, inicialmente. O número de trabalhadores será praticamente o mesmo que hoje está empregado nas seis empresas.

André Henrique destaca que as seis empresas que decidiram apostar na cadeia eólica poderão atuar ainda em outros segmentos, no médio e longo prazo, como na área de telecomunicações, e explica que a ideia é criar uma alternativa para as empresas que hoje prestam serviço à Petrobras. “Não é uma questão de o novo setor ser mais promissor ou não. É uma questão de alternativa, de não colocar todos os ovos numa mesma cesta”. As empresas pretendem continuar atuando também no setor de petróleo e gás.

Tribuna do Norte

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Projeto pode baratear custo de empreendimentos no RN

Notícia publicada na Tribuna do Norte:

Élbia Melo, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABBEólica), esclarece que a a expansão da área de atuação dentro do setor de energia é algo natural. “Mudanças de segmento são bem normais dentro da cadeia da energia. Elas fazem parte do processo”, explicou.

Segundo Élbia, a criação de uma Sociedade de Propósito Específico para construção de torres eólicas nesse momento ajudará a suprir a carência que o estado tem. “O Rio Grande do Norte atraiu muitos parques eólicos. Ele precisa desenvolver e atrair também fábricas de equipamentos”, destacou. Segundo ela, a produção local de torres poderá ajudar a baratear os custos de produção do setor. Isso porque as empresas que construírem parques no RN economizarão com o frete.

Élbia considera importante que o estado produza parte de suas torres, mas ressalta que o Rio Grande do Norte deve continuar buscando novas fábricas. “É preciso que os estados busquem os investidores e deem condições para que eles invistam”, analisou. A presidente da ABEEólica preferiu não comentar porque o RN não tem conseguido atrair tantas fábricas de equipamentos, como ocorre em outros estados, e afirmou apenas “que essa é uma indústria nova, que está se desenvolvendo agora”.

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Bate-papo com Jean Paul-Prates

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Bate-papo

Jean Paul-Prates, diretor-geral do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE)

Em Mossoró, seis empresas que atuavam na cadeia de petróleo e gás passarão também a atuar na cadeia de energia eólica. Como  enxerga esse tipo de iniciativa? 

O pessoal tem um grande mérito que é a grande capacidade de aprender e improvisar (no bom sentido) rápido e sobretudo de resistir a “mudanças de vento”, literalmente. No setor de petróleo há ciclos de “vacas gordas e vacas magras” a todo momento. Mossoró, mais do que nenhuma outra cidade, sabe o que é isso. Portanto, buscar novos nichos ou especialidades faz parte de quem tem este bom perfil. Além disso, é normal que empresas de outros segmentos gradualmente migrem para os setores renováveis – como evolução de sua trajetória de crescimento. Até com as grandes acontece isso. A Alstom, empresa francesa de grande porte, hoje envolvida em fabricar turbinas eólicas, atuava tradicionalmente no setor nuclear, na confecção de reatores nucleares.

Os empresários estão buscando alternativas para enfrentar o desaquecimento da produção de petróleo e manter o faturamento. Iniciativa como essa pode reduzir a dependência que o Estado tem do petróleo e gás? 

Temos que fazer isso! Não é só o empresário mossoroense que tem que se preparar para depender menos da indústria do petróleo local. Todos nós temos que fazer isso. Grito isso há anos a fio. Quem não quiser enxergar a realidade, aposte o contrário. Nosso setor petrolífero ainda tem muito o que desenvolver pela frente, mas será algo muito mais multi-setorizado e geograficamente espalhado.  Não acabou o petróleo – mas o esforço para manter os níveis de reservas e produção será cada vez maior. Isso exigirá mais especialização e ainda mais persistência e capacidade financeira para aguentar os trancos das fases de baixa. Por isso a diversificação, para alguns, faça sentido. Para outros, buscar outras perícias e tecnologias relacionadas com outras regiões também é um tipo de diversificação muito válida.

Há espaço para novos empreendedores no ramo de construção de parques eólicos no Estado?

Há espaço de sobra. O RN é um gigante dos ventos. E, ao lado do Ceará, Pernambuco, Paraíba, Piauí e Maranhão forma a maior “bacia de vento” do Brasil e uma das três maiores do mundo – entre as economicamente viáveis. Portanto, há e continuará havendo mercado para equipamentos e profissionais desta indústria nas próximas décadas, embora estejamos sempre sujeitos a períodos mais difíceis em função de intempéries normalmente de natureza político-administrativa.

Quantas fábricas de torres temos? 

No RN, somente uma fábrica de torres de concreto da Wobben, instalada no município de Parazinho.  Trata-se de uma fábrica itinerante, montada para atender construções em curso.

Por que não temos mais fábricas desse tipo? 

Há vários fatores que influenciam. Mas o caso do RN é principalmente a logística.

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