Daniel Turíbio

Daniel Turíbio é jornalista da agência Smartpublishing Mídias em Rede. Já trabalhou com mídia impressa, rádio e assessoria de comunicação. Reside em Natal/RN.

Ensino de excelência chega ao interior do RN

15 de julho de 2013

Notícia publicada na Tribuna do Norte:

O ensino profissionalizante deu um salto nos últimos anos, sobretudo em direção ao interior. No Rio Grande do Norte, a expansão dos Institutos Federais, deflagrada pelo governo federal a partir de 2006, fez crescer oito vezes o número de unidades existentes – de duas para 16 institutos. Mais do que preparar profissionais para o mercado, o ensino profissionalizante tem mudado a qualidade do ensino médio e transformado perspectivas de jovens e os arranjos produtivos locais.

Em Currais Novos, município 172 quilômetros distante de Natal,  a bacia leiteira da região foi diretamente beneficiada com a instalação, há seis anos, do instituto. O Centro de Tecnologia do Queijo é mais do que um setor de beneficiamento dos derivados do leite. Ali, entre laboratórios equipados com maquinário de ponta e salas de aulas, misturam-se conhecimento científico, pesquisa  e muita criatividade.

“É uma preocupação oferecer ensino de qualidade e melhorar o nível da educação, básica e profissional e fixar o conhecimento na região”, afirma o diretor geral Rady Dias.

IFRNs contam com laboratórios com maquinário de ponta, ajudando a misturar conhecimento científico, pesquisa e muita criatividade. (Foto; Alex Régis)

IFRNs contam com laboratórios com maquinário de ponta, ajudando a misturar conhecimento científico, pesquisa e muita criatividade. (Foto; Alex Régis)

O resultado – além de produtos e novas receitas que abastecem as 16 unidades do IFRN – são profissionais qualificados para inovar o setor de alimentos. O queijo coalho preparado com goiabada ou caju cristalizado é prova disso, aliás, tarefa de sala de aula.

Os alunos, explica a professora Uliana Medeiros, são incentivados a criar novos produtos e dominar o processo desde a concepção, fabricação, até a inserção no mercado.

“A gente precisa pesquisar os produtos, testar medidas, ver como é feita a melhor  manipulação, conservação. É o lado prático, mas também com abertura para nossa contribuição”, explica a aluna do curso técnico subsequente em tecnologia de alimentos, Janaína da Silva Albuquerque, de 21 anos,

“O campo é muito vasto, além da usina de leite, podemos atuar em indústrias de diversos segmentos, hospitais, supermercados e os rendimentos valem a pena”, Sheyse da Silva Cortez do Nascimento, de 20 anos, enquanto mistura e retira o soro da massa do queijo.

A empregabilidade é alta. De acordo com dados do IFRN, 70% dos egressos ocupam postos de trabalho. E os salários dos técnicos chegam a R$ 2,6 mil em empresas da região.

Formada há três anos, a técnica em alimentos Ana Luísa Bezerra Garcia, de 22 anos, disse que  não teve dificuldade para conseguir emprego. Trabalhando em uma cooperativa de laticínios e num frigorífico da região, ela supervisiona todo o processo produtivo.

“A estrutura de laboratórios, o nível dos professores foi fundamental para a formação que permitiu uma mudança de vida”, lembra. A melhoria, segundo Ana Luísa, se estende às empresas que avançaram na qualidade e segurança alimentar.

Academia

Mesmo fora da proposta inicial, analisa o diretor geral Rady Dias, os IFs acabam incentivando a busca pela pesquisa e pelo ensino superior. “Muitos dos nossos alunos vão para a Universidade, para a carreira acadêmica. Cerca de 70% dos que se inscreveram no vestibular foram aprovados”.

Natural de Lagoa Nova, o aluno Joanderson Souza, de 19 anos, teve dois projetos de iniciação científica aprovados, que tratam de práticas de manipulação de alimentos um em feiras livres e  hospitais e outro a análise da água da lagoa, que causou a mortandade de peixes naquela cidade.

“Pretendo continuar na área, fazer faculdade de engenharia de alimentos ou produção. Não quero parar”, diz.

