Daniel Turíbio

Daniel Turíbio é jornalista da agência Smartpublishing Mídias em Rede. Já trabalhou com mídia impressa, rádio e assessoria de comunicação. Reside em Natal/RN.

Gás natural perde terreno no RN

21 de janeiro de 2013

Notícia publicada no caderno Economia da Tribuna do Norte:

O Rio Grande do Norte, segundo estado brasileiro que mais produziu gás natural no mar no ano de 2000, vem perdendo espaço. Entre 2000 e 2011, o Estado caiu quatro posições no ranking de produção no mar e amargou a sexta colocação, entre os estados produtores. No ranking que considera tanto a produção no mar quanto em terra, o RN ficou numa posição ainda mais desconfortável: o 7º lugar. Foi ultrapassado por Sergipe e Espírito Santo, estados que não produziam nem 70% do que o RN produzia há 12 anos.

Foto: Tribuna do Norte

Foto: Tribuna do Norte

Nos últimos anos, a produção de gás natural no estado caiu quase pela metade e o consumo recuou 34,62%. As reservas também encolheram. Bira Rocha, ex-presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern), relaciona a queda na produção à falta de investimentos por parte da Petrobras. A estatal, por sua vez, assegura que “investe continuamente na prospecção exploratória de novas reservas de gás para manter e ampliar sua produção no RN” e justifica que a Bacia Potiguar é uma bacia madura (que produz menos).

Há também outras razões para a retração, na avaliação do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom). A crise energética que atingiu o país em 2001 é apontada como uma das causas para a queda no consumo de gás natural por consumidores finais. O reflexo direto é o fechamento de várias convertedoras de gás e a demissão de trabalhadores. O número de convertedoras caiu de 32 para seis, entre 2002 e 2012, no RN.

A Potigás, companhia responsável pela distribuição de gás canalizado no RN, acredita que o quadro pode ser revertido. O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) concorda, mas avisa: os resultados vão demorar a aparecer. O setor desacelerou e precisará de incentivos para engatar novamente, afirma Alízio Vaz, presidente do Sindicato.

As vendas de Gás Natural Veicular – gás usado para abastecer veículos – no país também servem de indicador. Elas caíram 22,7% entre 2007 e 2011. O GNV, que havia experimentado um incremento de 1.677% nas vendas entre 1999 e 2007, foi, ao lado do óleo combustível, um dos dois combustíveis que perderam espaço nos últimos seis anos. Todos os outros, entre eles gasolina e etanol, ganharam terreno. A participação do GNV nas vendas do país caiu de 2,89% para 1,8% entre 2007 e 2011. A de gasolina passou de 27,6% para 32% no mesmo período.

O preço, afirmam os especialistas, foi o grande vilão. Abastecer com GNV em dezembro do ano passado estava, em média, 146,5% mais caro do que abastecer com GNV em 2001. Se antes o potiguar pagava, em média, R$ 0,76 por m³, hoje ele paga cerca de R$ 1,89. O preço pode chegar a R$ 2,00, dependendo do local. O eletricista Carlos Eduardo Silva da Costa, 39, percorre entre 80 e 90 quilômetros por dia e até pensou em deixar de abastecer com GNV. “Tenho dois veículos. Abasteço os dois com GNV. Pensei em mudar o combustível, mas como já instalei os compressores, desisti da ideia”. Os veículos são flex e são abastecidos com gasolina quando a diferença de preço diminui. “Antes compensava. Agora não compensa mais”, afirma. Vanklin Leidson dos Santos Silva, 27, abastece com GNV desde que se tornou taxista, há 9 anos, e confirma: “antes instalar um kit de GNV era um bom negócio”.

Potigás negocia com governo redução de IPVA

Para reverter o cenário, a Potigás está negociando com a Secretaria Estadual de Tributação a redução de IPVA para os veículos que utilizam gás natural em todo o estado. O projeto de lei que permitirá a redução – de autoria do deputado Walter Alves – já está tramitando na Assembleia Legislativa, afirma Fernando Dinoá, diretor-presidente da Potigás. Além disso, o Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis (CTGás-ER) também passará a auditar e certificar as convertedoras para garantir a qualidade do serviço. O potiguar que comprar um carro de fábrica com gás natural ou converter o carro para o GNV também será beneficiado, dentro da campanha idealizada para aquecer o setor. “A Potigás dará um bônus de até 400 m³ de gás natural para ele, o que equivale a aproximadamente 6 mil quilômetros de rodagem”, afirma Dinoá. A ideia, segundo ele, é mostrar que consumir gás natural ainda é vantajoso. “A economia com relação aos combustíveis líquidos, só a título de comparação, pode chegar a 58%”, explica.

