Médicos estrangeiros serão enviados ao RN para suprir demanda

24 de junho de 2013

Notícia publicada no Novo Jornal:

Médicos europeus serão enviados ao Rio Grande do Norte para suprir a falta de profissionais no interior. Eles deverão receber o acompanhamento da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) durante o período em que estiverem atuando no estado com um registro temporário para exercer a medicina nas cidades a que forem destinados. A medida é do Ministério da Saúde.

O Ministério não obteve o êxito desejado com o Programa de Valorização da Atenção Básica (Provab), iniciativa de interiorização da profissão no país que, no Rio Grande do Norte, contemplou apenas 43% dos municípios que haviam solicitado médicos pelo programa. Das 81 cidades que solicitaram profissionais, 35 não foram atendidas.

Foto: jornalmontesclaros.com

Foto: jornalmontesclaros.com

Mesmo sem uma definição da quantidade de profissionais de saúde e dos municípios que deverão recebê-los, o Ministério da Saúde estima que os beneficiados deverão ser os mesmos que solicitaram médicos do Provab.

Como a ideia de importar profissionais estrangeiros está praticamente consolidada, os municípios interessados deverão acessar recursos do Ministério da Saúde para estruturar suas unidades básicas de saúde, no período em que for anunciado pelo órgão. Espera-se que, pelo menos 35 municípios potiguares requisitem médicos europeus. Essa é a quantidade que pediu mas não recebeu nenhum inscrito no Provab.

O Rio Grande do Norte tem 1,2 médicos por mil habitantes. É o 15º com menor proporção de médicos do país, estando ainda abaixo de Sergipe e Pernambuco (1,3), que também estão abaixo da média nacional.

O ministério já iniciou entendimentos com os governos de Portugal e Espanha para atrair médicos, tornando equivalente o diploma da área entre Brasil e os dois países com um sistema de reconhecimento mútuo a ser implementado com base na análise da grade curricular das universidades, descartando a exigência do Revalida – exame que precede a autorização para que médicos estrangeiros atuem no país.

De acordo com o Ministério da Saúde, ainda não é possível divulgar quando os estrangeiros chegarão ao Rio Grande do Norte e aos outros estados do país para atuarem nas periferias das grandes cidades e em municípios do interior, onde o déficit de profissionais para atendimento à saúde básica é alto. A quantidade também não está definida ainda e depende de um levantamento nos municípios.

CRITÉRIOS
Para importar os profissionais estrangeiros, o governo já definiu os critérios. O Ministério da Saúde informou que Portugal e Espanha são os mais cogitados porque têm mais médicos que o Brasil. Países como Equador e Colômbia, que têm uma proporção de médicos menor que o Brasil, estão descartados.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, no Brasil há 17.6 médicos para cada mil pessoas, índice que está abaixo de outros países sul-americanos, como a Argentina (3,2) e México (2). A meta do governo é igualar a média da Inglaterra, que tem 2,7 médicos para mil habitantes, mas para tanto precisaria hoje de mais 168.424 profissionais. Em Portugal e Espanha, a proporção de médicos é o dobro do Brasil, mas existe a chaga do desemprego que tem assolado a zona do Euro, fato que o governo brasileiro vê como favorável aos seus planos. A crise europeia deve fazer com que os profissionais de lá analisem com bons olhos a proposta brasileira.

Um terceiro motivo que sugere Espanha e Portugal é a qualidade na formação dos seus médicos. O governo estuda lançar editais de seleção que serviriam para barrar profissionais de universidades que o governo considera de baixa qualidade. Dependendo do país, os médicos fariam curso para aprender a falar português.

“A análise de currículo, observando-se sua formação, onde estudou serão critérios de escolha. E mais: só terão registro para atuar na saúde básica dos municípios que estão necessitando de médicos”, informou o Ministério da Saúde, por meio de sua assessoria de imprensa. Com isso, o trabalho dos profissionais europeus está condicionado à região ou município a que forem designados para atuar.

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