Daniel Turíbio

Daniel Turíbio é jornalista da agência Smartpublishing Mídias em Rede. Já trabalhou com mídia impressa, rádio e assessoria de comunicação. Reside em Natal/RN.

Escola Agrícola já formou 50 mil alunos

15 de julho de 2013

Notícia publicada na Tribuna do Norte:

A busca por profissionais qualificados cresce no campo na proporção em que o setor agropecuário se moderniza. Desde as práticas de corte e cultivo da terra, georreferenciamento à experimentos e desenvolvimento de novas sementes e melhoria genética do gado, o campo nunca foi tão vasto em possibilidades e requer cada vez mais conhecimento específico e novas tecnologias.

Em  quase 60 anos de atividade, o foco em ciências agrárias têm sido o diferencial da Escola Agrícola de Jundiaí. Implantada em uma fazenda  na zona rural de Macaíba, a 23 quilômetros distante de Natal, a instituição já formou mais de 50 mil alunos e tem matriculados 1,4 mil, esse ano. “É o aprimoramento de técnicas e também de alternativas para o convívio com o clima semi-árido que impulsiona o setor”, assegura o diretor da Escola Agrícola de Jundiaí, Júlio César de Andrade Neto.

Integrar o ensino médio à educação profissionalizante é a saída para melhorar a qualidade da educação básica no país, de acordo com Júlio César de Andrade Neto, diretor da EAJ. “Agregar qualificação profissional e ter já uma ocupação ao final da vida escolar, eleva a qualidade das escolas e dos estudantes”, diz.

Jovens que estudam no ensino médio da Escola Agrícola de Jundiaí saem com uma profissão e são encaminhados para o mercado de trabalho. (Foto; Alex Régis)

Jovens que estudam no ensino médio da Escola Agrícola de Jundiaí saem com uma profissão e são encaminhados para o mercado de trabalho. (Foto; Alex Régis)

O ponto mais positivo dessa soma é que o jovem sai com uma profissão e encaminhado para o mercado de trabalho. A empregabilidade entre os egressos é superior a 90%, segundo acompanhamento feito pela EAJ. A maior parte é contratada para atuar em associações e cooperativas agrícolas, abrem o próprio negócio ou são aprovados em concursos para autarquias – como a Emater e Prefeituras do interior.

A procura por profissionais e estagiários é tamanha que a instituição não consegue dar vazão, o que colabora também para a valorização dos alunos. “Sequer conseguimos atender a demanda de agropecuaristas que buscam a instituição por estagiários e profissionais todos os dias”, conta o diretor.

O modelo de aprendizagem e conhecimento ganha reforço com o tripé: ensino, pesquisa e extensão.

Os projetos de pesquisa e extensão, desenvolvidos em laboratórios ou  no campo, envolvem equipe formada por bolsistas dos cursos de nível técnico, médio  e superior, entre estudantes  de graduação e pós-graduação oferecidos pela instituição.

A interação em vários níveis de escolaridade permite a partilha do conhecimento prático, seja em projetos ou em experimentos pontuais, esclarece o diretor – o que desperta os estudantes desde os primeiros anos para a iniciação científica. “Uma coisa é conhecer a teoria, outra é ver a aplicação e as várias formas de exercer o conhecimento adquirido em sala de aula”, afirma Andrade.

Ao todo, mais de 70 projetos de pesquisas estão em andamento com pesquisadores de todos os níveis de ensino.

Alternância

A Escola Agrícola de Jundiaí trabalha no sistema de pedagogia da  alternância, com o formato de  semi-internato e   internato. O modelo preconiza que  os estudantes intercalem um período de convivência na sala de aula a outro de atividades práticas. Ou seja, além das disciplinas regulares do currículo do Ensino Médio, há o conteúdo adicional de iniciação à agricultura,  zootecnia, agroindústria, informática e administração rural.

E participam de projetos, dentro e fora da escola, onde devem desenvolver projetos e aplicar as técnicas que aprenderam em hortas, pomares e criações.

