Notícia publicada no caderno de Política do Novo Jornal:
O homem que a cidade elegeu para governar Natal pelos próximos quatro anos toma posse na terça-feira com sete prioridades definidas. Carlos Eduardo Alves quer limpar as ruas, recuperar a malha viária da cidade, iniciar as obras de mobilidade urbana, recuperar a capacidade de investimento de Natal, retomar as obras abandonadas pela gestão passada e ampliar os investimentos na educação e na saúde. “Vamos entrar num jogo em que já estamos perdendo. Temos que virar esse placar”, afirmou.
O primeiro passo ele já deu. A questão da limpeza urbana está encaminhada e praticamente resolvida. Carlos Eduardo Alves fechou um acordo com as três empresas que fazem a coleta de lixo doméstico da capital, além da Braseco, que gerencia o aterro sanitário de Ceará-mirim e recebe todo o lixo da cidade. As empresas aceitaram dar um ano de carência para a prefeitura em relação à dívida já existente do município que gira em torno de R$ 50 milhões.
Em contrapartida, Carlos Eduardo se comprometeu a honrar os pagamentos mês a mês e, em janeiro de 2014, garantiu que convocará as empresas para negociar e escalonar o débito milionário. Todos os contratos encerram em 31 de dezembro. Por isso, o prefeito eleito mudou um dos fornecedores. A Líder Limpeza Urbana não vai prestar mais serviço ao município porque está irregular. No lugar dela, Carlos Eduardo contratou, sem licitação, a empresa Queiroz Galvão, construtora que também tem expertise na área de limpeza urbana. Os contratos entre a prefeitura e as empresas de coleta de lixo terão validade de seis meses. No segundo semestre, a Urbana definirá quem fará a coleta através de uma licitação pública. No quadro definido por Carlos Eduardo, a Queiroz Galvão fará a limpeza da Zona Leste, a Marquise continua nas Zonas Sul e Oeste e a Trópicos vai realizar a coleta da Zona Norte.
Segundo Carlos Eduardo, a dívida atual somente da Urbana, incluindo fornecedores e outros débitos, chega a R$ 100 milhões. “Fechei o acordo às 23h da quinta-feira. Eu disse a eles: ‘a dívida que tiver para trás a prefeitura não tem como pagar porque não tem dinheiro’. Falei que pagaria a partir de janeiro, todos os meses, e depois de um ano de carência negociaríamos o débito. Eles reagiram, mas conseguimos chegar a um acordo. E só aceitaram porque era outra administração, outro prefeito”, afirmou Carlos Eduardo.
A dívida maior da prefeitura é com a Marquise. O débito com a empresa cearense chega a R$ 27 milhões. Mesmo fora da prefeitura agora, a paraibana Líder ainda tem a receber R$ 5 milhões, mesmo valor devido à Braseco. Já a dívida com a Trópicos chega a R$ 4,5 milhões. Carlos Eduardo explicou que a troca Líder pela Queiroz Galvão sem licitação não causará nenhum problema porque os contratos se encerrarão em 31 de dezembro deste ano e os novos contratos serão firmados de forma emergencial por seis meses até a licitação no segundo semestre. Sobre a nova empresa contratada, o futuro prefeito elogiou o serviço prestado em outros estados. “A Queiroz Galvão é uma empresa que atua há muito tempo nesse ramo. É responsável por 70% da coleta de lixo de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Recife. Estamos trazendo uma empresa especializada em limpeza de alto nível”, disse.
Garantia do ano letivo e concurso público na saúde como prioridades
Na lista de prioridades da próxima gestão municipal, a educação e a saúde também terão peso. Carlos Eduardo elegeu o escalonamento da dívida de R$ 151 milhões e a garantia do ano letivo a partir de março como principais pontos a serem resolvidos na área de educação. Ele disse que se surpreendeu com o tamanho do débito. A equipe de transição acreditava que a dívida fosse menor, mas o Ministério Público o atualizou sobre os valores corretos. “Para mim a dívida era de R$ 96 milhões, mas quando fui ao encontro do Ministério Público com a secretária de educação Justina Iva, ao meu lado, a promotora mostrou que o débito era de R$ 151 milhões. É uma situação difícil, mas vamos procurar escalonar isso”, afirmou o prefeito eleito que também pretende regularizar a merenda escolar já nos primeiros dias.
