Fruticultores potiguares querem fortalecer relações com mercado americano

4 de abril de 2013

Notícia publicada no caderno de Economia do Novo Jornal:

Os fruticultores potiguares querem aproveitar a 16º edição da Feira Internacional da Fruticultura Irrigada (Expofruit), que será lançada hoje no Sebrae – Mossoró, para fortalecer as relações com o mercado norte-americano. Desde que as relações iniciaram há três anos, os produtores vêm tentando tornar os Estados Unidos o segundo maior mercado comprador do melão potiguar.

A conquista do novo mercado é uma forma de evitar que a crise europeia atinja a fruticultura do estado, visto que 95% da produção de melão exportada vai para a Europa. Há uma preocupação de que com a crise no continente, o mercado sofra, já que os índices de consumo da fruta pelos europeus estão diminuindo. Os americanos representam menos de 5% das exportações.

Safra de melão este ano se manteve estável, em 260 mil toneladas. (Foto: Folhapress)

Safra de melão este ano se manteve estável, em 260 mil toneladas. (Foto: Folhapress)

O presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do RN (Coex), Francisco de Paula Segundo, diz que já houve avanços no processo de uma abertura maior com o mercado norte-americano para as frutas potiguares. “O país quer absorver esse mercado e essa aproximação já está sendo trabalhada e vamos reforçar na Expofruit com a presença de americanos para que conheçam melhor nossa produção”, relata.

Desde o ano passado, os fruticultores potiguares iniciaram os procedimentos para convencer os americanos a modificarem o período de isenção de taxa na exportação do melão. Atualmente o prazo de isenção começa em dezembro e se estende até março, isentando o produto em 100%.
O problema deste período é que os potiguares só conseguem exportar com isenção de impostos e sem a concorrência do melão de outros países e dos próprios americanos no mês de dezembro. Por isso propõem adiantar o prazo para setembro, que é a época em que começa a safra no estado.

Os fruticultores já fizeram algumas visitas aos Estados Unidos discutindo o pleito e agilizando os documentos para atender à burocracia americana. Eles estão apresentando todo o detalhamento da produção de melão, mas ainda esperam que os americanos decidam. “Os Estados Unidos são extremamente corporativistas e não é tão fácil fazer uma mudança de mercado como esta, mas já estamos avançando. As exportações para lá cresceram um pouco, cerca de 5% no último ano”, explica o presidente da Coex.

Se conseguirem, a expectativa é de que a produção de melão do estado dobre nos próximos cinco anos, passando das 260 mil toneladas anuais para 532 mil.

O diretor técnico do Sebrae, João Hélio Cavalcanti acompanha as negociações e diz que a Expofruit será uma excelente oportunidade para passar um imagem prática da produção local aos americanos. “Vamos focar a Expofruit no mercado americano com a presença de empresas e autoridades de lá que vão comparecer”, afirma. Segundo João Hélio, o melão potiguar está em vantagem no mercado internacional devido às condições de tratamento do produto. “Nos outros, eles pegam do campo e, sem tratamento, mandam para o supermercado, enquanto que aqui temos todo um trabalho de qualidade e manuseio agroindustrial que agrada a eles”, relata.

Uma das estratégias para conquistar de vez o mercado americano é exportar para lá um tipo de melão que não é oferecido pelos outros países, o melão amarelo. “O objetivo é não entrar com melões que eles já consomem, mas sim com o melão amarelo que produzimos aqui em boa escala e excelente qualidade”, conta João Hélio Cavalcanti.

Segundo diz, além de ser difícil de se encontrar no mercado internacional, o melão amarelo tem ainda a vantagem de ser resistente ao transporte e é produzido em larga escala nas regiões de Mossoró (RN) e Vale do Jaguaribe (CE). Essa região é área livre da mosca da fruta e já possui aprovação fitossanitária para exportar para os Estados Unidos.

No entanto, a imagem de que o Brasil se desenvolveu interfere na decisão dos americanos. “Eles começaram a discutir no dia 1º de março as mudanças nas tarifas, mas a visão que eles têm de que o Brasil já é um país rico e que não precisa de isenção pode atrapalhar. De qualquer forma, fizemos um trabalho prévio”, relata Cavalcanti. Ele ressalta que na Expofruit será possível mostrar-lhes que a região Nordeste ainda é carente de desenvolvimento e por isso as isenções são importantes.

