Deu no caderno Natal da Tribuna do Norte:
“Tem massa de mandioca, batata assada, tem ovo cru. ( ) Tem cesto, balaio, corda. Tamanco, gréia, tem cuêi-tatu, Tem louiça, tem ferro véio, sorvete de raspa que faz jaú, Gelada, cardo de cana, fruta de paima e mandacaru. Bunecos de Vitalino,que são cunhecidos inté no Sul (…)”.
A música de Luiz Gonzaga fala sobre a famosa Feira de Caruaru, em Pernambuco, mas pode ser usada para definir o comércio informal do Alecrim e do Centro de Natal porque de tudo que há no mundo também existe por aqui. Para se ter uma ideia desse universo, somente na capital existem 2.844 comerciantes informais que movimentam por mês, cerca de R$ 2,1 milhões.
São homens e mulheres que ‘se viram nos 30’ para conseguir sobreviver. É o caso de Gilvaneide Freire de Assis, que há 20 anos trabalha no comércio informal. Pela manhã ela vende salgados e sucos, a tarde ela trabalha como manicure atendendo às vendedoras e clientes do Alecrim. E entre um horário e outro ela ainda arruma um tempinho para vender CDs e DVDs.
Engana-se quem imagina que ela gostaria de mudar de emprego. “Já me ofereceram trabalho em salão de beleza e em loja de roupa, mas eu não quis. Não quero sair nunca do Alecrim”, diz Gilvaneide.
Enquanto conversava com a reportagem da TRIBUNA DO NORTE, Gilvaneide fazia as unhas de Glória Fernandes de Oliveira, que há quatro anos tem uma banca de roupas no Alecrim. Ela disse que gosta de trabalhar no bairro, o problema é a falta de estrutura para o comerciantes informais.
“Não tem estrutura nenhuma nem para gente que trabalha, nem para o povo que vem comprar. E isso espanta os clientes, né? Mas eu acho que se os políticos prestassem mais atenção ao Alecrim tudo seria diferente, todo mundo vinha para o Alecrim porque aqui tem tudo”, conta Glória.
Se a infraestrutura é pouca, a criatividade tem que ser grande para driblar as adversidades. Vale até improvisar um provador no meio da barraca montada na calçada de um dos cruzamentos mais movimentados de Natal (avenida 1 com a avenida 9).
Foi o que fez Lucineide Xavier, que há 12 anos trabalha no Alecrim. A ideia surgiu depois das reclamações das clientes que queriam comprar as roupas, mas não tinham onde experimentá-las.
“O jeito foi improvisar o provador para não perder as clientes. Elas escolhem a mercadoria, experimentam a roupa e eu fico aqui fora com o espelho para aprovarem o ‘modelito’ escolhido”, diz Lucineide.
Todos os dias ela gasta cerca de duas horas para montar a barraca, o provador e organizar as mercadorias.
O senhor Antônio Silva, 51 anos, é testemunha do descaso com que é tratado o maior centro comercial de Natal. Há mais de 20 anos ele vende frutas pelas ruas do bairro e fatura uma média de R$250,00 por semana. Segundo ele, antigamente, os ambulantes podiam trabalhar tranquilamente.
Hoje os fiscais vem aqui e coloca a gente para correr. Não respeitam nem a minha idade. Agora promessa a gente escuta sempre”, reclama sr. Antônio.
Esse medo dos fiscais faz parte da vida de muitos ambulantes. Alguns não foram receptivos com equipe reportagem da TRIBUNA DO NORTE. Eles alegam que a imprensa os colocam na mira da fiscalização.
“Quando vocês mostram a gente nos jornais, a prefeitura manda os fiscais no outro dia para tentar tirar a gente daqui. A gente só quer trabalhar em paz”, disse um ambulante que não quis se identificar.
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