Notícia publicada no portal No Ar:
“Aqui no Rio Grande do Norte é tudo feito em prol da bola. Eles constroem a Arena das Dunas, ginásios, apoiam os clubes de futebol para tudo, mas o remo vive esquecido e abandonado”. O desabafo de Valdercio Costa, remador e vice-presidente do Centro Náutico Potengi, se materializa em decepção e dias de incerteza daqueles que praticam um esporte secular em Natal às margens do Rio Potengi.
Tradicionais pela força do tempo os clubes de remo localizados na histórica Rua Chile, Ribeira, estão em xeque. A ampliação do Porto de Natal, em curso pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), ameaça as atividades diárias dos remadores do Náutico e do Sport Clube. As duas agremiações, quase centenárias, terão que mudar de endereço antes que as obras de ampliação portuária sejam concluídas.
A terceira agremiação, União Esporte Clube, sequer tem sede própria. Depende do Iate Clube e de uma outra empresa particular na Lagoa de Pium para a prática de suas atividades.
Muito provavelmente os clubes serão deslocados rio acima, para uma próxima à Pedra do Rosário, na margem direita do Rio Potengi. O grande problema atualmente é enfrentar os entraves burocráticos e as informações desencontradas entre a Codern e os próprios clubes.
Projeto
Para que a relocação seja realizada, o Governo do Estado solicitou há alguns meses que os próprios clubes fizessem um projeto de arquitetura contendo detalhes técnicos dos prédios para que o documento fosse entregue à Secretaria dos Portos, em Brasília.
É aí que está a confusão. Os clubes garantem que o projeto foi preparado e entregue à Codern. “Tudo foi feito às pressas por uma remadora que é arquiteta, que não nos cobrou nada. O projeto foi entregue nas mãos do Diretor da Codern,” garante Valdercio.
Já o presidente da Codern, Pedro Terceiro, afirma que o Estado ainda não recebeu a documentação. “Ainda estamos aguardando esse projeto que é de suma importância e do interesse direto dos clubes. Assim que o recebermos daremos entrada no dia seguinte junto à secretaria dos Portos para que haja liberação de recursos para a transferência das sedes.”, afirmou.
“De boca”
Para Renato Jorge dos Santos, presidente do Náutico, o grande problema é que não existe nenhum registro ou protocolos das solicitações feitas pelos clubes. “É tudo de boca. Não existe nenhum documento firmado por eles sobre essa transferência ainda. Nada é oficial”, reclama.
Segundo Santos, todas as instituições e poderes já foram procurados para debater o problema, mas pouca atenção foi dada: “ Já levamos para a Câmara dos Vereadores, Assembleia, empresários. Conversamos com o prefeito Carlos Eduardo, que foi remador aqui, e ninguém nos ajuda”.
Outro remador, Roberto Cabral, ex- dirigente do clube informa que os clubes solicitaram uma reunião há três semanas para tentar uma solução para a questão, mas não foram atendidos: “ Eles continuam levando o problema com a barriga”, frisa.
O principal prejuízo que os dois clubes terão será a perda da área da escolinha, onde os remadores começam a aprender sua técnica no esporte. O local já começa a ser demarcado pelos operários da Codern que colocaram pontilhões na área. “Com isso só nos restou negociar uma outra área para os Clubes. E pela nossa proposta caberia a Codern construir os nossos galpões. “Perderemos o local tradicional e histórico onde estamos desde que os clubes foram fundados em 1915, a localização, com toda infraestrutura por um espaço que não sabemos as condições”..
Aproveitamento
Sobre a ausência de uma política pública para o Rio, Macedo faz uma comparação desanimadora: “ Na Europa qualquer massa de água é aproveitada em sua totalidade para todos os fins. Aqui, uma cidade turística, não há o aproveitamento adequado da potencialidade desse patrimônio”, desabafa.
Macêdo ressalta que o rio deveria contemplar todos os esportes náuticos: Remo, Vela Caiaque, Sandboard,Kitesurf, Mergulho. “A natação começou aqui muito antes de ser realizada no oceano”, relembra. No caso do Remo, o dirigente observa um futuro nebuloso:
“Antes achávamos que as coisas iriam melhorar aqui no Brasil, principalmente pela proximidade da realização das Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. Mas falta apoio e incentivo para o remo aqui no Rio Grande do Norte. E agora se não conseguirmos nos relocarmos será o amargo fim de quase cem anos de história”, finaliza.
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