Notícia publicada na Tribuna do Norte:
O camarão potiguar, que havia sumido da pauta de exportações do estado em 2012, voltou a ser comercializado no exterior. Os primeiros contêineres já estão nos portos do Nordeste e zarpam para a Europa, principal consumidor, ainda em agosto. O Rio Grande do Norte está entre os maiores produtores do país e já liderou as exportações no Brasil entre 2003 e 2004.
A expectativa, segundo a Associação Norte-Rio-Grandense dos Criadores de Camarão, é que o RN exporte metade da produção nos próximos 12 meses. A produção estimada para este ano é de 14 mil toneladas.
O estado, segundo dados da Associação, já chegou a exportar 95% de todo camarão produzido, mas redirecionou a produção para o mercado nacional diante da valorização do real frente ao dólar nos últimos anos. Em 2012, todo o camarão produzido pelo RN foi vendido no Brasil.
O cenário, observa Itamar Rocha, empresário do ramo e presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão, é outro agora. O dólar voltou a subir – e atingiu a maior cotação dos últimos quatro anos em junho – e a oferta mundial de camarão caiu.
Crescimento
A queda na produção em países como China, Tailândia e Vietnã, principais produtores mundiais – todos atingidos pela Síndrome de Mortalidade Súbita dos camarões – abriu caminho para os produtores potiguares, que esperam ampliar em 50% o volume produzido nos próximos 12 meses.
Sérgio Lima, CEO da Potiporã Aquicultura – empresa do Grupo Queiroz Galvão – prevê um salto na produção, de olho no mercado que se abre. “Em 2012, produzimos 3 mil toneladas. Este ano, devemos produzir cerca de 6,5 mil toneladas. A ideia é aumentar ainda mais esse volume nos próximos 12 meses, ultrapassando as 7 mil toneladas” – recorde desde que a empresa foi criada.
A Potiporã, revela o CEO da empresa, está investindo pesado – o investimento não foi divulgado – para atender os novos clientes. “Já recebemos pedidos da China e até da Rússia. Antes exportávamos só para a Europa”, relata.
Em 2013, a empresa espera exportar 90 toneladas. Boa parte do camarão irá para a França, que desponta como um dos principais compradores. “Estamos aproveitando essa oportunidade. Não havíamos planejado isso”, admitiu.
Outras empresas potiguares também aproveitarão essa chance. A TRÊSM é uma delas. O empresário Orígenes Monte, que é diretor da empresa, presidente da Associação Norte-Rio-Grandense dos Criadores de Camarão e conselheiro da Associação Brasileira, está investindo R$ 1 milhão na construção de mais ‘berçários’ para abrigar larvas de camarão. Orígenes espera, com isso, aumentar em quase 50% a produção, passando inicialmente de 420 toneladas por ano para 600.
Parte do excedente será comercializado na Europa. “Tudo o que produzi este mês já foi comprado pelos estados no Sul e Sudeste. Começo a exportar para outros países em setembro. Já cheguei a exportar até 90% de minha produção anos atrás. Voltei a receber pedidos com certa insistência este ano”, afirma.
O preço internacional do camarão também pesou na decisão de Orígenes e de outros criadores potiguares.
O quilo de camarão (de 11 gramas), que antes era comercializado a 3 dólares (R$ 6,82, considerando a cotação do último dia 9), hoje é vendido por até 6,40 dólares (R$ 14,55, considerando a cotação do último dia 9) fora do país. No Brasil, ainda é vendido a R$ 11. “Passei quase sete anos sem vender para outros países. Está na hora de voltar”.
No Rio Grande do Norte, pelo menos quatro empresas do setor se preparam para as primeiras exportações, após dois anos longe do comércio exterior.
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