As microempresas do Rio Grande do Norte fecharam o primeiro trimestre do ano com 2.260 novos empregos gerados com carteira assinada. O número, parte de uma análise divulgada ontem pelo Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae RN), posiciona o segmento como o único com saldo positivo no estado, num período em que o mercado de trabalho de forma global contratou menos trabalhadores. O cenário positivo para os micro negócios – aqueles que têm até 19 funcionários – é comemorado, mas preocupa, diz o superintendente do Sebrae, Zeca Melo. “A geração de emprego na pequena empresa é importante, mas não é suficiente”, alerta ele.
O emprego nas empresas de menor porte oferece remuneração mais baixa. Não se vincula necessariamente à qualidade e essa é uma das razões da preocupação, diz Melo, observando que normalmente quem busca vaga no segmento são trabalhadores que estão iniciando no mercado ou aqueles “que não têm formação muito forte”. “É preciso estimular urgentemente outros setores para que voltem a contratar, além de atrair novos investimentos”, analisa.
ESTUDO
A análise do Sebrae foi realizada com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. Os dados mostram que no primeiro trimestre de 2012 o Rio Grande do Norte registrou 44.481 admissões e 47.060 demissões, o que rendeu um saldo negativo 2.579 postos de trabalho formal. O número, apesar de negativo, foi o melhor desde 2006 para o período, entre os trimestres que fecharam no vermelho. Só não superou o saldo em 2010, o único positivo no período analisado (o número de contratações no ano em questão superou em 597 o de demissões).
O levantamento mostra ainda que, enquanto os pequenos negócios contrataram mais do que demitiram, as Médias e Grandes Empresas apresentaram o saldo negativo de -5.596 postos de trabalho.
Os setores que contribuíram com saldos positivos foram Serviços (1.445 postos), Comércio (607 postos), Construção Civil (490 postos) e Serv. Ind. de Utilidade Pública (151 postos). Os setores da Agropecuária, Extrativa Vegetal, Caça e Pesca (-2.619 postos), Ind. De Transformação (- 2.484 postos), Extrativa Mineral (-118 postos) e Administração Pública (-51 postos) ficaram na contramão.
“Continuamos trabalhando qualidade, atendimento e produtividade nos pequenos negócios, fatores que são vitais para geração de empregos novos e sobrevivência nas empresas. Mas não estamos conseguindo reduzir o impacto das demissões das grandes empresas”, observa Zeca Melo.
No caso das microempresas, o saldo de contratações de janeiro a março, apesar de positivo, representou uma queda de 10,21% em relação ao registrado no primeiro trimestre do ano passado. Mas, para o superintendente do Sebrae, a desaceleração no segmento não é uma tendência. “Está dentro da margem. Além disso, tivemos um número muito expressivo de formalizações. Cerca de 1.500 empresas formalizadas por mês no trimestre. Isso é um dado muito importante. E quanto mais empresas forem formalizadas, mais empregos teremos”, observa.
Formalizações puxam arrecadação
O Sebrae também divulgou ontem uma análise sobre a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no primeiro trimestre de 2012, no RN. A arrecadação, aponta a análise, alcançou R$ 880.354 milhões, com crescimento de 21,4% em relação ao mesmo período de 2011, de 32,4% na comparação com 2010, de 54% sobre 2009, de 61,5% em relação a 2008 e de 85,3% em comparação ao valor registrado no mesmo período de 2007. O ICMS é a principal fonte de recurso de um Estado.
Para o superintendente do Sebrae RN, Zeca Melo, o aumento no número de empresas formalizadas ajudou a impulsionar o número. “As 75 mil 129 empresas optantes pelo Simples no estado certamente contribuíram para o aumento da arrecadação”, diz. “Mas isso, claro, também mostra uma grande eficiência da máquina do estado”, acrescenta. A reportagem procurou o secretário estadual de Tributação, José Airton da Silva, na noite de ontem, para comentar os dados, mas ele não atendeu as ligações.
O crescimento da arrecadação de janeiro de 2012 em relação ao mesmo período dos outros anos, é, de acordo com os dados divulgados pelo Sebrae, superior ao aumento observado nos meses de fevereiro e março quando comparamos com períodos de 2007 a 2011. Enquanto janeiro de 2012 evoluiu 30,9%, fevereiro cresceu 10,5% e março 23% em relação a 2011.
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