Outros três IFs serão entregues este ano no RN

A expansão dos Institutos se deu a partir de 2005, quando foi modificada a lei que permitiu a educação técnica profissional ser mantida pelo governo federal. Entre 2006 até hoje, o Rio Grande do Norte saltou de duas unidades,  em Natal e Mossoró, com aproximadamente 5 mil alunos – destes 4 mil só em Natal – para 16 campi, sendo um de Educação à Distância.

Na 3ª fase do programa de expansão, há três outras unidades para Ceará-Mirim, São Paulo do Potengi e Canguaretama com previsão de funcionamento no segundo semestre deste ano e investimento de R$ 35 milhões. São R$ 8,2 milhões para construção e R$ 3,6 milhões em equipamentos, materiais, montagem de laboratórios, por unidade. Esse ano, serão iniciados os projetos de construção de outras duas unidades, em Parelhas e Lajes.

“Contemplamos as cidades pólos, com maior concentração de  desenvolvimento econômico, a partir da potencialidade de cada cidade e permitindo a interiorização do ensino médio de qualidade”, explica o reitor do IFRN Belchior Oliveira. Instalado em frente ao Pico do Tororó, onde nasceu a cidade, o IFRN em Currais Novos tem 967 alunos  matriculados.

O polo atende nove municípios da região Seridó, com cursos de nível médio, técnico e superior passará a  atuar também na área de  mineração e geologia. O centro de tecnologia em mineração está em construção, explica o diretor geral Rady Dias e deverá alavancar a atividade econômica.

Escola possui cursos de extensão para a comunidade

A profissionalização é meta não apenas entre jovens de 15 a 25 anos. Depois de verem os filhos indo para a faculdade, mulheres como a diarista Gecélia da Silva, de 45 anos, voltou a estudar depois de 38 anos. Gecélia é uma das 130 mulheres que participam do  Programa Mulheres Mil, oferecido no IFRN-Currais Novos.

O convívio escolar, o contato com computador e as aulas no laboratório de manipulação de alimentos gerou mais que a oportunidade de ocupação e renda. “Eu me senti viva, senti que ainda posso lutar pelos meus sonhos”, conta. O abandono escolar, ainda na 3ª série do ensino fundamental, se deu pela necessidade de ajudar os pais na agricultura.

O programa Mulheres Mil faz parte das ações do programa Brasil Sem Miséria, articulado com a meta de erradicação da pobreza extrema, estabelecida pelo governo federal. Voltado para mulheres em situação de vulnerabilidade social, garante acesso à educação profissional, ao emprego e renda.

 

Foto: Tribuna do Norte

Foto: Tribuna do Norte

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Estado terá rede de ensino profissional

Deu na Tribuna do Norte:

A construção de dez centros de educação profissionalizante, anunciados desde 2010, por meio do programa “Brasil Profissional”, segue na velocidade inversa em que o Estado demanda mão de obra qualificada. As obras paralisadas há um ano e meio estão sendo retomadas, desde abril em cinco unidades. A paralisação se deu em função de ajustes no projeto inicial. A obra está orçada em R$ 17 milhões, que foram repactuados em 2011.

“Os recursos estavam prestes a serem devolvidos devido a incapacidade de execução. Fora isso, passamos um ano e meio corrigindo projetos de execução e gora estamos retomando”, explicou a secretária de educação Betânia Ramalho. A previsão é que as unidades comecem a funcionar no próximo ano.

Uma das 10 unidades dos centros profissionalizantes está sendo erguida na avenida Abel Cabral, próximo à BR 101. Obras devem ser retomadas nos próximos meses e concluídas em 2014. (Foto: Alex Régis)

Uma das 10 unidades dos centros profissionalizantes está sendo erguida na avenida Abel Cabral, próximo à BR 101. Obras devem ser retomadas nos próximos meses e concluídas em 2014. (Foto: Alex Régis)

Mais que viabilizar a construção, a Secretaria Estadual de Educação esbarra na falta de conhecimento técnico para atender esta demanda, como admite Betânia. “Não há competência instalada. É um grande desafio. A educação básica não está preparada para esse tipo de escolaridade que exige outras maneiras do conhecimento ser repassado, uma vez que conjuga currículo escolar com o conhecimento técnico voltado para determinada profissão”, avalia a secretária.

O trabalho deverá ser feito em parceria com o Sistema S (Senai, Sesc, Sesi, Sest) que já trabalha com a Seec na oferta de cursos do Pronatec, além de  universidades e institutos. “Iremos formar uma grande rede para atender a formação profissional também na educação básica”, frisou Ramalho.

