Rio Grande do Norte será referência no cultivo de ostras até 2016

15 de dezembro de 2014

Saiu no portal No Ar:

Em dois anos, o Rio Grande do Norte deve elevar a curva de produção de ostras nativas em cativeiro e se tornar o principal fornecedor de sementes da espécie brasiliana (popularmente conhecida como ostra de mangue) para os estados nordestinos. A meta é chegar a 2016 produzindo 180 milhões de sementes por ano. Esse banco visa abastecer áreas produtoras na região, principalmente em Alagoas, Paraíba e Sergipe, além do RN. A produção de ostra no litoral potiguar apresentava-se em declínio devido à atividade extrativista da espécie nos estuários, mas foram identificadas pelo menos 13 áreas com potencial real para alavancar o cultivo do molusco em cativeiro.

Os esforços para tornar o estado uma referência na área de ostreicultura fazem parte dos objetivos do AquiNordeste, um projeto estruturante desenvolvido pelo Sebrae que, desde o ano passado, tem traçado um panorama da aquicultura em todos os estados da região e apresentado tecnologias e inovações para a aumentar a produtividade de espécies aquáticas.

Apesar de também atuar com tilápias e tambaquis, o foco do projeto no Rio Grande do Norte é o desenvolvimento da cadeia produtiva da ostra. Isso porque o RN reúne as condições naturais favoráveis à atividade, como sol forte, alta salinidade e vastos manguezais, com maré rica em microorganismos e partículas orgânicas.

A meta é produzir pelo menos 180 milhões de sementes de ostras por ano. (Foto: Moraes Neto)

A meta é produzir pelo menos 180 milhões de sementes de ostras por ano. (Foto: Moraes Neto)

As áreas com potencial para desenvolvimento da ostreicultura estão localizadas em comunidades dos municípios de Baía Formosa, Diogo Lopes, Guamaré, Macau, Porto do Mangue e Tibau do Sul. Nessas localidades, encontram-se grupos que já cultivam o molusco e que podem aumentar a produtividade. Para isso, no entanto, o principal desafio é obter a matéria-prima para a produção. A escassez de sementes é apontada como principal causa na redução da oferta de ostra no mercado e abandono do cultivo por parte dos aquicultores.

E é justamente esse gargalo que as ações do AquiNordeste atacam. Parceiro do projeto, o laboratório Primar, instalado em Tibau do Sul (a cerca de 72 quilômetros de Natal), vai fornecer as sementes para produção das ostras. O laboratório ficará encarregado de reproduzir as sementes apontadas pelos estudos como as mais viáveis para a comercialização. Além disso, serão verificados os melhores tipos de ração e de alevinos. A expectativa é de gerar pelo menos 40 milhões de sementes em 2015 e, até o ano seguinte, esse volume saltar para 180 milhões por ano.

Mercado consumidor
“O Rio Grande do Norte será uma referência na ostreicultura porque estamos trabalhando com foco no que é necessário para se produzir ostra sem extrativismo. Como não é fácil coletar sementes na natureza, estamos em parceria com esse laboratório para fornecer essas sementes para engorda, gerando assim um ciclo. Quando se tem material para fornecer aos produtores, tem-se produto para abastecer o mercado”, reforça a gestora nacional do AquiNordeste, Newman Costa, que veio a Natal esta semana participar de uma capacitação para criadores de tilápia dentro das ações do projeto.

Amostras de sementes de ostras tanto do Rio Grande do Grande quanto dos demais estados estão sendo analisadas em Sergipe, que definirá o padrão genético mais compatível para a região. Estão sendo identificadas as melhores espécies para fins de melhoramento genético, aumento de competitividade no setor e a redução de potenciais impactos ambientais dessa cadeia produtiva. Em Alagoas, pesquisadores estão se dedicando à identificação de possíveis doenças que podem atingir as espécies e aos estudos de rastreabilidade do material. Tudo isso de forma integrada com todos os estados participantes do projeto.

As ações vão garantir perspectivas promissoras para quem integra essa cadeia produtiva como é o caso de Antônio Fonseca, de 56 anos, que decidiu substituir a pesca artesanal pelo cultivo de ostras na comunidade de Canto do Amaro, em Guamaré (distante 176 quilômetros da capital potiguar), há três anos. “Com esse trabalho, espero ter um futuro melhor”, anima-se.

De acordo com gestor do projeto AquiNordeste no Sebrae-RN, Marcelo Medeiros, outra frente de atuação é a resgate dos estoques naturais de sementes. Coletores foram implantados nos principais estuários com intuito de colher sementes de espécies nativas, acompanhar o desenvolvimento até o que os moluscos atinjam entre 8 e 10 milímetros e só então implantá-los em viveiros. Com isso, recuperam-se os bancos naturais de ostras do estado.

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