Hospital da Grande Natal interdita leitos por problemas na infraestrutura

28 de setembro de 2012

Deu no portal G1 RN:

A decretação de estado de calamidade pública na Saúde do Rio Grande do Nortepouco mudou, até hoje, a realidade de alguns hospitais estaduais. Enquanto pacientes encaminhados de diversas cidades do interior potiguar ocupam os corredores do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal, hospitais regionais como o de São José de Mipibu, por exemplo, interditaram leitos por falta de infraestrutura adequada e também pela carência de mão de obra humana.

Enfermarias estão vazias no Hospital Regional Monsenhor Antônio Barros, em São José de Mipibu, por problemas de infiltração, acúmulo de mofo nas paredes e falta de médicos (Foto: Ricardo Araújo/G1)

Dos 50 leitos da unidade de média complexidade situada em São José de Mipibu, cidade localizada às margens da BR-101 Sul, pelo menos 12 deles estão indisponíveis para recebimento de pacientes. A escala dos plantões do pronto-socorro pediátrico e adulto é fechada com médicos e enfermeiros cedidos pela Prefeitura Municipal. Já os partos, são realizados numa maternidade filantrópica sediada no Município e, os casos mais complexos, são encaminhados para Natal.

Das três enfermarias pediátricas, somente uma com cinco leitos está em funcionamento. Uma delas está fechada pois os equipamentos estão quebrados e sem possibilidade de uso. As crianças em estado mais grave são encaminhadas para hospitais como o Maria Alice Fernandes, na Zona Norte de Natal, e também para o Walfredo Gurgel, na Zona Sul da capital. “O atendimento pediátrico está funcionando à base do improviso”, confirmou o diretor administrativo da unidade, Carlos Magno Dantas. Na sala de observação da Pediatria, não há banheiro, o que seria suficiente para que o local fosse interditado pelos órgãos da Vigilância Sanitária.

Déficit de pessoal

Conforme dados levantados por Carlos Magno Dantas, a escala de profissionais deveria ser ampliada em 5 clínicos gerais, 2 pediatras, 15 técnicos de enfermagem, 1 farmacêutico, 1 bioquímico, 2 nutricionistas, além de porteiros, maqueiros, cozinheiros e auxiliares de serviços gerais. “Se fossem transferidos pacientes do Hospital Walfredo Gurgel, não teríamos condições de recebê-los por causa da falta de recursos humanos para o atendimento”, ressaltou Carlos Magno.

Paciente cardiopata não recebe visita regular do especialista (Foto: Ricardo Araújo/G1)

A falta de médicos na escala é comprovada pelos pacientes internados no Hospital Regional de São José de Mipibu. A idosa Maria Santana Rocha é cardiopata e precisa de atendimento médico especializado. “Aqui não tem cardiologista na escala de plantão e nós temos que ir para outra unidade de saúde. Mas minha mãe não tem condições nem de andar. É muito complicado”, lamentou Adriana Maria da Rocha, filha de Maria Santana.

Além da falta de profissionais da área da saúde, o hospital enfrenta dificuldades em relação ao abastecimento. De uma listagem encaminhada à Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) no início desta semana solicitando 10 itens para a Farmácia, a Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat), só atendeu dois produtos. “Não dispomos dos medicamentos específicos para determinados tratamentos”, ressaltou Carlos Magno. Ele afirmou que o abastecimento de medicamentos e insumos da unidade melhorou nos últimos dias. Entretanto, há cerca de 15 dias, faltaram drogas como paracetamol e plazil, por exemplo.

Problemas na infraestrutura

As dificuldades enfrentadas no Hospital Regional de São José de Mipibu vão além da falta de médicos ou insumos nas farmácia da unidade. Uma breve circulação pelos corredores do complexo hospitalar é suficiente para que se comprove a ausência de preservação com o patrimônio público. Faltam desde lâmpadas nas calhas de iluminação, até chuveiros no banheiro da única enfermaria pediátrica em funcionamento.