Cerca de 70% dos alunos, de acordo com a direção, ainda são oriundas de famílias de agricultores e egressos da rede pública de ensino. Uma  parceria com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetarn) permite a inserção de filhos de agricultores e pequenos produtores na instituição, bem como a inserção no mercado.

Aberto há pouco mais de um ano, o curso de aquicultura  é um dos que mais atrai estudantes, como Suzana Sena, de 16 anos. A rotina da aluna do 1° ano do ensino médio integrado é diferenciada. As aulas são divididas entre laboratórios, salas de aulas e tanques de cultivo de tilápia.

Moradora de Lagoa Salgada, ela passa o dia na escola que mais parece uma pequena cidade do interior, com ruas, praças, igreja, padaria, residências estudantis e ginásios. As aulas começam às 7h30 às 11h e das 13h às 16h. E retorna no fim do dia para a cidade em que mora.

“O nível do ensino é muito melhor do que nas escolas da região, mesmo as privadas em que estudei. A gente tem uma formação completa”, diz a jovem que pretende cursar Direito.

De olho na universidade e no campo

Enquanto as mãos cuidam da terra, os olhares da maioria dos 650 alunos do ensino médio-técnico da Escola Agrícola de Jundiaí miram à Universidade. Apesar do foco ser o ensino profissionalizante, o ingresso na universidade é crescente. E, em geral, a preferência é por cursos ligados a ciências agrícolas.

“Apesar de não ter como objetivo simplesmente preparar para a entrada na universidade, o resultados nos surpreende”, analisa Júlio César, diretor geral da EAJ. Cerca de 42% dos alunos estão em cursos de nível superior.

A estudante  de agronomia Ana Alessandra da Costa, de 23 anos, é uma delas.  Filha de agricultores e moradora de Parnamirim,  ela chegou há seis anos para estudar no regime de internato durante os três anos de ensino médio integrado em agropecuária. Após concluir o curso, foi aprovada em concurso para o cargo de técnico em agropecuária da Escola de Jundiaí e também no vestibular para o curso de agronomia.

“O gosto pelo setor agropecuário, pela pesquisa, surgiu aqui e hoje já faço planos de seguir carreira acadêmica e, quem sabe, futuramente está no corpo docente da Escola”, revela Alessandra.

No laboratório de análise e qualidade de laticínios, a ex-aluna do subsequente, Idiana de Macedo, de 22 anos, hoje técnica de laboratório na instituição, supervisiona as novas turmas de ensino médio e técnico das áreas de alimentos e agropecuária. A análise da qualidade do leite, manipulação e processamento  de derivados (queijos, iogurtes e coalhadas) passa pelo crivo da técnica. Toda produção é destinada para consumo interno.

“Foi aqui que tive uma mudança de vida significativa, de abertura de novas perspectivas que sem o conhecimento não seria possível”, afirma.

O trajeto de dois  anos e meio de formação até atuação como profissional da área serve não apenas como suporte, como também de estímulo os novos alunos. Após concluir o curso em 2008, ela fez faculdade de gastronomia e planeja fazer especialização para ingressar na carreira docente. “A área de alimentos tem grande defasagem de pessoal qualificado e por isso tem boas ofertas de emprego”, afirma.

Ainda no ensino médio, o estudante de aquicultura Lucas Vinícius de Freitas, de 15 anos, diz que optou pelo curso devido as oportunidades de trabalho. “Como é um mercado novo e não há tantos profissionais, acredito que será fácil conseguir emprego na área. Com o nível de ensino, também conseguirei ser aprovado no Enem para jornalismo”, disse.

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Metrópole Digital é celeiro de talentos

notícia publicada na Tribuna do Norte:

Presente em todos os setores da economia, a Tecnologia da Informação abriu novas  perspectivas no mercado de trabalho e cobra urgência em formação de recursos humanos. Conectado a essa necessidade, o Metrópole Digital tem investido para criar, no Estado, um pólo tecnológico em TI. Com quatro anos de atuação em pesquisa, qualificação profissional e como incubadora de empresas, o programa se consolida como Instituto e avança na implementação de uma infovia.

