Passagem estreita e destino incerto para os clubes de remo natalenses

27 de maio de 2013

Notícia publicada no portal No Ar:

“Aqui no Rio Grande do Norte é tudo feito em prol da bola. Eles constroem a Arena das Dunas, ginásios, apoiam os clubes de futebol para tudo, mas o remo vive esquecido e abandonado”. O desabafo de Valdercio Costa, remador e vice-presidente do Centro Náutico Potengi, se materializa em decepção e dias de incerteza daqueles que praticam um esporte secular em Natal às margens do Rio Potengi.

Atleta do Náutico sai para o treino entre os pontilhões do porto. (Foto: Wellington Rocha)

Atleta do Náutico sai para o treino entre os pontilhões do porto. (Foto: Wellington Rocha)

Tradicionais pela força do tempo os clubes de remo localizados na histórica Rua Chile, Ribeira, estão em xeque. A ampliação do Porto de Natal, em curso pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), ameaça as atividades diárias dos remadores do  Náutico  e do Sport Clube. As duas agremiações, quase centenárias, terão que mudar de endereço antes que as obras de ampliação portuária sejam concluídas.

A terceira agremiação, União Esporte Clube, sequer tem sede própria. Depende do Iate Clube e de uma outra empresa particular na Lagoa de Pium para a prática de suas atividades.

Muito provavelmente os clubes serão deslocados rio acima, para uma próxima à Pedra do Rosário, na margem direita do Rio Potengi. O grande problema atualmente é enfrentar os entraves burocráticos e as informações desencontradas entre a Codern e os próprios clubes.

Projeto

Para que a relocação seja realizada, o  Governo do Estado solicitou há alguns meses que os próprios clubes fizessem um projeto de arquitetura contendo detalhes técnicos dos prédios para que o documento fosse entregue à Secretaria dos Portos, em Brasília.

É aí que está a confusão.  Os clubes garantem que o projeto foi preparado e entregue à Codern. “Tudo foi feito às pressas por uma remadora que é arquiteta, que não nos cobrou nada. O projeto foi entregue nas mãos do Diretor da Codern,”  garante Valdercio.

Já o presidente da Codern, Pedro Terceiro, afirma que  o Estado ainda não recebeu a documentação. “Ainda estamos aguardando esse projeto que é de suma importância e do interesse direto dos clubes.  Assim que o recebermos daremos entrada no dia seguinte junto à secretaria dos Portos para que haja liberação de recursos para a transferência das sedes.”, afirmou.

“De boca”

Para Renato Jorge dos Santos, presidente do Náutico, o grande problema é que não existe nenhum registro ou protocolos das solicitações feitas pelos clubes. “É tudo de boca. Não existe nenhum documento firmado por eles sobre essa transferência ainda. Nada é oficial”, reclama.

Segundo Santos, todas as instituições e poderes já foram procurados para debater o problema, mas pouca atenção foi dada: “ Já levamos para a Câmara dos Vereadores, Assembleia, empresários. Conversamos com o prefeito Carlos Eduardo, que foi remador aqui, e ninguém nos ajuda”.

Outro remador, Roberto Cabral, ex- dirigente do clube informa que os clubes solicitaram uma reunião há três semanas para tentar uma solução para a questão, mas não foram atendidos: “ Eles continuam levando o problema com a barriga”, frisa.

O principal prejuízo que os dois clubes terão será a perda da área da escolinha, onde  os remadores  começam a aprender sua técnica no esporte. O local já começa a ser demarcado pelos operários da Codern que colocaram pontilhões na área. “Com isso só nos restou negociar uma outra área  para os Clubes.  E pela nossa proposta caberia a Codern construir os nossos galpões. “Perderemos o local tradicional e histórico onde estamos desde que os clubes foram fundados em 1915, a localização,  com toda infraestrutura por um espaço que não sabemos as condições”..

Aproveitamento

Sobre a ausência de uma política pública para o Rio, Macedo faz uma comparação desanimadora: “ Na Europa qualquer massa de água é aproveitada em sua totalidade para todos os fins. Aqui, uma cidade turística, não há o aproveitamento adequado da potencialidade desse patrimônio”, desabafa.

Macêdo ressalta que o rio deveria contemplar todos os esportes náuticos: Remo, Vela Caiaque, Sandboard,Kitesurf, Mergulho. “A natação começou aqui muito antes de ser realizada no oceano”, relembra.  No caso do Remo, o dirigente  observa um futuro nebuloso:

“Antes achávamos que as coisas iriam melhorar aqui no Brasil, principalmente pela proximidade da realização das Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. Mas falta apoio e incentivo para o remo aqui no Rio Grande do Norte. E agora se não conseguirmos nos relocarmos será o amargo fim de quase cem anos de história”, finaliza.

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