Bate-papo: Fernando Dinoá – diretor-presidente da Potigás

Carro consome 40% do gás produzido no RN

Quanto de gás o RN distribui hoje e qual a capacidade máxima de distribuição?

Distribuímos cerca de 360 mil m³/dia e temos capacidade instalada para chegar a até 1,3 milhão de m³/dia. Em 2002, distribuíamos cerca de 256 mil m³/dia.

Quanto de gás o RN consome hoje? Em 2008, o consumo não atingia nem 30% da oferta.

Hoje o Estado consome mais do que produz. A proporção entre o que é produzido e consumido depende de quanto é distribuído para a Termoaçu.

Há uma cota de consumo? Qual é a cota? 

Quando o gás produzido no RN é maior que o consumo interno o “excedente” é distribuído para os outros estados.

Como o consumo está distribuído no estado? Quanto é consumido pelos veículos, residências, comércio, indústrias? 

Atualmente 40% do volume comercializado pela companhia é para os veículos, através do GNV, 53% do Industrial, 5,5% do GNC, 1,0% do comercial e 0,5% do residencial. A Potigás está investindo na expansão de gasodutos na Grande Natal e em Mossoró, visando a diversificação do uso para todos os setores, com foco principalmente para o residencial e comercial, que são novos setores que vem sendo explorado pela companhia nos últimos anos.

O RN conta com quantos gasodutos hoje? De quem são? Por onde passam? 

A Potigás conta com 324 km de gasodutos, sendo 257 km de gasodutos de aço e 67 km de gasodutos de PEAD (polietileno de alta densidade). Além dos gasodutos da Potigás, o RN conta com gasodutos de responsabilidade da Transpetro e da Petrobras. Em 2002, a Potigás possuía cerca de 170 km de gasodutos. Investimos R$ 17,9 milhões só na ampliação dos gasodutos.

Há planos de instalar um gasoduto em Assu?   

As cerâmicas estão distantes umas das outras, o que acaba encarecendo o projeto e inviabilizando a construção de um gasoduto que interligue todas elas. Além disso há uma necessidade forte de investimento por parte dos empresários, que precisam modernizar e adaptar suas instalações para se viabilizar o uso deste combustível.

E a conversão dos veículos para gás natural?

É importante lembrar que o Brasil passou por um momento de crise energética muito forte em 2001, quando houve o racionamento de energia. Naquela época não havia usinas termoelétricas que consumissem o Gás Natural, com isto o Governo Federal se planejou e criou ao longo da última década várias usinas com funcionamento através do Gás Natural. Atualmente estas termoelétricas estão garantindo boa parte do fornecimento de energia do país. Com isso, ao longo desse período houve um foco muito grande no uso deste combustível para o seguimento térmico, o que acabou prejudicando os outros setores, como é o caso do GNV.

 

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Petrobras mantém prospecção para aumentar produção

Notícia publicada no caderno Economia da Tribuna do Norte:

A queda na produção de gás natural no Rio Grande do Norte não está relacionada à falta de investimento, assegura a Petrobras. A companhia diz investir continuamente na prospecção de novas reservas de gás para ampliar a produção no RN e explica que manter a produção depende da capacidade que os projetos em implantação têm de compensar o declínio natural das jazidas maduras de petróleo e gás.

A estatal, que não revelou quanto foi investido na produção de gás no Estado, esclareceu que “sempre que existe produção, o volume de reserva diminui, e para que haja o aumento dessas reservas é necessário que sejam implantados novos projetos de produção ou a descoberta de novas acumulações de petróleo e gás natural”.

A Bacia Potiguar, justifica a Petrobras, é uma bacia madura “onde existe um constante esforço exploratório para se descobrir novas acumulações, implantar novos projetos e aumentar as reservas dos campos já existentes”.

