Museus passam por reformulação para atrair potiguares e turistas

15 de abril de 2013

Notícia publicada no portal No Ar:

O que era pra ser um reduto de cultura e arte, os museus de Natal sofrem a falta de memória dos potiguares e governistas. A Pinacoteca do Estado e o Memorial Câmara Cascudos são dois importantes prédios que não recebem o seu devido valor. Mas parece que essa realidade vai mudar com o dinheiro prometido no Orçamento Geral da União, conquistado pela bancada federal potiguar, no valor de R$ 20 milhões para restaurar esses dois prédios, além da Fortaleza do Reis Magos. A equipe do portalnoar.com visitou os dois museus para saber a real situação de cada prédio.

A Pinacoteca tem cheiro de história. Há 16 anos, funciona no Palácio da Cultura, mudança tomada no primeiro mandato do então governador, Garibaldi Alves Filho. No seu acervo contém mais de 300 peças, de artistas da terra e brasileiros reconhecidos internacionalmente, como Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi.

Pinacoteca funciona atualmente no Palácio da Cultura (Foto: Wellington Rocha)

Pinacoteca funciona atualmente no Palácio da Cultura (Foto: Wellington Rocha)

O chão de madeira está desgastado, cedendo, e com intercalação de cores, alguns móveis sofrem com a ação do tempo e possuem rachaduras. As salas do térreo e de uma parte do primeiro andar são quentes, o que incomoda os visitantes.

Sua última reforma foi no governo de Wilma Maia, em 2009, no qual houve a pintura das paredes, restauração da fachada, além do teto que estava no chão. Hoje, sem manutenção, a Pinacoteca tem resquícios dessa reforma, mas apresenta portas e janelas quebradas, que correm o risco de cair.

Além desses problemas, o elevador que dá acessibilidade, funciona por pouco tempo, quebrando freqüentemente, impedindo idosos, deficientes a visitarem o primeiro andar da Pinacoteca.

A reserva técnica onde ficam as obras do acervo, que não estão em exposição, ficam alojadas numa pequena sala, mal armazenadas e sem refrigeração.

O diretor da Pinacoteca Franklin Jorge foi seu fundador em 1980 e trabalha há 46 anos com cultura. O diretor deseja que a Pinacoteca seja reconhecida legalmente, porque carece de estrutura, recursos humanos e de uma mínima autonomia financeira. “Espero que de fato aqui seja um museu. A Pinacoteca existe de fato, mas não de lei”, afirma Franklin.

No momento, a Secretária Extraordinária de Cultura (Secult) destina uma quantia mensal de, aproximadamente, R$ 6 mil reais.

Por ter pouco tempo no cargo, Franklin aos poucos formula alguns projetos, como a reorganização equipes de restauração e a criação dos Amigos da Pinacoteca para receber recursos externos.

Falando sobre a divulgação para a visitação da Pinacoteca, o diretor lançou o projeto Para compreender as formas estéticas – Uma semiótica das artes plásticas, tendo um foco didático-pedagógico. “Gratuitamente, usamos a fan page da Pinacoteca para atrair o público, além da imprensa”, cita Franklin ao falar da ferramenta na mídia social, Facebook.

A titular da Secult, Isaura Rosado fala que está no processo de reorganização dos museus no estado e comentou como será destinado o dinheiro conquistado em Brasília.

A Pinacoteca ainda não tem projeto definido. “Entramos em contato com a Pinacoteca de São Paulo, mas não deu certo, estou indo a Brasília para me reunir com o Instituto Brasileiro de Museus”, afirma a secretária, que adianta como será feito o investimento de R$ 4 milhões.

“Iremos adequar o espaço físico, refrigerando o ambiente, ampliando a reserva técnica e o aproveitamento dos jardins”, conta Isaura.

Memorial Câmara Cascudo

Sede do Tesouro da Capitania do Rio Grande, o prédio onde hoje funciona o Memorial Câmara Cascudo, foi um dos primeiros construídos na região. Tornou-se museu em 1987, seis meses depois da morte de Câmara Cascudo, como forma de homenagear o artista.

Apesar de sua importância, o Memorial tem em torno de 500 peças do seu acervo, sua última reforma foi em 2008 para tratar de vazamentos, revisões elétrica e hidráulica. O prédio não pode sofrer grandes intervenções por ser patrimônio histórico da União.

A diretora Daliana Câmara fala de uma possível reformulação. “O Memorial passará por uma reformulação na expografia, tornando-o diferente”, afirma Daliana sobre o projeto desenvolvido pelo designer Marcelo Dantas, que deve se adaptar a estrutura do Memorial, não alterando-a.

“Com esse projeto, estaremos voltando o foco para os jovens”, diz Daliana. Os jovens estudantes é o principal público do museu, sendo, em média, mil por mês.

A titular da Secult adianta que no dia do museu, 18 de maio, o designer Marcelo Dantas irá assinar o contrato para fazer o projeto de recuperação do Memorial Câmara Cascudo. O designer, responsável pelo projeto do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, criou novos estilos em museus, e aqui irá exaltar a “obra popular de Câmara Cascudo, utilizando a tecnologia na elaboração de jogos e imagens”. A obra também custará quatro milhões de reais.

Apesar de todas essas possíveis mudanças, o local já sofreu assaltos. “É complicado. Graças a Deus não levaram nenhuma peça”, comenta Daliana sobre a falta de policiamento nas redondezas, facilitando assaltos e consumo de drogas.

Sobre o interesse dos potiguares em visitar os museus, Isaura Rosado fala em estimular o desejo saber mais sobre cultura, potiguar ou não. “Temos 60 museus. Precisamos fomentar o interesse da cultura nos cidadãos e também nos turistas, que vão, mas não na medida exata”, diz Isaura.

“Queremos tornar o Memorial mais atrativo para o público da cidade, chegar mais perto das pessoas”, descreve Daliana que quer também divulgar a obra de Câmara Cacudo. “Nós precisamos nos descobrir”, encerra.

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