Notícia publicada na Tribuna do Norte:
Muriú é uma das praias que vêm sendo alvos do avanço do mar. Na última semana, o local recebeu pela primeira vez uma visita técnica de cientistas. Na manhã da quarta-feira passada, uma equipe da UFRN desembarcou na praia para começar um levantamento sistemático sobre a ação do mar naquela região. Além de Muriú, Pitangui, e Jacumã também contariam com a visita dos geólogos da instituição federal.
Segundo o professor Venerando Amaro, a situação é muito parecida do que acontece em Ponta Negra. Em Muriú, a Avenida Des. João Maria Furtado foi tomada pela ação da água marinha. Parte da via desabou. “É semelhante à Ponta Negra. Aqui, o que dá para ver de cara é que quem invadiu foi a cidade, e não o mar. Dá para ver que um aterro foi feito aqui em cima da praia. A água vai corroendo por baixo e sem sustentação a parte de cima desaba”, disse.
Na praia de Muriú, é visível o avanço das construções na área conhecida como “área de marinha”. (Foto: Junior Santos)
Em Muriú também foi feito um enrocamento, mas o paredão de pedras já não impede mais a ação do mar. Parte da estrutura também já veio abaixo. Segundo moradores, tudo aconteceu à seis meses, e desde então a paisagem no local continua com o retrato da derrota do homem diante da natureza.
Pela Lei 9.760 de 1946, que discorre sobre os terrenos de marinha, que compreendem uma faixa de 33 metros de terra a contar da preamar média de 1831 no sentido da costa. Nas regiões mais povoadas ou cobiçadas do litoral potiguar, seja pelas belezas naturais ou pelo potencial turístico, além do trecho de marinha não ser respeitado, os bancos de areia foram reduzidos em até 180 metros com o avanço do mar.
“Em menos de 10 anos, o mar já invadiu quase 200 metros na praia da Soledade, em Macau”, relata o professor Marcelo Chaves. Ele destaca, entretanto, que o avanço do mar é um processo lento e gradual que não ocorre do dia para a noite.
“Há inúmero pontos de erosão no RN que são pouco conhecidos”, alerta. A erosão costeira atinge hoje cerca de 57% das praias de todo o planeta e os custos para a recuperação dos trechos erodidos são bilionários. A União Europeia, por exemplo, gastou cerca de 3,2 bilhões de euros em 2003 na tentativa de recuperar as praias.
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