A Comissão Executiva Nacional do PT oficializou ontem à noite, durante reunião em São Paulo, a determinação para que o partido apoie, em Mossoró, a candidata da deputada estadual Larissa Rosado (PSB) à Prefeitura. Com a resolução aprovada, o PT local vai sofrer uma intervenção, se insistir com a candidatura própria à sucessão da prefeita Fafá Rosado.

Os petistas que integram a Executiva nacional foram convocados para discutir os problemas nas cidades onde havia conflitos da cúpula com os dirigentes locais. O imbróglio foi provocado porque o PSB exigia o apoio do PT em Mossoró (RN), Duque de  Caxias (RJ) e Recife (PE), para garantir a reciprocidade em São Paulo, onde os petistas disputam a Prefeitura com a candidatura do ex-ministro da Educação Fernando Haddad.

Com isso, caciques do PT, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trabalham para que a legenda apoie nomes do PSB nestas três cidades. Ontem, a Executiva do partido deu a palavra final.

Presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão comanda reunião da executiva nacional. (Foto: Evelson de Freitas)

Os dirigentes aprovaram uma resolução na qual afirmam que vão “propor o apoio do PT à candidatura do PSB na cidade de Mossoró/RN”. Além disso, destacam que a legenda vai apresentar um candidato a vice-prefeito para compor a chapa majoritária. Haverá também uma articulação para que petistas e pessebistas estejam coligados na disputa por vagas na Câmara Municipal.

A candidatura própria do PT em Mossoró foi definida em um encontro municipal da legenda no dia 18 de março. Na ocasião, a maioria dos filiados à sigla escolherem o reitor da Ufersa, Josivan Barbosa, para concorrer à sucessão da prefeita Fafá Rosado.

Havia uma ala do partido que preferia o apoio à candidata do PSB, Larissa Rosado. mas a tese da candidatura própria venceu com 162 votos a favor. Foram 157 votos contra. Ontem, a Executiva nacional derrubou a decisão do encontro local.

Executiva nacional define data para novas prévias em Recife

A Executiva Nacional do PT recomendou que os pré-candidatos do partido à prefeitura do Recife, deputado federal e secretário licenciado do governo Eduardo Campos Maurício Rands e o atual prefeito João da Costa, busquem um acordo até o dia 3 de junho, data em que está prevista as novas prévias da sigla naquela cidade, e caso não seja possível, que disputem a eleição interna a ser coordenada pela Comissão Executiva Nacional da sigla. Em nota divulgada ontem, a Executiva pede que eles acatem o resultado das prévias e apoiem o vencedor. “Foi feito um apelo para que procurássemos descansar os espíritos”, contou Rands. E emendou: “O importante é que o processo seja feito num ambiente de respeito, sem questionamentos judiciais.”

De acordo com os dirigentes petistas, o processo de disputa interna realizado no último domingo (20) não foi caracterizado como fraudulento, como havia sido alertado por integrantes da sigla. Segundo a nota, “registraram-se algumas falhas”, o que foi comemorado pelo prefeito João da Costa, que venceu essa primeira disputa interna por 533 votos de vantagem. “Espero que isso seja um aceno para que a gente tenha condições de conversar”, disse Costa, numa referência às conversas que pretende ma nter com Rands até as prévias de 3 de junho.

Na nota divulgada pelo PT, os dirigentes afirmam que as prévias “foram marcadas por nítida indefinição a respeito do colégio eleitoral efetivo” e que o processo foi marcado “por divergências e entendimento entre as partes e a busca de uma solução judicial”, o que é entendido pelo partido como contrário à tradição interna do PT. A nota destaca ainda que houve inobservância da resolução do Diretório Nacional sobre o sistema de votação. A votação sobre a anulação da eleição interna do último domingo, dez votaram pela anulação e três pela manutenção do resultado. Segundo dirigentes do partido, devem participar das novas prévias 20,131 mil filiados mais os militantes com pagamento comprovado até 5 de maio.

João da Costa negou que o processo de negociação com o PSB do governador Eduardo Campos tenha influenciado na decisão do PT anular as prévias, pois Campos estaria disposto a apoiar Maurício Rands, que foi seu secretário. “Não tem nenhuma interferência externa ao partido”, ressaltou o atual prefeito.