O ensino profissionalizante é, por meio do programa federal Brasil Profissional, uma decisão de governo de construir e equipar escolas nos estados para oferecer ensino, retomando um projeto de educação profissional durante o ensino médido que foi paralisado no final da década de 1970.

A formação é condizente com a proposta de flexibilizar e  diversificar o currículo de ensino médio, para  ser integrado ao ensino profissional, como em outros países. “Temos que dar mais opções do que apenas formar para ir para a universidade; a integração atrai mais os alunos”, afirma.

Os estados estão discutindo em conjunto como conciliar a formação técnica à formação escolar. A primeira tem currículo pré-definido. Já a formação técnica, explica a secretária, dependendo da área, exige profissionais diversificados em vários setores. A Seec já contrata junto ao Cenep, a hora-aula de alguns professores. “Deveremos trabalhar nesse modelo e pensar numa pactuação com o Sistema S”, disse.

A grade curricular ainda não foi definida, mas o Conselho Estadual de Educação (CEE) já apontou algumas demandas por cursos técnicos, como enfermagem, edificações, transações imobiliárias, guia de turismo e informática.

Além de Natal, as unidades serão erguidas em mais oito cidades do Rio Grande do Norte: Ceará-Mirim, Parnamirim, Macaíba, Extremoz, São Gonçalo, Alto do Rodrigues, Mossoró e Tibau do Sul.

Bate-papo: Sônia da Costa, diretora do Departamento de Ações Regionais do Ministério da Ciência e Tecnologia (Deare/MC&T)

Dentro  das políticas de inclusão digital e novas tecnologias do MCT, o que está previsto para o RN?
O Rio Grande do Norte está sendo considerado prioritário pelo Ministério para apoio de desenvolvimento de novas tecnologias sociais que possam prever e empreender o desenvolvimento regional. Por determinação, temos obrigação de aplicar 30% a mais, de todos os recursos para as regiões Norte e Nordeste. Para o Rio Grande do Norte, o projeto que está em construção é o Museu ou um planetário, que e será feito em parceria com o governo do Estado. E temos a previsão de mais três Centros de Vocação Tecnológica (CVTs) que serão feitos com a parceria entre governo do Estado e as universidades. Esses ambientes tecnológicos terão foco em áreas de relevância para o Estado, como apicultura, psicultura e na área de irrigação, que também tem grande demanda.

Esses centros funcionam como escolas de formação técnica?
O CVT é diferente da escola técnica. É um ambiente tecnológico, equipado pelo MCT com aparelhos de ponta, para  interagir simultaneamente com o arranjo produtivo local, as empresas e instituições de ensino, como universidades, os institutos federais, o Sistema S, entre outras, e também com a população local para melhorar produtos e serviços. Para isso, é necessário um arranjo institucional desses vários atores locais, como organizações sociais, organismos reguladores das profissões e mercados locais, instituições de ensino e as três esferas do governo.

As escolas da rede pública de ensino estão desconectadas com as novas tecnologias?
Este é um grande desafio. E o MCT junto com o Ministério das telecomunicações, trabalhamos no projeto banda larga. A informação está on-line. O objetivo é montar pontos de acessos públicos e nos locais mais remotos possíveis. Existem várias articulações em níveis nacionais, como a institucionalização de cidades digitais, um anel com  vários pontos que articulam os principais pontos da  Prefeitura com espaços públicos de inclusão digital, que poderão receber  telecentros.

Os professores da educação básica estão preparados para essas novas tecnologias?
Quando analisamos a situação de acesso a informações dos professores da educação básica a realidade é bem assustadora. Os professores dos primeiros anos da educação básica, em geral, não têm acesso sequer ao computador da sua escola.

Como o Rio Grande do Norte está em relação ao acesso a essas novas tecnologias de inclusão social e digital, comparando com outros Estados brasileiros?
Aqui, nós percebemos uma grande articulação em todas as esferas de governo, temos vários parlamentares propondo emendas para a implementação de redes de acesso a banda larga. Mas não temos ainda um nível de projetos para captar recursos em editais, como vemos nas regiões Sul-Sudeste. Isso ocorre por  falta de informação, na verdade, e por falta de capacidade técnica de montar projetos.

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