Quanto tempo a saúde pode esperar? Na Grande Natal, o acesso ao atendimento médico pode demorar dias, meses ou até mesmo anos dependendo do lugar onde se vive. Na região, pelo menos duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) que deveriam estar em pleno funcionamento, ainda aguardam o descerramento da placa de inauguração. No lugar de médicos, os espaços estão ocupados por pedreiros e eletricistas. Ao invés de remédios, cimento, areia e pedra. O fim das obras, previsto para os próximos meses, não é garantia de funcionamento. Contrato de pessoal e aquisição de máquinas e equipamentos é uma etapa que ainda falta ser iniciada.
Os bairros de Cidade da Esperança, localizado na zona Oeste de Natal, e Nova Esperança, em Parnamirim, além de serem quase homônimos, têm em comum o fato de estarem aguardando pela inauguração de uma UPA. Prevista para ser aberta ao público em novembro de 2010, a UPA de Nova Esperança teve sua construção iniciada em agosto daquele ano. Até agora, as portas continuam fechadas. A paralisação da obra aconteceu logo após as últimas eleições municipais. Os trabalhadores voltaram ao local há cerca de um mês.
Na tarde de ontem, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve no canteiro de obras. Cerca de dez homens da HW Engenharia trabalhavam no calçamento do estacionamento e na montagem das paredes que são feitas de painéis isotérmicos compostos de isopor e aço industrial. De acordo com o engenheiro responsável, Alberico Júnior, serão necessários mais 40 dias para o término da construção. “Como trabalhamos com essas placas, o serviço é mais rápido, é só montar as peças, como se fosse um quebra-cabeça. Depois vem a parte da fiação elétrica e outros detalhes”, informou.
O investimento previsto na obra é de R$ 2,8 milhões na estrutura física. Desse valor, R$ 2 milhões são do Ministério da Saúde, R$ 400 mil do Estado e R$ 400 mil do Município. A UPA, quando pronta, terá porte 2 e deverá ter dez leitos, pronto-socorro odontológico e será utilizada como referência para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na região. A previsão é de que serão atendidos 600 pacientes por dia.
Quando a obra foi iniciada, o então secretário de Saúde de Parnamirim, Marciano Paisinho, afirmou que seriam necessários mais R$ 2 milhões para equipar a unidade. O custo mensal para manutenção é estimado em R$ 350 mil. O atual secretário, Márcio Cézar, afirmou que está fazendo um levantamento do que será necessário, bem como a relação de funcionários. “Estamos fazendo esse levantamento. Com relação ao pessoal, o Município deve assegurar. Não queremos terceirizar nenhum serviço”, disse. De acordo com informações colhidas pela reportagem, uma UPA do porte de Nova Esperança comporta uma equipe de mais de 300 profissionais.
Na Cidade da Esperança, na zona oeste de Natal, a população aguarda ansiosamente pela inauguração da UPA do bairro. Localizada ao lado da Delegacia Especial de Furtos e Roubos (Defur), o canteiro de obras há muito tempo não era palco de movimentação dos trabalhadores. As obras foram iniciadas em agosto de 2010 e deveriam ser concluídas três meses depois. A Prefeitura deixou de fazer o repasse de pagamento à construtora HW Engenharia e a construção parou. Há cerca de um mês, os trabalhadores voltaram ao local. Ontem à tarde, eletricistas instalavam fios e cabos elétricos. Na parte de fora, pedreiros cuidavam do estacionamento. Portas e janelas já estão no lugar. A Prefeitura não informou quando a UPA será inaugurada. A unidade custa R$ 4.093.176,85.
Estado deve ganhar mais quatro unidades
Em janeiro deste ano, o Rio Grande do Norte foi classificado para a implantação de UPAs, por meio de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2), após análise do Ministério da Saúde. Atualmente, o Estado conta com quatro unidades em funcionamento: uma localizada no bairro de Pajuçara, em Natal, duas em Mossoró e uma em Parnamirim. Em fase de construção, quatro unidades, uma no bairro de Cidade da Esperança, em Natal, e as demais em Parnamirim, Macaíba e Mossoró. A expectativa é a de que o Estado ganhe mais quatro unidades no próximo ano.
As novas unidades devem ser instaladas nos municípios de Pau dos Ferros, São Gonçalo do Amarante, Caicó, Lajes e outra no bairro Planalto, em Natal. De acordo com o titular da secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), Domício Arruda, a prioridade da Sesap, este ano, é colocar as UPAs em construção em funcionamento. O objetivo é desafogar unidades médicas maiores como o Pronto Socorro Clóvis Sarinho e hospital Walfredo Gurgel. “Nós temos a expectativa de melhoria com anúncio da UPA da Cidade da Esperança, que terá plantão de traumatologia, que poderá amenizar os casos que não precisam de internação”, disse.
Ainda esse ano, de acordo com Arruda, deve ser anunciado o processo licitatório para a UPA de São Gonçalo do Amarante. “Já temos orçamento garantido na ordem de R$ 100 mil para elaboração do projeto da UPA e nos próximos meses vamos anunciar a licitação”, afirmou. O investimento para a construção de uma UPA gira em torno de R$ 3 milhões. Tanto a construção, quanto o custeio são realizados com recursos do Ministério da Saúde, com a contrapartida do Estado e dos municípios.
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