O principal componente da estrutura, o capital humano, recebe investimentos maciços em qualificação. São mais de R$ 40 milhões em recursos do MC&T em quatro anos. Diferente dos demais processos seletivos, os alunos são garimpados, entre muitos da rede pública de ensino, a partir das aptidões  identificadas por um psicoteste elaborado e aplicado pelo Departamento de Psicologia da UFRN.

Setenta por cento das vagas são para egressos da rede pública, dos quais 80% com idade de 15 a 18 anos e 20% até 21 anos. (Foto: Alex Régis)

Setenta por cento das vagas são para egressos da rede pública, dos quais 80% com idade de 15 a 18 anos e 20% até 21 anos. (Foto: Alex Régis)

Setenta por cento das vagas são para egressos da rede pública – desses  80% com idade de 15 a 18 anos e 20% para até 21 anos e com ensino médio. “São talentos descobertos e que recebem a formação para a construção desse pólo tecnológico em TI que estamos fomentando no Estado”, observa o diretor do IMD, Ivonildo Rêgo. “Montar uma empresa e gerar negócios, depende de gente, de talentos. O maior custo hoje para qualquer empresa é recurso humano”, acrescenta.

A formação técnica destina-se a habilitar programadores e profissionais para a produção de placas eletrônicas. O curso tem duração de três semestres, com certificação para cada uma: módulo básico; módulo avançado, onde o aluno escolhe uma das especialidades (informática para internet, redes de computadores, eletrônica e automação industrial); e módulo integrador. Este último é voltado para o mercado de trabalho, com estágios dirigidos e encaminhamentos por meio de parcerias com empresas do setor, IBM e Sebrae.

A oferta até então restrita aos cursos de nível técnico foi ampliada para cursos de graduação e pós-graduação. Na graduação, o estudante pode optar pelas habilitações em Sistemas Embarcados,  Informática Educacional, Sistemas de Informação de Gestão,  Engenharia de Software e Ciência da Computação.

Paulo Leonardo Souza Brizolara, de 20 anos, acompanha a evolução da grade: ao fim da formação técnica ingressou na faculdade, com ênfase em ciências da computação. O fato de ser aluno do IMD, diz ele, permitiu ter conhecimento prévio de algumas disciplinas e aproveitar melhor o conteúdo visto no ensino superior.

Aluno do 5° período, ele ainda não definiu se seguirá a carreira acadêmica ou focará no mercado, mas garante: TI tem muitas possibilidades e todas promissoras, já que se integra com várias outras áreas.

“Isso nos dá a possibilidade de explorar outros campos, criar novos mundos, coisas interessantes e mudar a realidade da sociedade atual”, afirma Paulo, que desenvolve pesquisa  na área de sistemas embarcados.

A mudança já acontece para Emanuel Rodrigues, de 20 anos, natural de Touros, aluno do técnico em TI. Há cerca de dois meses, ele trocou o trabalho no comércio dos pais pela monitoria da turma em que estuda. A política é uma forma de incentivar a permanência de alunos com os melhores desempenhos.

Emanuel concluiu o ensino médio há dois anos, em Ceará Mirim. “Se eu tivesse ficado lá (no interior), não teria as mesmas oportunidades e nem estaria ciente delas”, afirma. O mercado remunera bem, com salários de R$ 4 mil, e só tende a expandir cada vez mais. A meta agora é ingressas no bacharelado de TI, oferecido pelo Instituto. “Pretendo ficar no Estado e desenvolver negócios nessa área”, planeja Emanuel Rodrigues.

Esforço

Os esforços segundo o  coordenador do ensino  técnico do IMD, Marcel Oliveira  são para evitar que falte mão de obra qualificada. “O setor já passa por uma escassez e com a expansão, há uma projeção de que pode faltar pessoal nos próximos cinco, oito anos”, afirma Oliveira.

