Franquias aceleram economia no RN

28 de maio de 2012

O mercado de franquias  alcançou um faturamento de R$ 88,8 bilhões no Brasil em 2011 e um crescimento de 16,9% em relação ao ano anterior. Para 2012, a estimativa é que o ritmo seja em torno de 15%. O Rio Grande do Norte, considerado por analistas e investidores como um dos estados mais promissores no ramo, deve acompanhar o movimento aquecido.

Atualmente, segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o estado responde por 6% do mercado do Nordeste, que chegou à marca de R$ 2,5 bilhões em faturamento em 2011 e que espera um crescimento de 11,5% para 2012. Para o mercado potiguar, analisa Marcus Rizzo, especialista em franquias e diretor da consultoria Rizzo Franchise, a expectativa é de uma expansão média de 10% ao ano.

Natal deve ser uma das cidades a puxar esse avanço. A capital aparece como a 26ª  entre as 100 cidades mais promissoras para franquias no país, em pesquisa editada pela Consultoria Rizzo Franchise. O levantamento considera nove ramos de atuação das redes e, a partir deles, aponta as melhores cidades para cada tipo de empresa, considerando indicadores de consumo e a demanda de cada setor por localidade.

“O mercado do Rio Grande do Norte é bastante promissor e deverá ultrapassar outros estados do Nordeste que se destacam tradicionalmente no ramo, como Pernambuco, Bahia e Ceará, nos próximos três anos”, analisa Rizzo.

O crescimento deve ser puxado pela dinâmica de mercado, que considera a oferta de negócios com os produtos procurados pelo consumidor e o crescimento da procura por estes serviços.   Segundo Rizzo, a capital potiguar apresenta  uma diferença gritante entre estes dois pontos. A procura por produtos e serviços aumentou em proporção bem maior que a oferta local. “A franquia, há tempos atrás, tinha espaço porque havia carência de produtos e serviços. Hoje, as pessoas podem e querem consumir  cada vez mais”, explica.

O crescimento econômico e a migração de classes C para B e a ampliação da classe C, nos últimos oito anos, são apontados como pontos determinantes para  mudança de comportamento e de mercado.  O aumento no consumo alavancou também o número de shoppings centers – locais que oferecem grande visibilidade para franquias.

De acordo com a Pesquisa das 100 melhores localidades para a instalação de franquias,  os setores que mais cresceram em número de franquias em Natal foram os de educação e treinamento, livraria, infantil, automotivo, construção e mobiliário, alimentação, saúde e beleza,  vestuário e acessórios, além de hotelaria e turismo.

Algumas áreas ainda apresentam carência na oferta e oferecem grande espaço para instalação e exploração do setor de franquias. Entre elas, o da alimentação, seguida de vestuário e de turismo e hotelaria serão as que mais devem atrair investimentos. “Não apenas por conta do crescimento do turismo, mas por uma necessidade do mercado interno que exige mais opções e serviços”, avalia Marcus Rizzo.

Shopping em Natal: o setor de alimentação é apontado como um dos mais promissores, no setor de franquias, e é também um dos que mais concentram unidades hoje. (Foto: Ana Silva)

Com a melhoria de rendimento e padrão de vida, analisa o economista e professor de economia da Universidade Potiguar (UnP) Geovani Rodrigues, há uma migração de pessoas que decidem investir no próprio negócio. E a opção pelas franquias acaba sendo uma das mais seguras para investimento. “O Estado ainda oferece muito espaço para instalação e convívio de novos segmentos”, avalia .

Para David Pinto, presidente da Dr. Resolve, franquia especializada em serviços  relacionados à construção civil,  o Rio Grande do Norte está entre os dez estados mais atrativos para abertura de unidades, devido ao crescimento da renda per capita e mercado aquecido. “Para o nosso setor, que é o da construção civil, o boom imobiliário e a busca por serviços especializados é um dos fatores determinantes para a instalação de empresas”, disse. A marca pretende expandir seus negócios no estado de duas para 30 unidades até o final do ano.

Analisar o mercado é passo número 1 para quem quer investir

Abrir uma franquia exige um investimento que pode variar de R$ 100 mil a R$ 3 milhões. Vantagens como a possibilidade de estar a frente de um negócio já conhecido e consolidado no mercado e com regras e padrões definidos atraem cada vez mais empreendedores. Mas para  especialistas, antes de embarcar nesse tipo de negócio é fundamental conhecer melhor o setor  e tomar precauções.

Para quem desejar abrir uma unidade ou mesmo transformar a empresa como franqueadora, o primeiro passo, explica o consultor associado a ABF, Alexandre Barreiro, é análise de perfil e de mercado. Para o franqueador, é necessário estar disposto a dividir  o negócio, conhecimento, ter afinidade com o produto que será trabalhado e conhecer o mercado.

A habilidade de relacionamento  entre franqueadora e franqueado também é considerado. “Não se pode ter um perfil de patrão. Você não vai ter gerentes da loja e sim agregar  empresários à marca. Cerca de 70% do sucesso da franquia é a força do franqueado”, avalia. O que seria também uma das vantagens do segmento.

