Natal terá ecoestádio para Copa 2014

4 de outubro de 2012

Deu no caderno de Esportes do Novo Jornal:

Obras de mobilidade urbana, reforma dos aeroportos, investimentos na rede hoteleira, melhoria dos hospitais do município. Quando Natal foi anunciada como cidade-sede da Copa do Mundo da FIFA em 2014, esses foram os primeiros legados prometidos para a capital potiguar. O que ninguém esperava era que entre tantos projetos estruturantes, estivesse um da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para resgatar o esporte universitário no Estado.

Foto: Magnus Nascimento

O UFRN na Copa, como o projeto foi batizado, foi encabeçado pelo professor doutor do departamento de educação física da universidade João Roberto Liparotti com o objetivo de colocar a instituição nos planos da FIFA para a Copa do Mundo.

Com isso, a universidade entrou na disputa para ser um dos centros de treinamento oficial durante o mundial. A ideia é construir um ecoestádio com capacidade para quatro mil pessoas que será utilizado pelas seleções nos treinamentos antes dos jogos agendados para a Arena das Dunas.

O ecoestádio deverá oferecer condições semelhantes de treinamento a do estádio que sediará os jogos da Copa. Para atender as exigências da FIFA, o centro de treinamento deverá ter uma sala de imprensa para 200 pessoas, segurança, além de gramado e iluminação igual a da Arena das Dunas. O projeto completo está orçado em 26 milhões e os recursos deverão ser garantidos através de uma parceria da UFRN com o Ministério das Cidades e Ministério do Esporte.

A construção do estádio irá atender os padrões do selo verde, utilizando material reciclável, energia solar e fazendo o reuso da água. De acordo com Liparotti, o projeto é pensado principalmente em atender a comunidade acadêmica após o mundial. “Depois do mundial a capacidade do estádio será reduzida para 2 mil pessoas, que representa pouco menos que a média de público do campeonato potiguar. O material desmontado será cedido para os campos dos demais centros que a universidade possui no interior”, pontuou o professor, revelando ainda que “o centro será democratizado e aberto à população nas férias, finais de semana e feriados”.

A preparação para ser um centro de treinamento oficial já está sendo colocada em prática pela instituição para, a curto prazo, ser centro modelo para a seleção brasileira universitária. Algumas etapas do projeto já estão em andamento, como a arborização da universidade para atender o fluxo de pessoas que deverá receber, trabalho que foi desenvolvido pelo departamento de ecologia. Além disso, uma academia completa de última geração, com adaptações para paratletas e acessibilidade já foi inaugurada.

De acordo com o coordenador geral, a FIFA vai escolher dois centros de treinamentos oficiais. Liparotti acredita que a Vila Olímpica Vicente Farache do ABC já é um nome certo a ser escolhido.  Assim, a UFRN disputa a vaga restante para receber as seleções durante a Copa com mais cinco candidatos. São eles o Sesi, IFRN, estádio Juvenal Lamartine e Arena do Dragão. No entanto, Liparotti acredita que apenas o estádio do América é capaz de concorrer com a universidade.

“Temos uma localização privilegiada, com várias vias de acesso e condições de dar a devida segurança. Além disso, temos toda uma equipe técnica a nosso favor”, disse o professor, que explicou os motivos do alvirrubro potiguar ser um potencial concorrente da UFRN. “É um clube que tem gestores influentes, está focado na construção de um estádio próprio e pode encontrar parceiros para viabilizar um bom projeto”.

RESGATE DO FUTEBOL UNIVERSITÁRIO

Outra importante iniciativa do projeto da UFRN e que já é um legado da Copa do Mundo para Natal é o resgate do futebol universitário. Para atender outra medida da FIFA, que exige uma equipe de futebol ativa no centro de treinamento oficial, Liparotti reuniu uma comissão técnica formada por 21 pessoas dos diferentes departamentos da universidade para dar assistência a equipe da instituição.