Dilma veta desoneração da folha para fruticultura

Os fruticultores contavam para este ano com uma economia nos custos com a inclusão do melão, melancia e castanha na lei 12.794/13, que desonera a folha de pagamento para setores da indústria e de serviços, publicada ontem no Diário Oficial da União. Com a desoneração, empresas que contribuem ao INSS com 20% da folha de pagamento passam a pagar de 1% a 2% até 31 de dezembro de 2014.

Francisco de Paula Segundo: produtores ainda temem efeitos da seca. (Foto; Anastácia Vaz)

Francisco de Paula Segundo: produtores ainda temem efeitos da seca. (Foto; Anastácia Vaz)

Entretanto, ontem a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei, mas vetou 23 dispositivos que foram inseridos por parlamentares para ampliar os setores beneficiados. O melão, maior produto de exportação da fruticultura irrigada potiguar foi um dos produtos vetados.

Os vetos foram recomendados pelo Ministério da Fazenda com o argumento de que os dispositivos violam a Lei de Responsabilidade Fiscal ao prever desonerações sem apresentar as estimativas de impacto e as devidas compensações financeiras.

Enquanto isso, os produtores temem que a pior seca dos últimos 50 anos afete a próxima safra do melão. A deste ano não foi prejudicada – está terminando e deve se manter no mesmo nível do ano passado, em torno de 260 mil toneladas. É na próxima que mora o perigo.

O presidente da Coex Francisco de Paula relata que como 100% da fruticultura potiguar é irrigada por poços tubulares, neste ano está vulnerável à estiagem. “Estamos apreensivos porque muitos poços estão com pouca água e não sabemos a amplitude da seca para este ano”, diz.

O temor está no fato de não haver alternativa em curto prazo para a irrigação se os poços secarem. Os prejuízos ainda não são estimados, mas a Coex prevê que se isso ocorrer o setor estará com sérios problemas. Atualmente, a fruticultura potiguar emprega diretamente mais de 15 mil pessoas em 167 empresas. Das 260 mil toneladas produzidas anualmente, cerca de 60 mil ficam no mercado nacional e 200 mil são exportadas por 100 empresas.

A estimativa do Coex é de que a safra atual renda um faturamento igual ao do ano passado, que ficou em torno de US$ 281,2 milhões, mantendo-se inferior ao ano de 2010, quando foram arrecadados US$ 284,7 milhões em exportação.

Os fruticultores contavam para este ano com uma economia nos custos com a inclusão do melão, melancia e castanha na lei 12.794/13, que desonera a folha de pagamento para setores da indústria e de serviços. Com a desoneração, empresas que contribuem ao INSS com 20% da folha de pagamento passam a pagar de 1% a 2% até 31 de dezembro de 2014.

Entretanto, ontem a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei, mas vetou 23 dispositivos que foram inseridos por parlamentares para ampliar os setores beneficiados. O melão, maior produto de exportação da fruticultura irrigada potiguar foi um dos produtos vetados.

Os vetos foram recomendados pelo Ministério da Fazenda com o argumento de que os dispositivos violam a Lei de Responsabilidade Fiscal ao prever desonerações sem apresentar as estimativas de impacto e as devidas compensações financeiras.

Expofruit destaca os pequenos

Uma novidade apresentada pelo presidente da Coex, Francisco de Paula Segundo para a edição deste ano da Expofruit é a atenção especial para a agricultura familiar. O objetivo é dar mais atenção aos pequenos produtores rurais, orientando-os sobre produtos a serem cultivados e como inseri-los no mercado.

Hoje, durante o lançamento da 16ª Expofruit, que ocorre às 18h no Sebrae de Mossoró, o deputado Betinho Rosado deverá abordar sobre os microirrigadores e sobre as perdas do setor com o veto da presidente à desoneração de impostos do melão. O deputado vai tratar sobre “Fruticultura e suas Perspectivas” durante uma palestra. Além disso, será apresentada a campanha publicitária que terá como tema “Exposição os Doces Sabores do Brasil”.

A exposição acontece entre os dias 10 e 12 de julho, na Ufersa/Mossoró e já está com mais da metade dos 300 estandes disponíveis vendidos. Cada estande possui 12m² e está disponível por R$ 2.500. Cerca de 40 mil pessoas devem circular pela exposição, com expectativa de que sejam movimentados US$ 15 milhões.

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