A análise do mercado é outro passo importante, avaliar a demanda pelo produto, localização, concorrência e a capacidade de gestão. “Às vezes, o que é um grande negócio para o empresário, não serve para terceirizar”, diz ele.

Para quem quer se lançar como franqueado, uma vantagem, observa Barreiro, é ter nessa formatação a oportunidade de investir em um projeto com mais facilidades e a segurança. “A marca e um formato específico são os atrativos do negócio”.

A escolha do segmento e produto deve ser tomada a partir das habilidades e competências para gerenciar e desenvolver as funções. “É preciso se colocar como empreendedor e não tomar decisão como  cliente, só porque gosta de determinada marca”, afirma.

Ao contrário do que se pensa, alerta o consultor da ABF, não é o capital quem determina se será ou não aceito como franqueado, mas o perfil. Isto porque, para  a franqueadora é mais importante “zelar pela marca do que expandir sem critérios”. Então, é necessário ter aptidão para o negócio, seguir a normatização estabelecida, além da viabilidade financeira. “É importante analisar a franqueadora, ver se atende aos requisitos exigidos pela ABF, pedir  demonstrações do negócio, conhecer os procedimentos estabelecidos, analisar o pré-contrato”, afirma.

O franqueador deve cumprir alguns requisitos exigidos pela Associação Brasileira de Franquias, que confere maior segurança para o mercado. No caso de franqueadores é preciso ter  no mínimo dois anos no mercado, se submeter a avaliação de um comitê da ABF que analisa a viabilidade do negócio, passar por uma analise da viabilidade do negocio, entre outros aspectos.

A gestora de franquia do Sebrae/RN Maísa Pessoa aconselha ainda se associar à ABF. “Isso confere uma segurança jurídica tanto para quem esta franqueando quanto para quem é franquia”, afirma.  A associação, bem como o Sebrae, desenvolve atividades de consultoria para quem quer ingressar no ramo.

Para garantir o sucesso nos investimentos, os especialistas recomendam que as franquias mantenham o mesmo padrão nos seus produtos, independente da região do país onde estejam sendo implementadas. Cabe à empresa franqueadora dispor um formato de empreendimento para o investidor que deseja ser dono de seu próprio negócio. Neste formato estão disponíveis ao franqueado a marca da empresa, a tecnologia, consultoria, produtos e serviços.

“A franquia é um sistema de expansão como outro qualquer, mas com regramentos definidos, por legislação. Isto dá uma maior garantia”, analisa o consultor associado a ABF Alexandre Barreios.

Franqueadoras e franqueadas listam pontos fortes

O Rio Grande do Norte desponta não apenas na captação de franquias,  mas também na abertura de empresas franqueadoras. Hoje, empresas do segmento de vestuário, como a Toli, e farmacêutico, a exemplo da Farmafórmula e da Companhia da Formula, já oferecem marca e Know How de mercado para outros empresários.

Michelle Geppert, Diretora de Franquia da Toli, conta que após a abertura de lojas fora do estado em 1997, em Recife e João Pessoa, se tornar franqueadora foi a forma “mais rápida e com investimento reduzido” para a expansão da marca. A empresa contratou uma consultoria especializada do setor de franchising para a formatação do negócio”, lembra a diretora. A primeira unidade franqueada foi aberta em Mossoró. Ao todo, são 37 unidades no Nordeste, com previsão de duas unidades ainda este ano, em Pernambuco e Ceará.

“É mais segura no que diz respeito ao investimento financeiro. O retorno financeiro tem maior celeridade, já transmitimos todo o know how para a administração da unidade. mas há riscos  quando colocamos o maior patrimônio da empresa, o uso da marca, nas mãos de terceiros”, analisa. A escolha do parceiro é a grande receita de sucesso, acrescenta. Para uma loja de 60 metros quadrados o investimento gira em torno de R$ 250.000,00, incluindo instalações, estoque inicial e taxa de franquia. Em contrapartida, o faturamento médio de uma unidade franqueada é de R$ 150.000,00. Variando de acordo com a maturidade da operação.

Entre as franqueadas, uma das marcas que ganha espaço é a carioca Yogoberry, que deverá abrir a segunda unidade ainda este ano no Estado.  “O mercado do Estado é promissor e o produto é novidade e tem boa aceitação do público”, observa a sócia-diretora Priscila Porcino. A escolha do produto à base de iogurte batido, explica ela, se deu não apenas pela tendência do mercado e aptidão ao clima potiguar, mas pelo suporte recebido. “É mais vantajoso porque há um suporte, todo uma logística posta, assessoria e avaliação constantes, o nome conhecido, um conhecimento já adquirido, tudo isso dá segurança”, afirma. A impossibilidade de alterar lay-out, procedimentos, produtos e até fornecedores, é compensada pela garantia de colocação do produto no mercado com maior facilidade. O investimento, segundo ela, entretanto, é mais alto do que abrir uma marca própria. A marca exige investimento  médio de R$ 300 a 500 mil. Hoje a empresa opera com oito funcionários.

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