Refinaria potiguar registra crescimento de 84% na produção de derivados

12 de novembro de 2012

Notícia publicada no caderno de Economia do Novo Jornal:

A tão esperada autossuficiência potiguar na produção de gasolina, apontada como o principal ganho que a construção da Refinaria Potiguar Clara Camarão traria para o Rio Grande do Norte, hoje só pode ser considerada como um sonho distante. Operando próximo ao limite de capacidade, a produção mensal do combustível na RPCC é de 32 mil m³, o que tem sido insuficiente para atender a demanda do mercado norte-rio-grandense. O estado registrou, neste ano, consumo de 34 mil m³/mês, e com a perspectiva de continuar crescendo.

Refinaria Clara Camarão, no municipio de Guamaré;. (Foto: investne.com.br)

O “boom” no consumo de gasolina tem sido um fenômeno registrado em todo o país. Segundo dados publicados em reportagem da Folha de São Paulo no último domingo, o Brasil registra neste ano o consumo histórico de 36 bilhões de litros de gasolina. Como as refinarias de petróleo que produzem esse derivado em maior quantidade estão localizadas na região sudeste, os estados do norte e nordeste, como Pará, Amapá, Maranhão, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte estão mais suscetíveis à um possível colapso no sistema de combustíveis. Isso porque boa parte da gasolina que abastece o mercado dessas regiões chega através de caminhões ou navios. No entanto, os sistemas de transporte também esbarram na falta de infraestrutura – tanto das rodovias, estreitas demais para a passagem dos caminhões, quanto dos portos, que em sua maioria não possuem estrutura para atracação ou armazenamento de grandes navios.

Esse panorama não tão positivo foi apresentado à pesquisadores e empresários durante o I Fórum Estadual de Energia no RN, promovido na Assembleia Legislativa do Estado. Os dados foram apresentados na palestra “A Refinaria Potiguar Clara Camarão e sua importância regional e nacional”, ministrada pelo gerente geral da refinaria, Daniel Sales Correia.

“Houve um boom de gasolina no Brasil, e nós (A Petrobrás) previmos errado a necessidade de consumo do combustível. A necessidade que o mercado possui hoje era prevista para os próximos três ou quatro anos. Se nós mantivéssemos o ritmo de produção do início (da refinaria) durante esses quatro anos, com certeza já seríamos autossuficientes. A única questão é que o mercado também cresceu e passou a exigir mais. Por isso, a empresa tem investido na reestruturação e na produção das refinarias”, declarou Correia. Segundo dados das Petrobrás, as refinarias estão produzindo em até 98% da sua capacidade.

No caso da RPCC, a capacidade de produção tem girado em torno de 102%, com liberação da Agência Nacional de Petróleo (ANP). São 6 mil barris de gasolina produzidos diariamente. No entanto, a demanda do estado pede uma produção de 9 mil barris/dia, que é somada ao combustível oriundo das refinarias do sul/sudeste. Um dos imbróglios desse sistema, ainda é o transporte do combustível através dos portos. A Petrobrás recebe, hoje, os containers de exportação através do Terminal Petroleiro Píer das Dunas. Porém, devido às limitações no calado do porto de Natal – com 12,5m, não possui capacidade para receber grandes embarcações-,a empresa petroleira fechará o píer no fim deste ano, passando a receber o combustível unicamente através das rodovias.

“O transporte de combustível através do porto é inviável. O Porto de Natal não está preparado para receber containers, nem para atender a capacidade de produção e crescimento do Pólo Industrial de Guamaré (localização da RPCC)”, criticou o gerente. Segundo Correia, o transporte rodoviário é uma solução a curto prazo. A Petrobrás investiu, neste ano, R$42 milhões para a construção de um novo quadro de bóias e duto submarino na refinaria. As bóias são uma forma de facilitar a atracação dos navios grandes, uma vez que a região da refinaria sofre por possui um mar muito raso. O único entrave para a construção do quadro tem sido a liberação da licença ambiental do IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), ainda em análise.

“Permaneceremos com esse sistema pelos próximos seis ou oito meses. A ideia é que até o meio do ano que vem o quadro de bóias esteja construído”, considerou Correia. Contudo, o gerente também alerta para o risco de um colapso no fornecimento de combustíveis caso a estrutura não seja construída. “Daqui a quatro anos, quando também tivermos uma estagnação na produção de diesel, será preciso misturar o nosso óleo com o que vem de estados vizinhos. E para isso também vamos depender dessa estrutura para receber os navios”, pontuou.

Clique aqui para ver a publicação original

Deixe seu comentário:

© 2015 RioGrandedoNorte.Net - Todos os Direitos Reservados

O RioGrandeDoNorte.Net seleciona as notícias mais importantes da semana a partir das mais confiáveis fontes de informação setorial. Em algumas delas, agregamos o noticiário de um assunto em um só item, ressaltamos (negritando) ou até comentamos (grifando) a notícia original, caso pertinente.