Quarenta por cento dos 135 hotéis de Pipa, que já foi o roteiro turístico mais festejado do Rio Grande do Norte, estão à venda. A informação é das três imobiliárias da cidade que trabalham na captação de interessados.
Com cinco mil leitos e uma histoória de sucessos entre os principais destinos turísticos do Brasil, Pipa hoje, segundo reconhecem os próprios hoteleiros, não consegue obter mais de 30% de ocupação em média na sua rede durante o ano inteiro.
“Com os custos galopantes da atividade, essa é uma tragédia não só para a hotelaria, mas para toda a economia potiguar”, afirma o presidente da Associação dos Hoteleiros de Pipa, Jean Claude Progin.
Sem qualquer investimento do Estado para proteger essa “galinha dos ovos de ovo” do turismo, lembra Jean Claude, Pipa padece de falta de infraestrutura urbana, de segurança – deficiências compensadas por um zelo excessivo das autoridades ambientais, que multam sem parar hotéis instalados lá há mais de 20 anos.
No ano passado, preocupados com a desconstrução de Pipa como o mais importante destino do Rio Grande do Norte, uma comissão de hoteleiros e empresários que integram a cadeia produtiva do turismo local estiveram com a governadora Rosalba Ciarlini. “Infelizmente, de lá para cá, nada aconteceu”, lamenta Jean Claude.
Empregando 2.500 pessoas, segundo Claude, a cadeia produtiva do turismo em Pipa movimenta tem condições de movimentar até R$ 300 milhões por ano. A crise européia afastou muitos turistas, mas a falta de segurança e episódios evolvendo o assassinato de estrangeiros tem afugentado muita mais gente.
“Já entregamos aos órgãos de segurança um dossiê completo, com nome e endereço, de pessoas envolvidas com tráfico de drogas, mas até agora nada aconteceu”, denuncia Jean Claude.
José Odécio, empresário de turismo de Pipa, diz que a mesma falta de zelo observado na segurança não acontece com os órgãos ambientais, que insistem em aplicar critérios rígidos de proteção a áreas ocupadas há muitos anos. “Daqui a pouco vão querer que qualquer hotel se instale a 100 metros das falésias e, nesse momento, podem fechar Pipa”, desabafa.
Segundo ele, o próprio Ministério Público ignora licenças já concedidas tanto pela Prefeitura quanto pelo Idema e ameaça fechar estabelecimentos que funcionam há anos. “Com toda essa insegurança jurídica não é possível imaginar nenhum empresário se instalando em Pipa”, acrescenta.
Para Jean Claude, com uma Copa à vista em 2014, “não precisaremos de nenhuma bola de cristal para entender que este cenário levará à descapitalização e a decadência da maioria dos hotéis que tiverem uma ocupação inferir a 60% ano, ou seja, quase todos que estiverem instalados em estâncias predominantemente turísticas”.
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