A Agência Nacional de Petróleo (ANP) realizará em maio a 11ª rodada de licitação para a concessão de áreas de petróleo e gás natural – depois de um hiato de quase cinco anos. O RN é um dos estados mais bem colocados no leilão, em termos de blocos exploratórios ofertados. Para Bira Rocha, maior produção de combustível significa maior arrecadação e maiores chances de atrair indústrias. “O RN perdeu recentemente uma fábrica de PVC para Alagoas porque deixou de ser beneficiada pela Petrobras em termos de exploração e produção”.

A Petrobras nega que tenha deixado de beneficiar o RN em detrimento de outros estados, embora tenha priorizado a exploração de petróleo em águas profundas no Ceará e não Rio Grande do Norte.

Gás está sendo usado em termelétrica

Com a queda do nível dos reservatórios em todo o país, em função da seca, e o acionamento das termoelétricas, boa parte do gás natural produzido no Rio Grande do Norte está sendo consumido pela Termoaçu, localizada no município de Alto dos Rodrigues. A usina tem capacidade instalada de 367,9 megawatts (MW), produz energia para atender às distribuidoras Coelba, na Bahia, e Cosern, no estado, e 610 t/h de vapor utilizado para a Petrobras, que o injeta nos poços de petróleo.

Segundo a Petrobras, o RN produz, em média, 1,6 milhão de m³ de gás natural por dia. Informações extraoficiais dão conta de que só a Termoaçu consumiria 2 milhões de m³ diariamente. O gás necessário para abastecer a térmica e atender aos outros clientes viria de outros estados e até de outros países, afirma Fernando Dinoá, diretor-presidente da Potigás, que descarta risco de desabastecimento no estado, mesmo com o acionamento de todas as térmicas.

“Afirmo e reafirmo que temos Gás Natural para comercializar, seja oriundo da produção do próprio Estado, seja importado de outros Estados ou Países. No final do ano passado, a Petrobras comercializou para Potigás gás natural originário da África e da Bolívia, apenas para exemplificar que podemos comercializar gás natural de qualquer parte do mundo”.

Gás no RN, segundo ele, só é queimado por questões de segurança e a pedido daANP, nas plataformas da Petrobras. “Quando sobra, vendemos para outros estados. Hoje, há gasodutos atravessando todo o país”, esclarece.

O consumo no estado é bem variado. De acordo com dados da Potigás, 40% do gás natural distribuído pela companhia é usado para abastecer veículos; 53% vai para as indústrias; e o restante é distribuído entre os segmentos comercial e residencial. Só no RN, o número de condomínios que usam gás natural passou de dois, em 2008, para 42, no ano passado. A ideia é chegar a mais 26 condomínios só na Grande Natal em 2013. “A Potigás está investindo na expansão de gasodutos na Grande Natal e em Mossoró, visando a diversificação do uso para todos os setores, com foco principalmente para o residencial e comercial, que são novos setores que vem sendo explorados pela companhia nos últimos anos”, afirma Dinoá.

Taxistas de Natal preferem usar gasolina

Há pelo menos seis anos a cadeia de serviços ligada ao gás natural perde força no Rio Grande do Norte.  “Quem está trocando de carro não está colocando nem etanol, por causa dos preços, nem GNV, por causa das despesas extras”, relatou Genário Torres, presidente da Cooperativa de Taxistas de Natal (Cooptaxi), em entrevista à TRIBUNA DO NORTE em 2012. Segundo o presidente da cooperativa, dos cerca de 1.010 táxis que circulam na capital, 75% rodam atualmente com GNV. Há dois anos, o percentual girava em torno de 90% – um recuo de 15 pontos percentuais em dois anos. “E a tendência é cair cada vez mais”. A Potiguar Inspeções chegou a fazer 30 inspeções de instalação por dia e nenhuma retirada. Esse número caiu em 2012 para quatro inspeções de instalação, sem falar nas quatro retiradas diárias. O investimento necessário para instalar os kits, os custos com inspeções periódicas, e a quase equiparação do preço do metro cúbico ao do litro do álcool  estão entre os fatores que têm impactado o setor

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