Projeto Metrópole Digital pode ser inviabilizado em Natal

6 de junho de 2012

O Projeto Metrópole Digital corre o risco de ser inviabilizado na capital potiguar, porque a Prefeitura do Natal não cumpriu seu papel no convênio firmado com a UFRN. Pelo documento, a UFRN deve investir R$ 474 mil na instalação da rede de internet e equipamentos, enquanto a Prefeitura deveria entrar com as instalações físicas e o custo com um funcionário, por sala.  Um ano depois da assinatura em maio de 2011 e  equipamentos comprados, entretanto, a Secretaria Municipal de Educação não viabilizou os locais. Com isso, estudantes da rede municipal de ensino poderão  perder a oportunidade de participar do projeto de inclusão digital, ensino e pesquisa. O convênio visa a instalação de  oito telecentros, dentro do programa Metrópole Digital, que devem atender em média cerca de 320 alunos por mês.

Em abril, a reitoria da UFRN notificou a secretaria e deu prazo para que, em 30 dias – vencidos no último dia 15 de maio – fossem repassadas as informações. A direção do projeto ainda aguarda um posicionamento da Secretaria Municipal de Educação antes de suspender o acordo. “Estamos aguardando um retorno, mas o convênio pode ser desfeito e os equipamentos realocados para outras prefeituras, que já manifestaram interesse em participar da rede”, disse. A prefeitura precisa fazer adequações simples, como colocar grades nas janelas, forro, instalar de pontos para internet e telefone, aparelhos ar condicionado.

Diretor do Instituto Metrópole Digital, Ivonildo Rego, destaca a importância do projeto para o Estado. (Foto: Adriano Abreu)

Diferente dos telecentros criados pela Prefeitura, estes funcionariam como braços do projeto Metrópole Digital, que reúne hoje 1,2 mil alunos de ensino médio em cursos de formação de informática. Os telecentros buscam dar suporte as aulas dos alunos do projeto, como também oferecer à comunidade cursos técnicos de capacitação profissional em informática, e acesso gratuito à internet. Além de inserção no mercado de trabalho, pontua Rêgo, “há toda uma preocupação e formação para levar este conhecimento que é  transversal e presente no cotidiano da sociedade”, disse o diretor. Os telecentros fazem parte do projeto de cobertura de transmissão sem fio da Rede Metrópole Digital.

Além dos cursos presenciais e telecursos, os espaços servem  como  estrutura de rede de banda larga que permite o acesso à internet, não apenas a partir dos equipamentos instalados, como também a navegação por smartphones e notebooks na área de entorno. A ideia é construir uma rede de antenas para transmissão em wifi (sem fio) na cidade. “A Rede Metrópole Digital, de que os telecentros fazem parte,  pretende ligar todas as unidades, trazendo importantes benefícios para a população do Estado que passa a ter acesso gratuito e de qualidade”, afirma Ivonildo Rêgo,

Em todo o Estado, os índices de computadores e acesso à internet nas residências, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estão nas duas últimas posições, entre os bens duráveis pesquisados. Os dois itens apresentaram respectivamente 25,40% (228.502 domicílios) e 19,88% (178.906) no universo de pouco mais de 899 mil domicílios encontrados em solo potiguar.

O professor e ex-diretor do Metrópole Digital Adrião Duarte lembra que com as salas de telecentros a ampliação de cobertura do programa e a formação de estudantes. “O prejuízo é, que se não for viabilizado, os alunos não terão esses serviços adicionais e as comunidades ficam sem esse acessoa internet e conhecimento”, afirma.

Procurado por telefone, o secretário de educação Walter Fonseca disse desconhecer  notificação e que qualquer informação  sobre o convênio seria repassada nesta quarta-feira. Os  espaços seriam instalados em Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis), escolas e tributos à crianças. Em três deles, segundo informações do Departamento de engenharia da SME, as adequações já foram finalizadas, nas demais a previsão é o final de julho. Além de Natal, a Prefeitura de São José de Mipibu também não cumpriu o acordo.

Projeto foi implantado no RN em 2009

Iniciado em 2009,  o Metrópole Digital alia formação de recursos humanos, pesquisa e empresas incubadas. A ideia é criar uma espécie de pólo industrial no Rio Grande do Norte na área de tecnologia da informação. Para isso, há um curso de formação técnica para programadores e profissionais habilitados para trabalhar com a produção de placas eletrônicas – como as que vemos em computadores.

O projeto congrega ainda dois prédios, um voltado para a parte de software (programação)  e outro para hardware (confecção de placas). Ainda há um forte viés de incentivo à formação de novas empresas. Com financiamento do Ministério da Ciência e Tecnologia, o Projeto formou no ano passado 407 alunos de ensino médio entre 15 e 18 anos, somente na primeira turma.

O  principal plano, explica o diretor do Instituto Metrópole Digital, Ivonildo Rego, é ampliar a linha de atuação e promover o desenvolvimento de um pólo tecnológico no Rio Grande do Norte. “É um projeto de grande importância e abrangência que concilia ensino, inclusão digital e pesquisa”, afirma.

O Metrópole Digital aproveita todo o potencial que a universidade tem na área de informática e busca integrar esse potencial para gerar no estado, um polo tecnológico, que segundo Ivonildo Rego, demanda sobretudo conhecimento.

A formação é iniciada com alunos que ainda estão na vida escolar, prospectando futuros profissionais para o setor. “A proposta é descobrir talentos e forma-los”, disse. O Metrópole Digital, começa na base com a formação de jovens, tem produção de conhecimento na parte de pesquisa e  inovação, que gera as empresas. “Buscamos aproveitar toda uma competência que a universidade construiu ao longo do tempo, agora associando com outras instituições”.

Para ingressar, os interessados devem ter idade entre 15 e 18 anos, estar cursando o ensino médio e se submeter a um processo seletivo, realizado das vezes ao ano.

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