A absorção dos técnicos pelo mercado de trabalho é tamanha que chega a impactar o número de alunos que se dedicam a iniciação científica, observa o coordenador. “Os alunos preferem seguir para as empresas, para o mercado que está positivamente inflacionado, do que se dedicar a pesquisa”, afirma Oliveira. Com salários iniciais de R$ 2 mil, quem  conclui a formação profissionalizante tem facilidade de ser contratado.

Além de ajuda de custo para transporte e material escolar, os alunos com defasagem escolar participam de aulas de reforço em português, matemática e noções de programação.

Contudo, o  abandono escolar ainda persiste. Somente 34% dos selecionados concluem o curso. A avaliação é positiva se comparada a média nacional. Em geral, segundo dados da Abracom, empresa que avalia cursos técnicos nesta área, a média no Brasil é de 18% de aprovados no final do curso, ou seja o abandono é de 82%.

IMD incentiva empreendedorismo

O Instituto também atua como incubadora de empresas, dando suporte e assistência para microempresas gerarem negócios, antes de caminhar por conta própria. Ao todo, são doze empresas que trabalham desenvolvendo software para as áreas jurídicas,  gerenciamento de restaurante, gestão de sistemas administrativos. O Instituto prepara-se para lançar edital para a captação de novas empresas incubadas, a partir da inauguração da nova sede do Metrópole Digital, que terá capacidade para abrigar até 60 empresas.

O prédio localizado à entrada do campus universitário, próximo a Caern, contará com seis laboratórios para bolsistas, uma sala para treinamento, Centro de Convivência com lanchonete, quatro auditórios. A previsão é que as obras orçadas em R$ R$ 11,979 milhões oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico através de um convênio entre a Funpec e a UFRN,  sejam concluídas no segundo semestre desse ano.

Entre as principais metas, o diretor geral do IMD, Ivonildo Rêgo, destaca ainda a abertura de cursos de residência em Engenharia de Software (30 vagas) e em Jogos Digitais (20). Baseado no modelo de residência médica, os cursos oferecerão aulas teóricas (especialização lato sensu) em projetos e ambientes de softwares reais. E a criação do mestrado profissional em Computação Aplicada, voltado para atender demandas da sociedade e do mercado, transferência de tecnologia.

Bate-papo: Ivonildo Rêgo, diretor do Instituto Metrópole Digital

As vagas serão ampliadas?
Para 2014, duas escolas serão escolhidas e terão curso presencial no contraturno escolar, em jogos digitais. Temos dificuldades para ampliar essa interiorização. Falta uma infovia de grande porte. Temos dificuldades de implantar cursos do instituto em cidades do interior porque não contam com banda larga.

Em que fase está a implantação da Infovia do IMD? 
O Instituto, em parceria com o Governo Estado e Ministério da Educação, está construindo uma rede de alta velocidade, de banda larga, com 360 quilômetros de fibra ótica, que vai conectar 630 escolas públicas da Grande Natal. A implantação é até dezembro de 2014 e parte deve começar a funcionar no segundo semestre. Um investimento de R$ 20 milhões, com recursos do MEC. Esta será a primeira infovia expressiva do estado, e a partir dela haverá um salto para o interior.

Como será essa conexão e quais os impactos no RN?
Para o desenvolvimento de qualquer estado ou região, uma infraestrutura de logística desse porte da infovia é tão importante quanto ter rodovia, ferrovias. O Ceará tem 3 mil quilômetros de infovia que liga as escolas e o setor produtivo, unidades de formação técnica. A UFRN  já conta com a rede GigaNatal conectada a todas as unidades,  museus, instituições parceiras como a Petrobras, Inpe, UnP e o IFRN. A infovia facilita a inclusão digital, seja com cursos e programas para professores à distância, como também para ampliar a oferta dos cursos existentes no Instituto para estas escolas. A partir da conexão das escolas que estão presentes e bem espalhadas em todas as cidades, poderá ser feito a interligação com unidades de saúde, de segurança. É um projeto estruturante para educação básica e técnica.

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