Resolução da Comissão Executiva Nacional do PT – Mossoró (RN)

Leia a íntegra do documento aprovado ontem pelos membros da CEN para Mossoró:

A Comissão Executiva Nacional, reunida em São Paulo no dia 24 de maio de 2012, decide:

1) Propor o apoio do PT à candidatura do PSB na cidade de Mossoró/RN;

2) Apresentar um(a) candidato(a) a vice-prefeito(a) para compor a chapa majoritária;

3) Propor a composição com o PSB na chapa de vereadores(as);

4) Abrir o debate sobre a definição do programa de governo, da coordenação e linha de campanha e da futura composição da administração municipal;

5) Abrir o debate com a direção do PSB no Rio Grande do Norte para compor chapas encabeçadas pelo PT em outras cidades do Estado.

São Paulo, 24 de maio de 2012. Comissão Executiva Nacional do PT

Deu no Novo Jornal

A direção nacional  do PT vetou ontem a candidatura de Josivam Barbosa à prefeitura de Mossoró e determinou que o diretório local da sigla apoie a candidata do PSB, deputada Larissa Rosado. A decisão foi tomada para agradar ao partido do pernambucano Eduardo Campos, o PSB, que o PT está tentando atrair para apoiar a candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo.

À noite, após a reunião, o partido publicou na íntegra a resolução da Comissão Executiva Nacional aprovada com relação ao PT de Mossoró. Foi aprovado “propor o apoio do PT à candidatura do PSB na cidade de Mossoró/RN; apresentar um(a) candidato(a) a vice-prefeito(a) para compor a chapa majoritária; e propor a composição com o PSB na chapa de vereadores(as)”.

O professor Josivan Barbosa foi procurado pela reportagem do NOVO JORNAL mas não atendeu às ligações telefônicas. O presidente do diretório do PT de Mossoró, Rômulo Arnor, também não atendeu às chamadas.

Porém, o ex-diretor da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto, integrante do diretório do Mossoró, disse que deixará de participar do diretório, pois “triste do poder que não pode”. Ele se refere ao fato do diretório ter optado por lançar a candidatura própria, nas prévias realizadas no dia 19 de março e não poder efetivá-la.

“Triste do poder que não pode. Vou permanecer no diretório para que? Só para assinar os papéis representando as decisões da Executiva Nacional?”, questiona decepcionado.

Neto disse que, pouco antes de falar com o NOVO JORNAL, conversou com Josivan Barbosa.  Segundo ele, o professor disse que não será o vice de Larissa Rosado e “não fará campanha para quem lutou contra a sua candidatura”.

Na semana passada, Crispiniano Neto disse que vai reeditar o “voto camarão”, criado nas eleições de 1982 pelo avô de Larissa, Vingt Rosado. Ou seja, descarta o voto para o cargo principal, neste caso, o de prefeito, para votar apenas nos vereadores do PT. “Não vou fazer campanha pelo voto camarão, mas também ninguém pode ser obrigado a votar em quem não quer”, justificou.

Ele também disse que não irá apoiar a “postura açodada” de Sandra Rosado, mãe de Larissa, de “forçar”, junto a Eduardo Campos a oposição com o PSB.

Outro expoente do PT no RN, o deputado estadual Fernando Mineiro, falou que a decisão da Executiva Nacional  é “politicamente equivocada”, mas ele acredita que a resignação é o único caminho. “Não gostei da decisão, mas não há mais nada a ser feito. A direção nacional decidiu, tá decido. E o partido terá de seguir a decisão”, afirmou. O jornal procurou a deputada federal Fátima Bezerra, mas ele não atendeu às ligações.

Pela resolução referente a Mossoró, também ficou acertado que o PT tem de participar do debate “sobre a definição do programa de governo, da coordenação e linha de campanha e da futura composição da administração municipal”; e que a aliança do PT e do PSB deve ser avaliada para outras cidades do Rio Grande do Norte. Em Natal, isso só ocorrerá caso o PT abra mão da candidatura do deputado estadual Fernando Mineiro para apoiar a do ex-prefeito Carlos Eduardo, que ontem recebeu o apoio do PSB. Ou, caso o PDT e PSB resolvam compor com o PT negociando quem será o cabeça de chapa. Mesmo inelegível, Carlos Eduardo já deixou claro que não abre mão da candidatura. E Wilma de Faria não deve retroceder no apoio anunciado