Para a saúde, a ideia é reabrir os postos que estão fechados e a maternidade das Quintas, que hoje funciona de forma parcial. Carlos Eduardo também garantiu a realização, ainda no primeiro semestre de 2013, de concurso público para várias funções da área. Pela legislação brasileira, o município tem obrigação de investir 15% do orçamento na área da saúde. Mas o futuro prefeito pretende ampliar os investimentos. “Vamos investir mais que os 15%, mas nesse momento não posso dizer quanto”, comentou.
Questionado sobre a saúde pública na época em que administrou Natal a primeira vez, quando também enfrentou problemas na saúde, como o fechamento de postos de atendimentos, Carlos Eduardo explicou que, quando governou a cidade, a área funcionava da mesma forma como funciona a saúde no Brasil. “A saúde no Brasil não está muito boa. E isso não é de hoje. Pela lei, investe-se 4% do PIB em saúde. Poderíamos subir esse valor para 10% como querem para a educação. Embora não tenha sido perfeita, a saúde no meu governo não faltava remédio para hipertenso e diabético. Se o médico não ia num dia, aparecia no outro, mas havia médico. No programa saúde da família, das 117 equipes, 33 não tinha médico, mas 80% das equipes tinham. A saúde na minha época não foi perfeita, mas não era esse caos todo que estamos vendo agora”, disse.
Sobre o concurso público, Carlos Eduardo não adiantou que áreas da saúde seriam empregados os novos profissionais porque o futuro secretário municipal de Saúde, Cipriano Maia, ainda está fazendo um levantamento da situação. “Faremos concurso público ainda no primeiro semestre de 2013, já decidimos isso. Mas o secretário é quem tem os detalhes. O que posso dizer é que os salários na educação e na saúde precisam melhorar”, disse.
Obras inacabadas, não: obras abandonadas.
Apesar de eleito pela maioria da população, Carlos Eduardo ainda não esqueceu os ataques dos adversários na campanha eleitoral. Entre as prioridades do prefeito estão a retomada das obras que pararam e que os candidatos rivais também debitaram na conta da primeira administração do futuro prefeito. Ele fez questão de registrar que as obras foram abandonadas por Micarla de Sousa, e não paralisadas pela gestão dele. “Obras inacabadas não, como quiseram dizer meus adversários. Vamos retomar as obras abandonadas pela gestão atual”, afirmou.
Entre as obras previstas para voltarem a andar ele destaca a conclusão do saneamento do bairro de Nossa Senhora da Apresentação, a drenagem de Capim Macio, a urbanização da África e do Passo da Pátria, além da reforma do Mercado Modelo das Rocas.
O prefeito eleito tem mostrado disposição com o início do trabalho. Uma das primeiras obras a serem reiniciadas será a de um símbolo da própria administração dele: o Parque da Cidade. Carlos Eduardo quer o parque aberto o mais rápido possível. Para isso, já tem R$ 3 milhões do Fundo municipal do Meio Ambiente. “As obras do Parque começam agora em janeiro”, garantiu.
Além do Parque da Cidade, ele também já garantiu recursos para a reforma do calçadão da praia de Ponta Negra (R$ 4 milhões) e a urbanização das praias urbanas de Natal (R$ 13 milhões), que vão de Ponta Negra até a praia do Forte dos Reis Magos. “Usaremos uma argamassa especial que já foi usada com sucesso nas praias de Maceió. Não é um paliativo, é para resolver o problema mesmo”, disse.
Como fez questão de ressaltar até mesmo durante a campanha eleitoral o trabalho de saneamento feito em Nossa Senhora da Apresentação, Carlos Eduardo espera, nos próximos quatro anos, investir pesado, também, em dois outros bairros: Lagoa Azul, na Zona Norte, e o Planalto, na Zona Oeste de Natal. “Vamos fazer com esses dois bairros o que fizemos em Nossa Senhora da Apresentação, onde vi que depois do trabalho que fizemos no bairro, a região recebeu comércio, farmácia e toda estrutura”, disse.
As sete prioridades de Carlos Eduardo
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