Para selecionar os novos alunos-atletas que iriam fazer parte da equipe, Liparotti divulgou as datas do “peneirão” no Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa) utilizado pelos alunos. A comissão técnica supervisionada por Liparotti escolheu os atletas que apresentaram o melhor desempenho para compor o time e a primeira lista de convocação dos jogadores foi apresentada durante programa esportivo da TV Universitária.

Com os atletas selecionados, foi iniciado a preparação dos atletas com testes físicos, fisiológicos e técnicos. Os trabalhos são comandados por alunos da universidade e os jogadores têm à disposição fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, fisiologistas e assessoria de imprensa.

O comando do time também é responsabilidade de um aluno. Emílio Simplício está no sétimo período do curso de Educação Física e dirige os treinamentos que acontecem três vezes por semana. De acordo com o supervisor Liparotti, os alunos-atletas são preparados de forma que cheguem próximos ao condicionamento físico dos jogadores profissionais.

A comparação é inevitável e também serve de objeto de estudo para um dos voluntários da comissão técnica. Romerito de Oliveira faz pós-graduação em fisiologia do exercício e faz um trabalho de avaliação com os alunos-atletas da UFRN e jogadores do time sub-18 do ABC. Os resultados são comparados e publicados para servir de referência para outros estados.

ABRINDO PORTAS

A falta de oportunidades continua sendo o maior adversário do país para o avanço do esporte e no Rio Grande do Norte não é diferente. Apesar de apresentar anualmente em seu calendário um grande campeonato para alunos do ensino fundamental e médio, o Jerns, o esporte amador do estado carece de uma liga universitária competitiva para os jovens que ingressaram na graduação.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o esporte é visto como uma oportunidade de ascensão social. Os jovens que se sobressaem em qualquer modalidade são convidados pelas universidades, que oferecem bolsas para poder contar com o atleta em sua equipe esportiva. Sabendo da grande quantidade de talentos presentes no país, empresas começam a se especializar em recrutar competidores de alto nível para as universidades americanas.

O projeto da UFRN na Copa coordenado por Liparotti chamou atenção e boa parte de seus atletas foram escolhidos para participar de um showcase, espécie de um peneirão que é filmado e apresentado para os treinadores das universidades dos Estados Unidos. Entre todos os jogadores que participaram do jogo, sete foram pré-aprovados pelos técnicos americanos. Destes, cinco fazem parte do time da UFRN. O resultado agradou o coordenador do projeto.

“É a prova que nossos alunos-atletas estão em um bom nível físico e técnico. Estamos apoiando eles a seguir neste caminho, pois estão tendo a oportunidade de ter por meio do esporte uma experiência no exterior que será muito importante em termos pessoais e profissionais”, disse Liparotti.

Para Arnaldo Cipriano, um dos destaques do time e que também recebeu a bolsa para estudar no exterior, o projeto UFRN na Copa foi fundamental para a aprovação no teste. “Todo o suporte que recebemos aqui desde nutricionista até preparador técnico foi muito importante para que estivesse em condições ganhar essa bolsa”, disse Juba, como também é chamado pelos companheiros.

LEGADO PARA O ATLETISMO

A UFRN na Copa também já está beneficiando outras modalidades. É o caso do atletismo. Segundo Liparotti, toda a provocação feita pelo departamento de educação física foi essencial para a aprovação da implantação de uma nova pista de atletismo na universidade.

A construção está orçada em R$ 6 milhões de reais sendo R$ 4 milhões para a pista e R$ 1,5 milhão para a modernização do sistema elétrico do parque. A pista segue os padrões Federação Internacional de Atletismo Amador e terá oito raias sintéticas, arquibancadas cobertas para mais de 1 mil espectadores e um sistema independente de iluminação. O processo de licitação da obra já foi feito e a expectativa é que a empresa vencedora entregue o parque esportivo em 2013.

De acordo com Liparotti, a Superintendência de Infraestrutura do Campus ainda planeja reestruturar o restante do parque poliesportivo da UFRN e adaptá-lo para os atletas paralímpicos. “Já temos a academia com todas as adaptações, estamos construindo os banheiros com acessibilidade e as demais obras estruturantes deverão dar toda a condição necessária para termos um centro de treinamento de alto nível”, disse Liparotti.

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