Raios-X feitos no Hospital de São José de Mipibu são secados manualmente. (Foto: Ricardo Araújo/G1)

“A previsão é de que a reforma comece em outubro”, resumiu o diretor administrativo Carlos Magno Dantas. Entretanto, não há previsão de reforma no hospital conforme documento de enfrentamento à crise apresentado pelo Governo do Estado no dia da decretação do estado de calamidade pública na Saúde no dia 4 de julho passado.

Os problemas na infraestrutura são os principais responsáveis pela interdição das alas e a consequente impossibilidade de receber pacientes. Há lâmpadas queimadas, fios expostos, diversos pontos de infiltração em toda a unidade de saúde, macas e camas enferrujadas e até mesmo as válvulas de oxigênio e ar comprimido de um dos leitos da enfermaria clínica médico feminino estava vazando.

Na sala de Raio-X, um buraco se abriu no piso, na área na qual está posicionada a cama para procedimentos de radiografia. No setor de revelação das chapas, os técnicos de radiologia precisam secar o negativo com um secador de cabelos que a qualquer momento pode queimar.

Além disso, eles estão em contato direto com os produtos químicos pois na sala não há exaustor e o tanque de revelação está sem tampa.

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Pacientes em corredores de hospital no RN são transferidos, diz governo

Do G1 RN:

O hospital central Pedro Germano (hospital da Polícia Militar), em Natal, começou a receber na tarde desta quinta-feira (27), os primeiros pacientes que se encontravam nos corredores e enfermarias do Hospital Walfredo Gurgel (HWG). A unidade disponibilizou 30 leitos de retaguarda e cinco leitos de UTI para promover o atendimento de clínicas médicas, regulados pelo Samu no HWG.

De acordo com o Governo do Estado, o Hospital Militar dispõe de 46 leitos, prontos para serem utilizados. Trinta estão à disposição para regulação do Samu dentro do Plano de Enfretamento da Crise na Urgência e Emergência no RN e 16 serão destinados aos pacientes da Polícia Militar. O critério de escolha para transferência dos pacientes é clínico, feito por meio de uma triagem, coordenado pela equipe do Samu no Hospital Walfredo Gurgel.

“Vamos receber pacientes clínicos com problemas cardiológicos, pulmonares, hematológicos, problemas clínicos de modo geral, que terão seus tratamentos finalizados, dando continuidade aqui no HCPG”, explicou Cel. Kleber Cavalcanti, diretor geral do Hospital da Polícia Militar.

André Xavier, de 72 anos, esperava há 27 dias no Hospital Walfredo Gurgel por um procedimento cardiológico e segundo sua filha, Maria Leda Xavier, que acompanhava a transferência, eles estão otimistas com a mudança de hospital.

“Foi um esforço conjunto, diante da determinação da governadora Rosalba Ciarlini em solucionar o problema da Saúde no Estado. A partir do momento que foi solicitado esse apoio, com o aval do comandante geral da PM, coronel Francisco Araújo, e participação de toda a equipe que faz o hospital central Cel. Pedro Germano conseguimos disponibilizar esses 30 leitos”, disse o diretor geral do Hospital da PM, coronel Kleber Cavalcanti.

O diretor do hospital informou que o quadro funcional do hospital da PM está recebendo um reforço, principalmente na área de enfermagem e técnico de enfermagem. “Os policiais militares que tenham o curso técnico de enfermagem estão sendo selecionados para dar um reforço a equipe do Hospital Militar”, disse.

O hospital da PM  está em reforma, e as obras estão previstas para serem concluídas até o final do primeiro trimestre de 2013. A capacidade vai passar de 80 para 130 leitos, sendo 10 de UTIs adulta e 10 Neonatais; um centro cirúrgico, com sete salas de cirurgia, inclusive equipado para cirurgia traumatológica.

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